O segredo para aprender novas palavras

O segredo para aprender novas palavras

Última atualização: 28 setembro, 2015

Os neurocientistas descobriram o segredo de como fazer nosso cérebro aprender novas palavras: usando palavras como figuras.

Pessoas que não conseguem aprender as palavras com o sistema de som (que é o método usual para o ensino de leitura) podem aprender novas palavras como se fossem um objeto visual, o que é uma boa estratégia para aprender palavras novas com rapidez e eficiência.

A natureza das representações ortográficas no cérebro humano ainda é tema de debate no mundo científico.

O novo estudo revelou que o cérebro é capaz de aprender palavras novas muito rapidamente, pois ele as vê como se fossem um único bloco.

O que revelou o estudo

Pesquisadores descobriram que uma pequena parte do nosso cérebro é holística (sintonizada com o reconhecimento de palavras na sua totalidade), ao invés de tratá-las como letras ou sílabas. A partir disto, uma parte do cérebro poderia fotografar as palavras para reconhecê-las.

Relatórios recentes afirmaram que a área que dá forma visual à palavra é o córtex occipital-temporal esquerdo, que contém um léxico verificador baseado em representações neurais altamente seletivas, para individualmente escrever palavras reais. Esta teoria prediz que podemos aprender seletivamente novas palavras, e para isto devemos aumentar a especificidade neural para estas palavras específicas na área que dá forma visual as palavras.

A opinião dos especialistas

O Dr. Maximilian Riesenhuber, neurocientista da Universidade de Georgetown Medical Center, que liderou o estudo, disse:

“Nós não reconhecemos rapidamente a ortografia das palavras ou a identificamos como partes das palavras, como alguns pesquisadores haviam sugerido. Mas, os neurônios em uma área pequena do cérebro ajudam a fotografar a palavra inteira e sua forma, de maneira que ela possa ser definida como em um dicionário visual”.

Uma parte do cérebro chamada “zona de forma visual das palavras”, é vital para o aprendizado de novas palavras. Incluída no córtex visual, ela está no giro fusiforme, um setor cerebral que nos ajuda a reconhecer rostos.

Dr. Riesenhuber diz: “Uma área nos permite reconhecer rapidamente determinadas pessoas e rostos, enquanto a outra parte é seletiva para uma palavra inteira, que nos ajuda a ler rapidamente”.

Como o estudo foi feito

No estudo, 25 participantes foram convidados a aprender palavras novas que eram realmente absurdas em termos de simplicidade, e também foram convidados a aprender novas palavras sem significado.

Seus cérebros foram escaneados antes e depois do experimento e as mudanças foram analisadas.

Os resultados mostraram que, depois de aprender palavras diferentes, a área do cérebro envolvida em fotografar as formas das palavras começou a responder às palavras sem sentido como se fossem palavras reais.

Dr. Laurie Glezer, entre os primeiros autores do estudo, argumenta que: “Este estudo é o primeiro de seu tipo que mostra como os neurônios alteram sua sintonia com as palavras aprendidas, demonstrando a plasticidade do cérebro”.

As pessoas com deficiência de leitura podem ter mais facilidade para aprender palavras novas, de acordo com os dados coletados, usando palavras como figuras.

Na verdade, o Dr. Riesenhuber está convencido de que: “As pessoas que não conseguem aprender as palavras pelo sistema de som (que é o método usual para o ensino de leitura) podem aprender novas palavras como se fossem um objeto visual: isso pode ser uma boa estratégia para aprender palavras novas com rapidez e eficiência.”

A área que analisa a forma visual da palavra não está interessada em como a palavra soa.

O fato de que esse tipo de aprendizagem ocorre apenas em uma pequena parte do cérebro é um bom exemplo da plasticidade cerebral seletiva.

Conclusão

Aprender uma palavra parece aumentar seletivamente a especificidade neuronal para novas palavras na área da forma visual das mesmas, acrescentando-as ao dicionário visual do cérebro.

O estudo foi publicado no “Jornal de Neurociência” (http://www.jneurosci.org/content/35/12/4965.full.pdf+html)


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