Serendipidade e personalidade: pessoas que "atraem" descobertas valiosas

Serendipidade e personalidade estão relacionadas. Essas descobertas mágicas que trazem felicidade são destinadas a mentes dispostas, que são pacientes, constantes e sem medo de se abrir para novos caminhos e possibilidades.
Serendipidade e personalidade: pessoas que "atraem" descobertas valiosas
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

Serendipidade e personalidade compartilham um vínculo. A magia de encontrar algo inesperado e valioso quase acidentalmente responde, de acordo com especialistas, a outros fatores que vão além do causal. Na verdade, seríamos nós que, com a nossa determinação, engenhosidade e determinação, promoveríamos essas descobertas excepcionais.

Louis Pasteur costumava dizer que “o acaso favorece a mente preparada”, e estava absolutamente certo. O mundo da ciência, por exemplo, está cheio de descobertas incríveis. Alexander Fleming e a penicilina, Wilhelm Roentgen e os raios X, Cyril Astley Clarke e seu trabalho na prevenção da doença Rh do recém-nascido… Poderíamos dar centenas de exemplos de como a serendipidade promoveu as descobertas mais relevantes.

No entanto, sempre há um elemento em comum: sagacidade, perseverança e aquela mente capaz de ver no mero acaso uma grande possibilidade. Não há mágica; o que há é o compromisso de uma mente desperta que sempre sabe ver além, que é receptiva ao seu ambiente e que é capaz de expandir perspectivas para perceber novas abordagens.

“As sementes das grandes descobertas flutuam constantemente ao nosso redor, mas apenas criam raízes e florescem em mentes bem preparadas para recebê-las”.
– Joseph Henry –

Serendipidade e personalidade

Como serendipidade e personalidade se relacionam?

Poderíamos dizer, sem dúvida, que a área onde geralmente ocorrem mais acasos é na indústria farmacêutica. Um dos casos mais notórios dos últimos tempos é, sem dúvida, o do Viagra, um medicamento originalmente criado para tratar a angina e hoje um dos mais vendidos no tratamento da disfunção erétil.

No campo científico, sabe-se que o acaso é um fator que está sempre presente, mas é um elemento que o próprio pesquisador gera e que só os mais experientes saberão aproveitar.

O próprio William Shakespeare já dizia em sua obra Júlio César que só as pessoas capazes de entrar na maré conseguem fortuna. Logo, a serendipidade não é para todos e os achados valiosos são apenas para aqueles que estão preparados para buscá-los.

Curiosamente, deve-se dizer que hoje temos até um órgão denominado “A Sociedade da Serendipidade”, que visa investigar esses fenômenos e compreender a relação entre a serendipidade e a personalidade. É uma rede de acadêmicos de todo o mundo que, no campo da psicologia, psiquiatria, física ou medicina, tentam entender esses acontecimentos marcantes e inspiradores.

Estes são alguns dos dados que podem nos ajudar a entendê-la melhor.

Serendipidade e personalidade

Pessoas que criam as suas próprias oportunidades

Serendipidade e personalidade estão relacionadas por meio da engenhosidade e da capacidade de romper com o estabelecido, o esperado ou o normativo. Isso requer inovação, envolve um desafio. Você precisa de uma mente aberta e também da curiosidade espontânea de uma criança.

O próprio Santiago Ramón y Cajal diria que um achado favorável ocorre apenas em um contexto de inspiração somada à oportunidade de estar no lugar certo e na hora certa. Portanto, vários fatores se combinam e é necessária, acima de tudo, uma clara predisposição e compromisso com a tarefa.

Estudos como o realizado pelo Dr. David R. Colman, do Montreal Neurology Institute, nos descrevem e nos lembram de que a serendipidade, embora seja um fenômeno misterioso, está mais presente em nosso cotidiano do que podemos imaginar.

Coincidências felizes em mentes dispostas

A origem da palavra serendipity, traduzida como “serendipidade”, vem de um conto persa chamado Os Três Príncipes de Serendip (Serendip é o nome persa do Sri Lanka). Foi Horace Walpole quem usou esse termo em uma carta ao diplomata Horace Mann. Ele o fez relacionando esta palavra com a magia do acaso e aquelas coincidências felizes onde se procura algo e se encontra outra coisa muito melhor.

A história dos Três Príncipes de Serendip conta como três irmãos resolveram problemas e dificuldades de maneiras extraordinárias. Horace Walpole atribuiu esses feitos ao acaso, àquele acaso que sempre pareceu favorecer os irmãos. No entanto, se alguém mergulhar nessa história, imediatamente perceberá que esse não é o caso. Os três príncipes eram sábios, habilidosos e tremendamente engenhosos.

Ter novas ideias

Serendipidade e personalidade compartilham um vínculo comum que é a mente aberta. É a mesma mente que Sherlock Holmes usava para resolver os seus casos. Quando algo inesperado acontece, Holmes usa aquele método científico pelo qual pode voltar atrás em sua mente e reconstruir os possíveis efeitos que dão forma a essas causas. Há engenhosidade, criatividade, e não apenas uma abertura para a experiência…

Pessoas a quem acontecem grandes serendipidades as fomentam, geram movimento e oportunidades, são ativas e têm muitos recursos. Portanto, vamos manter isso em mente: para encontrar estas felizes coincidências, é preciso saber ouvir, ver o mundo de uma forma curiosa com a mentalidade de um verdadeiro explorador, alguém que não tem medo de explorar novos caminhos…


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  • Colman, D. R. (2006). The three princes of Serendip Notes on a mysterious phenomenonMcGill Journal of Medicine.
  • Copeland, S. (2018). “Fleming Leapt on the Unusual like a Weasel on a Vole”: Challenging the Paradigms of Discovery in Science. Perspectives on Science. 26(6)
  • Ruy Pérez-Tamayo (1980) Serendipiaensayos sobre ciencia, medicina y otros sueños. Iberlibro

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