Seis pistas para detectar a chantagem emocional
Todos os chantagistas têm traços em comum, “habilidades” que alimentam sua conduta de manipulação ou de extorsão. Alimentam-se do medo, da culpa e da obrigação, para que a outra pessoa faça o que desejam. Assim, deixam de ver a outra pessoa como o que ela é e passam a vê-la como um mero instrumento que podem manipular para conseguir o que desejam, não importando como essa pessoa possa se sentir; é como se usássemos um martelo para pregar um prego, ignoramos os sentimentos do martelo porque acreditamos que não os tem.
No uso que fazem ou tentam fazer dos outros, o medo frequentemente adquire um papel de protagonista: desde o medo de perder o outro até ser rejeitado, deixar de ter poder ou de mudar. Mas quase sempre, trata-se disso, do “medo de perder” (algo ou alguém). Isso pode ter uma origem antiga na infância, por exemplo, uma soma de muitos traumas, angústias ou problemas do passado. Também pode ser a resposta automática, a reação para não enfrentar a baixa autoestima, a insegurança, a falta de autoconfiança, etc.
Qualquer um pode ser um chantagista, segundo especialistas, dependendo especialmente do tipo de aprendizado que tenham tido e de seu histórico comunicativo . Certos eventos podem desencadear este modo de atuar, como um divórcio, a perda de emprego, uma doença, etc. Com isso, não queremos dizer que todas as pessoas que se divorciam, que ficam desempregadas ou doentes sejam ou se tornarão chantagistas ou manipuladores emocionais, mas a verdade é que aumentam as chances ao existir um evento que possa atuar como desencadeante.
Podemos dizer que, quando uma pessoa começa a ceder a um chantagista, começa a perder. O preço a pagar pode ser muito caro. O problema é que nem sempre percebemos o que está acontecendo. As pessoas que praticam a extorsão fazem com que a outra pessoa se sinta desequilibrada, envergonhada e principalmente culpada. O escárnio, a manipulação e a falta de ação facilitam que a vítima caia na emboscada.
Assim, podemos começar a duvidar da capacidade de manter nossas próprias promessas, perdemos a confiança em nós mesmos e os níveis de autoestima vão diminuindo. O pior é que nos deixamos convencer pela chantagem emocional, perdendo a nossa integridade, independência, sonhos, desejos, etc.
Embora uma chantagem emocional não seja considerada um abuso psico-físico violento, nem por isso ela deixa feridas menos profundas, muito pelo contrário. Quando vivemos com uma pessoa com estas características, ela danifica o mais profundo do nosso ser, algo que é mais difícil de recuperar do que alguns golpes físicos.
Como saber se estamos sofrendo chantagem emocional?
Para que o comportamento do outro possa ser chamado de “chantagem emocional” é necessário que conte com vários componentes. Analisando os limites, é mais simples saber se estamos em uma situação desta magnitude:
1 – A exigência: os chantagistas nem sempre expressam claramente o que querem, mas permitem que o outro “adivinhe”. No entanto, a equação não é tão simples, pois tanta importância é dada ao tema que a outra pessoa não tem escolha, a não ser terminar cedendo ou aceitando essa situação.
2 – A resistência: quando alguém pensa de forma diferente do chantagista, ele não se sente feliz, se irrita, faz o outro acreditar ser responsável por sua tristeza. Ele se recusa a pensar como o seu parceiro, seu amigo, seu pai, etc. Não aceita nada que seja diferente de como ele quer ou de como ele gostaria que fosse.
3 – A pressão: pressiona o tempo todo até que o outro muda de opinião, reclama, discute, chora, grita, se irrita. A questão é que ele “convence” o outro (não da melhor maneira) de que o seu ponto de vista é o mais certo. Usa a culpa e a pena para continuar o seu jogo.
4 – A ameaça: se ainda assim não pode obter o que deseja, se vê que seus desejos colidem com a negativa do outro, ele começa a “dizer” quais podem ser as consequências por esta decisão errada. A ameaça pode ser através da dor, da miséria ou mesmo da morte . Poderia dizer o quanto está sofrendo, que não pode viver dessa maneira, que é melhor se separar, etc.
5 – A obediência: como a outra pessoa não deseja vê -lo mal nem se separar d ele/dela, cede e aceita a proposta, a ideia, a opinião. Isso não significa que você concorde ou que tenha mudado de opinião, mas simplesmente o faz para não criar mais problemas e para que não sofra. Saiba que, s e você está começando a ceder terreno, ele será muito difícil de recuperar.
6 – A reiteração: se os cincos pontos anteriores voltam a ocorrer mais vezes, é porque estamos com um grande problema. Já a pressão, a pena, a culpa, ou o artifício favorito não serão usado para esse tema, mas para outro.
É assim que entramos em um círculo vicioso, do qual não se pode escapar. É fundamental prestar atenção ao primeiro sinal de alerta, o primeiro “se você me deixar eu me mato” ou “eu não poderei viver sem você” para detectar chantagem emocional, porque depois pode ser tarde demais.