Psicologia da moda: a linguagem da sua roupa

Psicologia da moda: a linguagem da sua roupa
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Não é necessário ser um entusiasta da moda para perceber a importância da forma como nos vestimos para a maneira como os outros nos veem. A roupa pertence ao conjunto de elementos que nós analisamos quando, por exemplo, somos apresentados a alguém. A roupa que vestimos permite projetar a imagem de nós mesmos que queremos mostrar aos outros. Tudo isso é englobado pela psicologia da moda.

Mesmo quando essa não é a nossa intenção, a forma de se vestir pode dizer muito aos outros sobre nós. Além disso, pode ser que o que nós tentamos transmitir através da nossa roupa não seja o que os outros interpretem.

Vários estudos científicos e pesquisas psicológicas estudaram o verdadeiro impacto das escolhas de vestuário na forma como nos vemos e nos julgamos. Essas diferentes experiências tiveram resultados surpreendentes.

“As características específicas que tornam uma pessoa atraente dependem da moda da época, tanto na aparência física quanto mentalmente”.
– Erich Fromm, A Arte de Amar (1956) –

A moda não é só para as mulheres

A crença de que as mulheres são mais conscientes em relação à moda do que os homens está bastante difundida. No entanto, as pesquisas mostram que os homens são mais condicionados pela moda do que a maioria de nós imagina.

Solomon e Schopler (1982) demostraram que os homens são, com frequência, mais influenciados do que as mulheres com respeito ao seu modo de se vestir e a forma como eles são avaliados.

Além disso, independentemente de ser homem ou mulher, as escolhas de moda que você fizer podem afetar tanto a sua própria imagem e a impressão que você transmite aos outros, quanto o modo como as pessoas se comportam com você.

Homem experimentando terno

Neste sentido, um estudo descobriu que usar a cor vermelha na roupa esportiva pode aumentar a probabilidade de ganhar. Outra pesquisa pretendia saber em que medida a roupa de um candidato influencia as considerações de um entrevistador sobre as suas características de gestão e as decisões de contratar mulheres para os cargos de diretoria.

A masculinidade da roupa foi significativa ao prever a percepção de todas as características de gestão examinadas. Os candidatos foram considerados mais enérgicos e agressivos ao se vestirem com roupas “mais masculinas”. Os candidatos também receberam recomendações de contratação mais favoráveis ao usarem roupas mais masculinas.

Psicologia da Moda: o que a sua roupa diz sobre você

A roupa e a forma de se vestir nem sempre foram tão variados dentro de uma cultura, nem tiveram tanta influência. Os avanços técnicos que apareceram ao longo dos séculos são o que fez o vestuário se tornar importante.

No começo, o principal objetivo da roupa era nos manter aquecidos e secos, além de nos proteger do sol ou do pó. Era somente uma questão de sobrevivência. Pouco a pouco, ela foi adquirindo, também, uma utilidade prática para facilitar as tarefas cotidianas (vemos isso na inclusão de bolsos nas calças). Conforme os meios tecnológicos foram avançando, a roupa começou a deixar de ser tão importante em termos de sobrevivência e utilidade.

Atualmente, a roupa não só nos ajuda a sobreviver, mas facilita as nossas tarefas. Desse modo, é verdade que a roupa não deixou de ser uma ferramenta prática, mas também ganhou um significado em outros âmbitos. Vemos como uma determinada roupa ou determinadas marcas podem simbolizar um certo status, por exemplo.

Em muitas sociedades, o modo de se vestir representa a riqueza e o gosto pessoal. George Taylor demonstrou isso com o Índice Hemline (1926). Taylor indicou que, quando um país entra em recessão e adota hábitos de gastos austeros, as mulheres mostram uma preferência pelos vestidos mais compridos, enquanto em tempos de prosperidade a tendência é o contrário.

“É muitíssimo mais fácil ser boa quando as roupas estão na moda”.
– Lucy Montgomery, em Anne of Green Gables (1908)-

Uma segunda influência-chave em nosso modo de se vestir é o resultado de milhões de anos de desenvolvimento como espécie. Assim como acontece com muitos animais, o conceito de seleção do companheiro amoroso na psicologia evolucionista sugere que o nosso comportamento é determinado por nossos esforços para encontrar um companheiro e procriar.

A capacidade de selecionar uma vestimenta também nos oferece uma possibilidade: a de nos diferenciarmos, a de nos tornarmos mais atraentes para aquela pessoa que queremos como nosso companheiro amoroso. Pense, considerando as diferenças, em um pavão mostrando a sua plumagem oculta quando está tentando atrair uma fêmea para procriar.

Também podemos usar a roupa para nos misturar em uma multidão e esconder a nossa individualidade; por exemplo, ao nos vestirmos com um uniforme, ou adotarmos um estilo mais ou menos homogêneo em um determinado entorno.

Editorial de moda

As influências culturais na Psicologia da Moda

Muitas das descobertas na área de pesquisa da Psicologia da Moda e das escolhas de roupa estão sujeitas aos valores culturais da sociedade em que vivemos. As diferenças culturais são bastante importantes. Na verdade, não é em todas as culturas que percebemos as mesmas qualidades associadas, por exemplo, a uma determinada cor.

Também é preciso destacar que a superficialidade das escolhas das roupas raramente é o único fator, com respeito ao vestuário, que condiciona a imagem que nós fazemos dos outros ou que os outros fazem de nós. Dessa forma, não importa apenas a roupa, mas também como nós a vestimos ou a combinamos com outras peças.

“A moda está relacionada com duas coisas: a evolução e exatamente o contrário”.
– Karl Lagerfeld –


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