Quando investigamos os ex-parceiros do nosso parceiro na Internet

Muitos são os que monitoram e até perseguem os próprios ex-namorados do seus parceiros. Eles ficam obcecados com sua aparência, como se vestem e o que fazem. Eles caem em comportamentos obsessivos que minam completamente sua autoestima e até mesmo o próprio relacionamento.
Quando investigamos os ex-parceiros do nosso parceiro na Internet
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 29 julho, 2022

A síndrome de Rebecca nos diz que há pessoas irracionalmente obcecadas pelos antigos amores da pessoa com quem se relacionam. De alguma forma, ao investigarmos os ex-namorados do nosso parceiro na internet, corremos o risco de levar à mesma doença, comportamento claramente insalubre e exaustivo.

A verdade é que não se fala o suficiente sobre esta realidade, embora com a presença das redes sociais seja cada vez mais frequente. Há pessoas que se criam perfis falsos só para seguir aquele homem ou mulher que, há pouco tempo, compartilhava a vida com o parceiro. Elas olham suas fotos, analisam sua aparência, seu modo de vida e seus comentários de forma diária e meticulosa.

Isso pode levá-las a uma série de situações muito específicas. A primeira é a insegurança no relacionamento. Muitos começam a se sentir em desvantagem: “Não sou tão atraente ou sofisticado quanto ele ou ela, então ele, ela certamente me deixará.” A segunda consequência é deixar o músculo da autoestima enfraquecer aos poucos.

Ciúmes, obsessões, medos… São realidades muito problemáticas das quais vale a pena falar.

Boa parte do assédio online é feito por pessoas que buscam saber coisas e monitorar os antigos relacionamentos de seu próprio parceiro.

Homem lendo sobre quando investigamos os ex-parceiros de nosso parceiro na Internet

Por que investigamos os ex-namorados de nosso parceiro?

Vigilância, perseguição ou espionagem de alguém nas redes sociais é chamada de stalkear. Esse neologismo define um comportamento que, em muitos casos, pode se tornar viciante. Além do mais, quando investigamos os ex-parceiros de nosso parceiro na Internet, podemos cair em um comportamento claramente obsessivo do qual é difícil sair. É serio.

Muitos grupos do Facebook falam sobre esse problema: não conseguir parar de monitorar os antigos relacionamentos da pessoa que amam. Se esse fenômeno aumentou na última década, não é por acaso. No momento, temos vários recursos para espionar alguém. Enquanto alguém tiver algum tipo de “impressão digital”, teremos acesso à vida dele.

Instagram, TikTok, Snapchat, Facebook, Twitter… Quase todos têm um perfil em uma dessas plataformas. E sem dúvida são ferramentas perfeitas para monitoramento. É muito fácil procurar a pessoa que você quer através de seu próprio nome ou através de relacionamentos com pessoas que você conhece.

Da curiosidade ao vício

Quando investigamos os ex-parceiros do nosso parceiro na Internet, fazemos isso a princípio por mera curiosidade. Como estão aqueles ou aquela pessoa com quem você esteve antes? Eles são atraentes? Que tipo de vida eles levam? O que eles fazem? Em seguida, damos uma olhada. Espreitamos apenas por um momento, discretamente. Como alguém que abre um pouco a cortina de uma janela.

No entanto, esse vislumbre fugaz às vezes se transforma em uma hora ao revisar fotos, comentários e informações anteriores. Abrimos a porta para a obsessão e não podemos mais fechá-la ou tirar essa pessoa da nossa mente. Ao iniciar este comportamento de espionagem, duas emoções muito específicas se misturam: estimulação e auto-aversão.

Quando alguém começa a stalkear o ex-namorado do parceiro nas redes sociais, experimenta a necessidade obsessiva de revisar aquele conteúdo diariamente e se odeia por ter esse comportamento.

Ciúme retroativo

A conduta de vigilância e assédio aos ex-namorados do parceiro atual é uma realidade psicológica de grande interesse na atualidade. Ainda é um fenômeno novo em face de uma nova circunstância. Novas tecnologias e redes sociais promovem novas patologias dignas de análise.

Foi a Ohio State University que conduziu um estudo em 2018 sobre este assunto. Assim, o que se vivencia em tais situações é o ciúme retroativo. Trata-se de um sentimento de ameaça, preocupação e aborrecimento para com os ex-namorados do parceiro, apesar de essa figura não interferir em nada na relação atual.

Por outro lado, a base desse ciúme encontra-se basicamente na comparação social e na incerteza relacional. Ou seja, de repente, o que vivenciam ao monitorar constantemente os antigos relacionamentos  é um sentimento de desvantagem. Sentem-se inferiores e isso desperta a ideia do medo do abandono (se ele deixou alguém como a ex-namorada, muito provavelmente ele também vai me deixar…).

investigar os ex-namorados

Como parar esse comportamento de vigilância?

Quando investigamos os ex-namorados de nosso parceiro, muitas vezes nos tornamos alguém de quem não gostamos. Existem muitas pessoas que não conseguem parar de fazer isso. E quanto mais elas fazem isso, mais elas se desprezam. Além do mais, podemos até ter comportamentos extremos.

Há quem venha a imitar o estilo de vestir do ex-namorado ou namorada, há quem passa horas stalkeando aquele homem ou aquela mulher, perdendo assim muitas horas do seu próprio tempo. O burnout é evidente e é muito fácil cair em um comportamento psicopatológico. Mas, o que pode ser feito nessas circunstâncias?

Vamos primeiro analisar como nos sentimos: com vergonha, ciúme, tristeza, raiva, sentimos ódio, preocupação e até obsessão… Por trás dessas emoções sempre há insegurança em si mesmo e uma nítida falta de autoestima. Essas duas dimensões podem romper nossa relação afetiva, aquela que, sem ter um problema real, nós mesmos estamos boicotando.

  • Devemos avaliar o fato de desinstalar nossas redes sociais por um tempo. Em vez de ficarmos na frente do celular, vamos orientar nossa mente para outras práticas, para novos hobbies.
  • Vamos dedicar um tempo de qualidade ao nosso parceiro, para cuidar dessa relação. No final das contas, se isso é o que mais nos interessa, vamos poder prová-lo. Vamos amadurecer, cuidar de nossa identidade e segurança em nós mesmos. Só assim construiremos um vínculo em que o ciúme ou o medo não se encaixem.

Por último, mas não menos importante, não descartamos a necessidade de recorrer a um profissional especializado. Se não podemos reduzir esse comportamento  é necessário recorrer à terapia psicológica para retomar o controle de nossas vidas.


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