As quatro nobres verdades do budismo

As quatro nobres verdades do budismo
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 06 novembro, 2018

As quatro nobres verdades do budismo expressam o caminho da transição para alcançar o nirvana. Entendê-las pode dar lugar a um período de iluminação que eventualmente acaba com o sofrimento e permite viver em um estado pleno de liberdade.

Entender e aplicar corretamente as quatro nobres verdades do budismo permite alcançar a paz integral do ser. O conhecimento adquirido com elas é, por definição, libertador em si mesmo pelo menos em algum nível.

Por sua vez, podemos dizer que elas configuram uma visão libertadora e fazem parte da história de Buda, que pessoalmente passou pela quatro instâncias para chegar até a iluminação.

Precisamente, as verdades adquiriram relevância na tradição Theravada do budismo, aquela que é considerada a escola mais antiga que essa doutrina espiritual possui. Vejamos mais a seguir.

Quais são as quatro nobres verdades do budismo?

As quatro nobres verdades do budismo podem ser resumidas da seguinte maneira:

Dukkah

Essa é a primeira verdade que a doutrina estabelece, e ela diz respeito ao fato de que toda existência, por si mesma, é insatisfatória. Ninguém pode escapar de viver com algum grau de sofrimento.

É como se fosse necessário sofrer às vezes para que o coração bata, pois até mesmo a pessoa com menos problemas eventualmente sofre. Nunca haverá uma felicidade constante e completa, já que o sofrimento costuma estar presente e nos ameaçar.

Se pararmos para pensar, a concepção de uma nova vida pode ser um momento de absoluto gozo, mas ela é, ao mesmo tempo que um começo, o princípio de um final. Desde o momento em que um novo ser nasce, ele já está condenado a perecer.

Então, Dukkah se refere a essa verdade do sofrimento: a maneira imperfeita de ver o mundo que nos rodeia, já que inclusive o amor em seu maior esplendor pode significar sofrimento. Inclusive, viver junto a seres amados pode significar aflição pelo medo da possibilidade de perder esses seres.

“Esta, oh monges, é a Nobre Verdade do Sofrimento. O nascimento é sofrimento, a velhice é sofrimento, a doença é sofrimento, a morte é sofrimento, associar-se com o indesejável é sofrimento, separar-se do desejável é sofrimento, não ter o que você quer é sofrimento”.
-Buda-

Samudaya

A segunda verdade considera que todo sofrimento provém do apego, da ignorância e do desejo. Tudo que se deseja gerará, em última instância, infelicidade ou insatisfação. O ser deseja e se apega a bens materiais e pessoas, mas, devido à finitude humana, cedo ou tarde isso vai causar dor.

Segundo esse postulado, as paixões humanas e as ações realizadas por vontade própria são a origem de todo o sofrimento. As paixões seriam justamente um estímulo muitíssimo poderoso para gerar comportamentos.

Para o budismo, todo padecer estaria ligado a ignorar que as ações levam ao sofrimento, além de fechar os olhos diante da impermanência e interdependência das coisas. No entanto, entender de onde vem a dor não só tem o poder de reduzir a insatisfação e o desprazer, mas também permitiria abandonar o sofrimento.

“Esta é, oh monge, a nobre verdade sobre a origem do sofrimento. Ele é o desejo e os cinco venenos – o apego, o ódio, a ignorância, o ego e a inveja. São eles que produzem novos renascimentos.”.
-Buda-

Nirodha

Esta nobre verdade estabelece que, se o sofrimento é inerente à existência humana, também é verdade que ele pode ser superado. Desse modo, seria possível vencer a dor eliminando por completo o desejo e o apego inerentes a toda a existência.

Nesse momento, o ideal é realizar um trabalho de introspecção para encontrar a origem de todo o sofrimento. Além disso, é importante suprimir por completo os cinco venenos dos quais Buda fala: o apego, o ódio, a ignorância, o ego e a inveja. Dessa maneira, somando ações virtuosas, criamos um karma positivo.

“Esta é, oh monges, a nobre verdade sobre a supressão do sofrimento. Essa eliminação é possível cortando nosso desejo, livrando-nos do apego-desejo, abandonando-os para sempre, não lhes dando espaço em nós”.
-Buda-

Mãos segurando coração de pedra

Marga

O Marga é a última e quarta das quatro nobres verdades do budismo, a qual recebe o nome de nobre caminho óctuplo. Ele estaria representado pelos seguintes oito aspectos:

  • Compreensão
  • Pensamento
  • Palavra
  • Ação
  • Ocupação
  • Esforço
  • Atenção
  • Concentração

Todas as ações mencionadas devem ser realizadas do modo correto se você quer alcançar o nirvana. Essa é a maneira de percorrer perfeitamente o conhecido nobre caminho óctuplo, o caminho para alcançar a paz interior.

Definitivamente, as quatro nobres verdades do budismo configuram o único caminho em direção ao nirvana, sendo o caminho que Buda percorreu para alcançá-lo e deixar para trás qualquer tipo de sofrimento relacionado com a existência humana.

“Esta é, oh monges, a nobre verdade sobre o caminho que conduz à supressão do sofrimento, em direção ao Despertar, ao Nirvana, O caminho dos oito ramos, o caminho óctuplo”.
-Buddha-


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