Do silêncio ao grito: o dramático pêndulo emocional

A repressão da raiva nunca é bem-sucedida. Quando os sentimentos agressivos são guardados, eles se acumulam e levam a um pêndulo emocional em que, primeiramente, se guarda silêncio e, em seguida, se abrem as comportas para as agressões desenfreadas.
Do silêncio ao grito: o dramático pêndulo emocional
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 15 julho, 2020

Não é exagero dizer que somos um pouco analfabetos em termos de emoções. O comum é que nos ensinem conhecimento e valores, mas não emoções. Supõe-se que a moral e a ética nos guiam e, assim, tudo fica resolvido. É por isso que às vezes chegamos à idade adulta sem sabermos claramente como administrar o que sentimos. É o que acontece no chamado pêndulo emocional.

A questão tem a ver com o processamento da raiva, uma das emoções mais incompreendidas. O pêndulo emocional se configura quando uma pessoa decide engolir as queixas que recebe ou silencia o desconforto que sente diante de alguém. Depois de um tempo, tudo isso se acumula e explode como uma panela de pressão. Há, então, uma oscilação entre dois extremos: silêncio e grito.

“Custa mais responder com graça e mansidão do que calar com desprezo. O silêncio às vezes é uma má resposta, uma resposta muito amarga”.
-Gar Mar-

O pêndulo emocional é típico daqueles que temem seus próprios sentimentos, particularmente a raiva. Da mesma forma, não têm uma ideia clara de como limitar o tratamento que recebem dos outros.

É isso que os leva a debater entre dois extremos e a administrar de forma inadequada os seus sentimentos agressivos. Não é nada grave: sempre é possível aprender a lidar com tudo isso de maneira diferente.

O pêndulo emocional e o autocontrole

A questão do autocontrole nem sempre é compreendida da maneira correta. Facilmente acabamos confundindo autocontrole com a repressão, e são duas realidades muito diferentes. Em um caso, é o fruto da consciência; no outro, do condicionamento ou do medo.

Mão com barco e farol

A primeira grande diferença entre um e outro é que quem mantém o autocontrole desenvolve essa atitude antes de qualquer situação de alta intensidade emocional. Em outras palavras, há todo um trabalho em torno do objetivo de manter um estado de serenidade.

É um estilo de vida, que é o resultado de uma consciência de autocuidado. Caracteriza-se porque dificilmente tira do lugar aqueles que vivem dessa maneira.

Na repressão, no entanto, o que há é um esforço de contenção. Os sentimentos são experimentados com intensidade profunda, mas evitamos expressá-los. Nesse caso, há uma ruptura entre o interno e o externo.

É verdade que às vezes temos que usar essa repressão para evitar que uma situação assuma proporções maiores. No entanto, naqueles que se acostumam a se reprimir, isso vai além. Na verdade, gostariam de expressar totalmente o que sentem, mas por algum motivo não podem fazê-lo.

O ciclo do pêndulo emocional

As pessoas que se reprimem são as que mais frequentemente apresentam esse pêndulo emocional que as leva do silêncio absoluto ao choro estridente. Normalmente, sentem que não sabem expressar o que as incomoda. Têm a ideia de que não há maneira de expressar as divergências ou discordâncias se não for com raiva. Como consequência, tudo isso leva a um conflito.

Luzes e sombras

Também é comum que não se sintam no direito de expressar discordâncias ou desconfortos. De um modo ou de outro, eles acreditam que seus sentimentos não são suficientemente valiosos ou legítimos para serem expressados e levados em conta pelos outros. Calam e se reprimem porque algo ou alguém os fez acreditar que não deveriam dizer o que sentem.

Todo esse desconforto acumulado sempre atinge um pico. É o momento em que o sentimento se rompe abruptamente e acaba tomando conta da pessoa. O que guardou é, na verdade, uma bomba-relógio que, mais cedo ou mais tarde, explode. As consequências podem ser tão desastrosas que se tornam mais um motivo para se inibirem e voltarem ao ciclo.

Menos repressão, mais assertividade

Há apenas uma solução para não cair nesse pêndulo emocional dos extremos. Essa solução é óbvia: dizer as coisas assim que as sentimos. Não esperar pelo melhor momento para fazê-lo, ou esperar para nos enchermos de razões. Ao liberar imediatamente o que temos a dizer, a carga emocional é muito menor do que se esperarmos e alimentarmos a raiva.

Guardar as coisas é preparar uma armadilha para nós mesmos. Chega um ponto em que é materialmente impossível sermos assertivos, porque há muitas emoções acumuladas. A assertividade é a capacidade de dizer as coisas de maneira que o outro possa compreendê-las corretamente. Ser claros e respeitosos ao mesmo tempo. Acima de tudo, ser coerentes: dizer exatamente o que pensamos ou sentimos.

Mulher com vestido pegando fogo

Quando há muita raiva acumulada e essas situações explosivas ocorrem, é basicamente impossível sermos assertivos. A raiva e o ressentimento nos cegam. Não nos permitem nos comunicar, instalam a imposição para devolver as ofensas recebidas e guardadas.

A repressão nunca funciona. Pelo contrário, nos envenena internamente e acaba nos prejudicando, e aos outros também.


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  • De Chávez Fernández, M. A. G. (1999). Algunos conflictos psíquicos actuales de las mujeres. La inhibición (Prescrita) de la pulsión hostil: la represión de la agresividad y la asertividad. In Hombres y mujeres: subjetividad, salud y género (pp. 133-200). Servicio de Publicaciones.

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