Quando amar à distância é uma escolha

Quando amar à distância é uma escolha

Última atualização: 23 abril, 2017

Existem muitas formas de entender o amor, muitas formas de amar e de sentir amado, mas algumas delas são julgadas negativamente pelos que não conseguem entendê-las. Uma destas formas peculiares de viver o amor é amar à distância por escolha própria. Não estamos falando daqueles casais que são obrigados pelas circunstâncias a viver separados, seja por questões de trabalho ou família, mas daqueles que, por escolha própria, decidem não viver sob o mesmo teto.

Amar à distância é, em resumo, ser um casal, mas sem viver como um casal. É como um namoro permanente em que parte da intimidade de poder viver juntos é rejeitada. As outras atividades da sua vida acontecem como com qualquer outro casal, mas a ideia de morar junto simplesmente não é uma opção desejada.

Esta forma de entender o amor é vista com assombro e reticência pelo resto da sociedade, especialmente por aqueles casais que, desejando este convívio, não têm a opção de mantê-lo. Não conseguem entender como é possível que seja um amor no qual existe uma explícita renúncia à intimidade que morar sob o mesmo teto traz. Imaginam que por trás da sua decisão existe um grande medo do compromisso.

O amor tem milhares de formas. Ele se adapta a cada casal como uma segunda pele. Por isso, o amor tem milhares de significados e maneiras de ser entendido, mas somente alguns fazem sentido, os que nós experimentamos.

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Amor à distância ou amor pretensioso?

Segundo a Teoria Triangular do Amor de Sternberg,  para que exista um amor maduro e completo precisam existir os três pilares fundamentais:

  1. A intimidade, que possibilita sentimentos que promovem a proximidade, o vínculo e a conexão no seio de um relacionamento. Dentro desta intimidade irá se produzir o conhecimento mútuo e se estabelece a confiança.
  2. A paixão que se reflete no intenso desejo de união com o outro.
  3. O compromisso, que tem a ver com a fidelidade para com as normas pactuadas pelo casal, tanto aquelas que foram pactuadas de forma explícita como aquelas que foram pactuadas de forma implícita. Este fator implicaria proteger o relacionamento, tanto nos bons quanto nos maus momentos.

No caso do amor à distância faltaria a intimidade, de modo que, segundo este autor, estaríamos diante do que é considerado como amor pretensioso. O amor pretensioso é aquele no qual a paixão é a que faz o relacionamento funcionar e mantém unido o casal. Nada além do gozo que se obtém do outro os une, e por isso se comprometem a passar o máximo de tempo possível juntos, mas sem chegar a se conhecerem, já que a intimidade não existe.

Considera-se amor pretensioso o amor que se sustenta com base na paixão e no compromisso, mas no qual não se desenvolveu uma intimidade que tenha criado a confiança. Neste sentido, cabe dizer que a intimidade é uma coisa que se constrói pouco a pouco no casal, e aparece de forma mais tardia do que outros elementos de união, como a paixão, que costumam aparecer desde o começo das relações.

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Amor à distância ou medo de sofrer?

De forma mais coloquial, costumamos comparar amar à distância ao medo de ter o coração partido. Como diz Fernando Alberca, o medo do compromisso aparece nas pessoas que ficam na fase da paixão e são incapazes de entrar na próxima etapa, que é a do amor. Isto acontece assim porque, para falar de amor, é preciso ter se mostrado vulnerável.

Abrir-se, mostrar a sua autenticidade, a sua essência para outra pessoa, implica se mostrar vulnerável diante dela. Por tanto, para estas pessoas que temem serem machucadas, evitar a intimidade na qual teriam que se mostrar vulneráveis é uma grande opção.

“Não amar por medo de sofrer é como não viver por medo de morrer.”
-Ernesto Mallo-

Além disso, amar à distância implica não conviver, de modo que se acontecer um término luto não será tão intenso, já que os laços estabelecidos não serão tão profundos. Isto é assim porque a residência não é um lugar qualquer, mas sim um refúgio próprio e seguro no qual se abrigar.

Contudo, por outro lado isso também impede que você ame em todos os níveis, com toda a sua alma e toda a sua pele. O medo de sofrer novamente, de ter o coração partido, irá impedi-lo de viver muitas partes do amor que você merece aproveitar. Pare de ter medo, arrisque-se e não ame com distância, mas sim com todo o seu coração.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.