Química, conexão e compatibilidade do casal: quais são as diferenças?

Ser compatível, ter química e se conectar em algum nível são elementos distintos. Neste artigo, vamos falar sobre a forma como cada um pode afetar os relacionamentos amorosos.
Química, conexão e compatibilidade do casal: quais são as diferenças?
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Os relacionamentos amorosos são um dos ambientes sociais em que mais ocorrem conflitos. Mas como é possível que algo que, originalmente, deveria proporcionar calma e prazer possa afetar as nossas vidas de forma tão negativa? O motivo pode estar em uma confusão de conceitos: geralmente usamos termos como química, conexão e compatibilidade do casal de forma intercambiável, mas eles refletem realidades diferentes.

Pense por um momento: você acha que conta com esses três elementos no seu relacionamento atual ou que contou com eles nos seus relacionamentos anteriores? Você deve saber que eles não precisam necessariamente estar todos presentes ao mesmo tempo, e que alguns são mais importantes que outros. Na verdade, a insatisfação no relacionamento pode surgir como resultado de buscarmos e nutrirmos o ingrediente errado. Se você quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos que você continue lendo.

Química, conexão e compatibilidade do casal

Embora esses termos sejam de uso comum, podemos dizer que Stephan Labossiere é um dos autores que mais energia dedicou a esclarecê-los e elaborá-los. Este palestrante e coach de relacionamento, também conhecido como Stephan Speaks, afirma que existem grandes diferenças entre esses conceitos e que conhecê-las é fundamental para desfrutar de relacionamentos bem-sucedidos e satisfatórios.

Mas em que cada um realmente consiste?

Casal caminhando
A química é a capacidade de se entender com o outro, um aspecto que pode estar presente em outros tipos de relacionamentos.

Química

Geralmente definimos a química como a atração sexual entre duas pessoas, a paixão ou o desejo de estar com o outro. É o elemento mais presente no início dos relacionamentos, quando ambos ainda estão se conhecendo, e geralmente leva ao que Sternberg chama de paixão em sua teoria triangular do amor.

No entanto, sob o conceito de Stephan Labossiere, a química é a fluidez da relação, a capacidade de se entender com o outro e trabalhar em equipe. Assim, ela pode ocorrer em qualquer campo: não apenas em relacionamentos amorosos, mas também com amigos, sócios ou colegas de trabalho.

Compatibilidade

A compatibilidade designa o grau de afinidade, interesses e gostos compartilhados. Há casais que gostam de esportes e atividades ao ar livre, outros de música e outros de culinária ou videogame. Quando esses hobbies são comuns a ambos, a compatibilidade aumenta.

É esse ingrediente que pode nos levar a pensar que duas pessoas “foram feitas uma para a outra”; é o que olhamos quando tentamos combinar dois amigos que não se conhecem. Eles investem o tempo nas mesmas áreas, têm ideias e hobbies semelhantes e, portanto, deduzimos que são compatíveis.

Conexão

A conexão é o elemento mais subjetivo e intangível; não pode ser prevista nem está sujeita a eventos e ações externas. Trata-se de uma atração espiritual profunda, que se sente sem buscá-la, sem esforço e sem base lógica ou racional.

Alguns a chamam de “amor à primeira vista”, mas ela não deve ser confundida com uma pura atração física. Estamos falando de quando você sente uma conexão com uma pessoa praticamente desde o primeiro momento, embora não consiga explicar o porquê, nem tenha muita ideia de onde esse relacionamento te levará. No entanto, você tem a consciência de que esta é uma sensação que você não vivencia com outras pessoas.

A compatibilidade do casal não é essencial

Dessa forma, poderíamos pensar que, para que um relacionamento seja duradouro, é essencial que haja a compatibilidade do casal. De fato, o dia a dia é mais fácil se ambos compartilham opiniões, hobbies e pontos de vista.

No entanto, quantas vezes encontramos casais formados por pessoas que aparentemente não têm nada a ver um com o outro? E, o mais surpreendente, quantas vezes são esses os relacionamentos mais sólidos e felizes? Isso ocorre, de acordo com Stephan Speaks, porque a conexão é o ingrediente realmente essencial para um vínculo de sucesso. E, além disso, também é o único elemento que não pode ser construído por meio do trabalho, esforço, diálogo ou negociação.

Sem dúvida, compartilhar opiniões, hobbies e pontos de vista facilita muito o relacionamento e permite que as pessoas desfrutem de atividades conjuntas. Da mesma forma, a química ajuda a evitar conflitos e a resolvê-los, a formar uma boa equipe no dia a dia e a trabalhar para um projeto comum.

No entanto, sem uma conexão genuína de base, isso levará a um amor sociável ou vazio, de companheiros, mas não ao amor consumado que todos queremos experimentar.

casal se abraçando
A conexão é o ingrediente essencial para que um relacionamento funcione.

Procure uma conexão verdadeira

Todos podemos aprender a trabalhar com o nosso parceiro, a nos comunicar melhor. Além disso, compartilhar os hobbies do outro se torna atraente e natural quando sentimos uma conexão profunda. Por isso, talvez devêssemos reorganizar as nossas prioridades e aprender a identificar quando essa conexão está presente ou não.

O amor não deve ser forçado. Não devemos estar com alguém que é perfeito no papel, mas que não desperta nada nas profundezas do nosso ser. Se o medo da solidão te leva a permanecer em um relacionamento que não é satisfatório, consultar um profissional pode ser útil.


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  • Young, N. (1992). Exceptional love relationships: Initial validation of a bonded couple scale (Doctoral dissertation, Institute of Transpersonal Psychology).
  • Sternberg, R. J. (1986). A triangular theory of love. Psychological review93(2), 119.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.