Romantismo exagerado: uma causa da infelicidade?

Romantismo exagerado: uma causa da infelicidade?
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Existe um romantismo exagerado que há anos está presente entre nós e que parece uma ideia inquestionável. Inclusive pode fazer com que nossos relacionamentos sejam insatisfatórios e que nossa felicidade pareça estar cada vez mais longe. Seu mecanismo de ação são as crenças sobre como deve ser o amor e como são os relacionamentos perfeitos.

Um exemplo disso é a crença de que o amor saudável deve se basear no puro sentimento. Na ideia de se deixar levar pelo coração e pela intensidade do sentimento do outro. No entanto, não costumamos questionar o fato de que, às vezes, nos apaixonamos por pessoas que não nos acrescentam nada ou que até mesmo nos machucam. Embora possamos amar a quem não nos convém, o amor que sentimos justifica ter que suportar tudo?

Como pensa quem pratica o romantismo exagerado

O romantismo exagerado é identificado graças a um determinado grupo de crenças sobre o amor. É bem possível que nós mesmos nos identifiquemos com algumas delas, pois esse tipo de romantismo é o que aparece nos filmes, nas músicas e na publicidade, entre outras influências externas que recebemos.

As expectativas têm uma grande presença no romantismo exagerado. Ao iniciar um relacionamento, esperamos que aconteçam determinadas coisas, ao mesmo tempo em que esperamos que nosso parceiro mostre certos comportamentos, e com o passar do tempo, comprovamos que nem tudo é como acreditávamos. O contraste entre a realidade e as expectativas em certas ocasiões resultará na insatisfação do casal.

Casal apaixonado após casamento

Também costuma acontecer que depois da fase da paixão, aquela em que tudo é ideal e maravilhoso, parece que tudo que nosso parceiro faz é negativo. Como pode ser que alguém que nos parecia perfeito mostre imperfeição quase todos os dias? O motivo é que, nessa fase, nossa atenção se dirige com certa facilidade para as coisas “ruins” ou para o que menos gostamos, o que pode colocar o relacionamento em perigo. Além disso, tudo isso está fortemente condicionado pelas expectativas do começo.

Outra crença que representa o romanstismo exagerado é a ideia de que a outra pessoa tem que nos fazer felizes e, para isso, tem que fazer determinadas coisas que esperamos para nos satisfazer. Desta forma, responsabilizamos o nosso parceiro pela direção da relação e, se ela não estiver indo bem, colocamos toda a culpa no parceiro. Ou seja, existe uma certa dependência.

Além de tudo isso, o romantismo exagerado também implica que os casais devem ter certas características e comportamentos. Por exemplo, estar juntos o maior tempo possível, fazer constantemente demonstrações de afeto, dar presentes no dia dos namorados (se for um dia qualquer não tem a mesma importância), ou que toda mudança no relacionamento (menor frequência nas relações sexuais ou prestar menos atenção) pode significar uma crise e uma preocupação porque o casal está “nas últimas”, entre outros.

O fraco gerenciamento emocional no romantismo exagerado

No romantismo exagerado o gerenciamento emocional é bastante reduzido, fruto das crenças errôneas que prevalecem ao manter um amor desmesurado.

Mulher triste

Vamos pensar no que acontece quando não gostamos de alguma coisa. Em vez de comunicar isso ao nosso parceiro, podemos nos calar porque pensamos que não devemos discutir nunca, até que não possamos mais suportar e as emoções e sentimentos saiam todos de uma só vez sem nenhum controle.

O romantismo exagerado se baseia em uma cobertura mútua de necessidades. Ambas as pessoas assinam um contrato silencioso onde o outro deve proporcionar segurança, felicidade e tudo que precisar. Também deve conhecer o que a outra pessoa pensa sem ter que dizer nada. Em troca, a pessoa se vira completamente para o relacionamento e esquece de si mesma.

Esta crença tão desmesurada sobre o amor faz com que qualquer coisa que aconteça seja catastrófica. Uma discussão, o esquecimento de um dia especial, olhar para alguém atraente na rua, desejar passar tempo sozinho ou com os amigos… Circunstâncias que acontecem em outros tipos de relacionamentos que, nesses casos, não são sinônimos de drama.

Casal observando paisagem

Como vimos, uma ideia equivocada sobre o romantismo e o amor pode nos mergulhar em relacionamentos nocivos, em que vamos sofrer em vez de desfrutar. Por isso, é importante começar a questionar as crenças que estão agindo em nós para nos fazer viver um amor desmesurado, louco e catastrófico.


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