A Síndrome da Bela Adormecida

A Síndrome da Bela Adormecida

Última atualização: 27 junho, 2016

Reza a lenda de que a Bela Adormecida espetou o dedo e desde então seu destino é dormir até que o homem da sua vida, um belo príncipe encantado, a desperte com um beijo. Mas no caso das pessoas com a síndrome de Kleine-Levin, não foi necessário espetarem o dedo em nenhuma agulha e, por mais que os amores de suas vidas as beijem, elas não irão despertar antes de pelo menos dezoito horas seguidas de sono.

A Síndrome da Bela Adormecida ou de Kleine-Levin consiste em dormir por longos períodos de tempo, que podem variar desde quase um dia inteiro até semanas. O paciente apresenta uma sonolência que não consegue controlar, que o conduz a um estado de hipersonia. Outros sintomas incluem se alimentar de forma compulsiva (uma vez que praticamente não comem nos seus longos períodos de sono), desorientação (tanto no tempo como no espaço), comportamento agressivo, habilidades mentais prejudicadas e, inclusive, alucinações. Em suma, nada tão romântico como no conto de fadas que dá seu nome a este transtorno.

Uma vez que a crise passa, os pacientes da síndrome de Kleine-Levin voltam à normalidade, mas podem sofrer de amnésia ou de alterações na memória a curto prazo, pois não conseguem lembrar praticamente nada do seu período de sono intenso. Além disso, devido a uma enorme quantidade de tempo que passam dormindo, sofrem de uma deterioração social, laboral e emocional, sendo incapazes de realizar suas atividades diárias.

Este tipo de transtorno neurológico é raro. No geral, ele ocorre em adolescentes do sexo masculino e, ocasionalmente, em mulheres. Os primeiros casos foram registrados na década de vinte e, embora desde então tenham sido poucos os pacientes diagnosticados, a falta de informação sobre o tema pode fazer com que existam muito mais confundidos com outras doenças mentais, como a esquizofrenia.

Ainda não se sabe exatamente qual a causa da Síndrome da Bela Adormecida. Alguns estudos indicam que é um distúrbio no hipotálamo acompanhado outras anormalidades no desenvolvimento do cérebro. Além disso, até agora os tratamentos não se mostraram eficazes para eliminar a síndrome de forma definitiva. A cura, certamente, não está em um beijo romântico de um conto mágico. Apenas 20% dos pacientes deixaram de ter episódios em uma média de tempo de seis anos, mas ainda não se sabe se trata-se de uma cura permanente.

No entanto, várias pessoas que sofrem com a Síndrome da Bela Adormecida responderam bem à terapia com sais de lítio, além de apoio psicológico para lidar com as consequências dos seus ataques de sono. A combinação de psicoterapia e medicamentos com a mesma evolução da doença pode, assim, levar a um prognóstico favorável.

Desta forma, aqueles que dormem mais do que o necessário podem acordar sozinhos e verificar que a vida é muito mais do que o sono.

Imagem cortesia de Neil Krug.


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