A Sexologia Substantiva
A Sexologia Substantiva é a ciência que estuda os sexos. Existe um detalhe nessa breve definição: a utilização do termo sexos (no plural), e não sexo (no singular).
Ou seja, não se estuda somente o “sexo que se faz”, aludindo às relações íntimas. Também não se estuda apenas o “sexo que se tem”, aludindo aos genitais. Essa disciplina estuda os sexos como um fato inerente à própria condição humana.
Fala-se no plural dos sexos, fazendo referência a homens e mulheres. O fato é que os sexos são dois, mas as formas de se sentir e viver como homem ou mulher são infinitas. Portanto, essa é uma disciplina que considera o sexo (os sexos) como um fator diversificante.
Por que é “substantiva”?
Atualmente, contamos com um vasto corpo literário sobre o tema. Existe uma epistemologia suficientemente extensa para falar de Sexologia como disciplina, e não como ramificação ou especialização de outras. No entanto, esses conhecimentos sexológicos estão muito fragmentados e degradados.
A fragmentação é percebida em cada disciplina que estuda o sexo como parte da mesma, não como um todo. Nós nos referimos aqui à “psicologia sexual”, “medicina sexual”, “antropologia sexual”, etc. Essa fragmentação conduz à degradação do conhecimento sexológico.
A Sexologia se associa ao que as pessoas fazem em suas camas, e não ao ato sexual humano. Isso é muito mais extenso e inclui não apenas as relações íntimas, mas também todas as questões relacionadas às pessoas como seres sexuais.
A Sexologia Substantiva recebe esse nome porque se apresenta como a Sexologia que engloba todos esses conhecimentos, totalmente estruturados, harmônicos e coerentes em uma disciplina própria.
Por isso, se afasta do “sexual” colocado como adjetivo por muitas disciplinas, tal como comentado anteriormente, como uma (às vezes pequena) parte das mesmas, e se transforma em substantiva, para se tornar a disciplina que estuda “os sexos”.
As vantagens da Sexologia Substantiva
Contar com uma entidade própria, com uma episteme, uma metodologia e ferramentas específicas permite que a Sexologia trate as dificuldades e os problemas de uma forma muito mais eficaz e completa. A seguir, vamos destacar uma série de vantagens dessa reformulação:
- Profissionais melhor formados. A Sexologia Substantiva garante que os profissionais tenham um conhecimento amplo do ato sexual humano, e não de um âmbito específico do mesmo.
- Promove a diversidade. Estudar o sexo não apenas como fator diferenciador, mas também como fonte de diversidade, garante a compreensão de todos os fatores da diversidade sexual. Por sua vez, permite que a forma de tratar os problemas e as dificuldades de homens e mulheres seja muito mais holística.
- Protagonismo acadêmico. O discurso unificado da Sexologia Substantiva torna mais possível que essa disciplina acabe conquistando sua independência no nível acadêmico. A forma de reunir todos os conhecimentos sexológicos e harmonizá-los em uma disciplina é, em si, uma motivação para conseguir realizar esse objetivo.
- Uma disciplina a serviço da sociedade. Esse conjunto de conhecimentos vai esclarecer as dúvidas em questões bastante extensas. Conceitos como a virgindade, o desejo, a sedução ou práticas que recebem pouca visibilidade vão ficar livres de preconceitos e estereótipos. Isso será feito através dos profissionais da Sexologia Substantiva, através de uma educação sexual de mais qualidade.
Essa nova Sexologia é a que melhor descreve todos os fatores da diversidade sexual. Além disso, integra todos os discursos sobre os sexos e tudo que envolvem.
O termo “substantiva”, na qualidade de reivindicativo do que é e há de ser a Sexologia, tem um caráter transitório. Quando a Sexologia adquirir a importância e o reconhecimento que merece, não será preciso outorgar-lhe um sobrenome porque já será substantiva.