Proteger e ser protegido: uma fonte de felicidade

Proteger e ser protegido: uma fonte de felicidade
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 21 julho, 2020

Todos os seres humanos precisam contar com um ambiente que lhes ofereça proteção. O ser humano tem momentos de fragilidade e compreende, para além da razão, que precisa ser protegido. Trata-se de uma necessidade fundamental que está presente desde quando nascemos e que nos acompanha até a morte.

O desejo e a necessidade de ser protegido nem sempre têm a mesma intensidade. Obviamente, ambos se tornam mais fortes quando estamos em um estado de vulnerabilidade evidente. Quando ficamos doentes ou quando estamos em um ambiente desconhecido, por exemplo. Em suma, quando enfrentamos qualquer situação que envolva algum risco.

A necessidade fundamental de ser protegido também aumenta quando nosso estado emocional está frágil, embora não exista nenhum risco externo. Em momentos de insegurança, de desesperança ou de angústia, a necessidade de contar com pessoas e circunstâncias que nos fazem nos sentir protegidos aumenta. No fundo, todos nós sabemos disso. No entanto, realmente semeamos e fortalecemos essas presenças e esses laços de proteção nas nossas vidas?

“A verdade medida da justiça de um sistema é a quantidade de proteção que garante aos mais vulneráveis”.
-Aung San Suu Kyi-

A gênese do sentimento de proteção

Na verdade, uma coisa é ser protegido, outra é se sentir protegido. Às vezes ambas as realidades caminham lado a lado. Às vezes, não. Sentir-se protegido significa ter a certeza subjetiva de que se possui apoio para sair das situações nas quais a força própria não é suficiente. Ser protegido tem a ver com algo mais concreto. Refere-se à ativação desses apoios.

O “se sentir protegido” é um sentimento muito reconfortante. Nasce nos primeiros anos de nossa vida e depende em grande medida da nossa mãe, ou de quem a substitui. É nessas fases iniciais que é impressa em nós uma marca de proteção, ou uma ausência dela.

A presença da mãe ou de uma figura de referência que cuide de nós transmite uma sensação de onipotência nessas primeiras fases. É como se nada pudesse acontecer conosco. Claro que qualquer coisa pode acontecer, mas sentimos que não. A mesma coisa acontece ao contrário. Se o que existe é uma ausência dessa mãe, é como se todo o universo fosse ameaçador. A sensação, ou parte dela, fica gravada na maneira como nos relacionamos com os demais e com o mundo nos anos seguintes.

Mãe com seu filho bebê

Ser protegido: uma questão de vínculos

Quando alguém cresce com a sensação de ser protegido, aprende a confiar nos demais e em si mesmo. Uma consequência disso é que a pessoa consegue facilmente estabelecer vínculos íntimos e afetivos com os outros. Em contrapartida, se uma pessoa traz consigo a marca da desproteção, será muito mais difícil para ela vencer o medo de se envolver afetivamente com os outros.

A marca da desproteção também faz com que seja muito difícil encontrar um equilíbrio na forma de proteger os demais. Ou existe certa negligência nesse cuidado que podemos proporcionar ao outro ou, ainda, há ciúmes excessivo.

Da mesma forma, isso pode nos levar a criar uma armadura perante o mundoEssa armadura é uma substituição para a proteção que não foi recebida. Buscamos ambientes que não sejam ameaçadores e nos refugiamos ali, nos negando a sair. Um trabalho, um vício, um parceiro ou uma parceira… O que servir para não sentir essa sensação de estar em perigo. O preço, no entanto, é muito alto.

Casal abraçado

Rotinas e relações protetoras

Se carregamos esse peso da sensação de não termos sido suficientemente protegidos, isso não significa que não exista nada que se possa fazer. Pelo contrário: há muito a ser feito. A primeira coisa é nos tornarmos conscientes de que carregamos esse vazio e de que isso nos torna mais suscetíveis ao medo, à insegurança e à introversão. É preciso coragem para não se deixar consumir por isso, mas é possível.

É importante reconhecer a importância de criar vínculos protetores com os demais. Dar o que não se tem. Às vezes, somente se aprende quando se precisa ensinar. É isso que acontece com esse sentimento de ser protegido. Se você aprende a proteger os outros, é muito possível que o vazio pese menos. E também que você conquiste a reciprocidade dos demais.

Amigos na praia

Por isso, é preciso elaborar rotinas, formas de vida, que lhe permitam erradicar esse sentimento de exclusão que tantas vezes acompanha quem não foi suficientemente protegido. Fazer parte de um grupo estável também se transforma em uma via para aumentar seu sentimento de confiança perante o mundo.

Construir uma fortaleza ao redor de si mesmo e se isolar não é uma boa ideia. Não fará com que você se sinta mais seguro de si, nem vai proporcionar a felicidade de se sentir protegido. Pelo contrário. Seus medos e suas reservas só vão crescer. Por mais que dê medo, é preciso abrir as portas e deixar o sol entrar!


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