Psicologia e cinema: o que têm em comum?

O que a psicologia e o cinema têm em comum? Muito mais do que você imagina. Descubra a seguir.
Psicologia e cinema: o que têm em comum?
Francisco Pérez

Escrito e verificado por o psicólogo Francisco Pérez.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A psicologia e o cinema possuem muitos aspectos em comum. Esses enclaves de conexão entre ambas as disciplinas têm sido pouco explorados, mas o que a psicologia e o cinema compartilham exatamente? Talvez você tenha pensado que pode responder a essa pergunta com base em alguns dos muitos filmes que retratam distúrbios psicológicos, por exemplo.

A relação entre a psicologia e o cinema irá se estreitando gradualmente, assim como aconteceu, por exemplo, com a hipnose. Elas abrirão o caminho como disciplinas unidas. Assim como a hipnose, surgirá uma importante expansão e interesse em seu conhecimento.

Psicologia e cinema no século XIX

Tanto a psicologia quanto o cinema nasceram praticamente na mesma época, no final do século XIX. É óbvio que o estudo do ser humano é tão antigo quanto a própria história do pensamento. No entanto, há uma data-chave no nascimento da psicologia científica: 1879.

Foi em 1879 que Wilhem Wundt criou o primeiro laboratório de psicologia experimental. Há uma grande proximidade com outra data: em 28 de dezembro de 1895 os irmãos Lumière criaram uma série de imagens projetadas. Este marco é considerado a origem do cinema.

Assim, o final do século XIX e o início do século XX foram épocas de grande relevância, tanto para a psicologia quanto para a sétima arte. Em muitos filmes podemos ver diferentes teorias psicológicas, para não mencionar as emoções que podem gerar.

Além disso, o cinema também foi precursor de determinados comportamentos que foram objeto de estudo da psicologia. Isso porque, em suas atuações, os atores funcionam como modelos sociais, já que são admirados e seguidos por um grande número de pessoas.

As funções do psicólogo no mundo do cinema

As funções do psicólogo no mundo do cinema

Entrando nas potencialidades das quais se nutrem ambas as disciplinas, podemos destacar quais podem ser funções exercidas pelo psicólogo no mundo audiovisual. Vejamos.

  • Os psicólogos podem realizar estudos sobre o roteiro. Sua função seria a de orientar o comportamento em diferentes estilos de personalidade ou em diferentes psicopatologias. Dessa maneira, o psicólogo atuaria como um consultor especialista para mostrar uma realidade não distorcida e aproximá-la da sociedade sem magnificá-la ou mascará-la.
  • Outra função dos psicólogos no cinema seria a de orientar os atores. Orientar a atuação dos atores em relação a determinados quadros psicopatológicos poderia impedir os exageros. Isso contribuiria para a melhora das técnicas interpretativas.
  • Uma função muito importante é a de mediar a transmissão de valores. Os comportamentos que observamos geralmente nos levam a considerá-los dentro da normalidade e nos influenciam negativamente. Isso ocorre especialmente com os jovens, embora também com os adultos.
  • Tanto em séries de televisão quanto em alguns filmes ficamos surpresos com a normalização de comportamentos promíscuos ou violentos. No entanto, não são exibidas, com a devida atenção, as possíveis consequências de tais atos.
  • Como exemplo podemos citar as amostras repetidas de estratégias de enfrentamento baseadas no consumo de substâncias potencialmente viciantes por seu efeito sobre nosso circuito de recompensas. Estes são vistos pela população na telona, acarretando consequências difíceis de limitar.
  • O psicólogo, além disso, pode ser um bom crítico cinematográfico. A profissão que melhor entende o comportamento humano e seus distúrbios é a psicologia. Qualquer filme mostra comportamentos, atitudes, etc., que podem ser revisados e comentados por psicólogos especialistas neste assunto.

O cinema tem servido como uma promoção da profissão de psicólogo. Basta lembrar de Bruce Willis no filme O Sexto Sentido. No entanto, também tem contribuído para distorcer seu desempenho no trabalho. O cinema gerou muitos mitos e equívocos em relação às intervenções clínicas.

Quando o cinema mostra a profissão de psicólogo

De forma quase exclusiva, ao contrário do que acontece na maioria das consultas do nosso entorno, o cinema tem nos mostrado sessões de divã com psicanalistas. Esse viés a favor de uma forma de fazer psicologia, que na Europa poderíamos considerar como minoritária, não deixa de distorcer a imagem que boa parte da sociedade tem em relação ao procedimento clínico.

Há também inúmeros filmes em que atores e atrizes exerceram a função de psicoterapeutas. Na maioria deles, não se diferenciam as profissões de psiquiatra e psicólogo. Como vimos, as convergências entre psicologia e cinema são muitas e variadas, o que significa uma fonte de valor para ambas as disciplinas.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.