A síndrome de Marilyn Monroe

A síndrome de Marilyn Monroe
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

A síndrome de Marilyn Monroe define aquelas pessoas que todos amam, mas que ninguém se preocupa em conhecer profundamente. São os perfis sofridos pela solidão, assim como foi a própria Norma Jean. Essa mulher, em seu papel eterno de “loira ingênua”, na verdade tinha um lado interno mais profundo, reflexivo e exigente consigo mesma que poucos conheciam.

Nós não queremos falar sobre como foi o fim da diva do mundo do cinema. Muita coisa foi escrita sobre isso. Livros recentes como Marilyn Monroe: A Case for Murder, dos jornalistas Richard Buskin e Jay Margoli, já nos dão uma pista sobre o assunto. Agora, o que nos interessa nesta ocasião é o perfil psicológico que caracterizou a própria Marilyn e cuja essência moldou uma síndrome que leva seu nome.

“Vida, eu sou de suas duas direções e, de alguma forma, sempre pendurada”.
-Poema de Marilyn Monroe-

No livro The Marilyn Syndrome, a Dra. Elizabeth Macavoy explica que antes de falecer, Marilyn já havia morrido de vazio e solidão. Além do glamour, dos holofotes e do Happy Birthday Mr. President , que ela dedicou descaradamente a John F. Kennedy, havia uma mulher que havia sido despedaçada há muito tempo. Alguém que tinha entendido que a felicidade era o que todo mundo esperava ver em filmes de Hollywood, mas na realidade (sua realidade), as únicas coisas que existiam eram egoísmo e falsidade.

Marilyn Monroe

A síndrome de Marilyn Monroe: o que é exatamente?

A síndrome de Marilyn Monroe está ocorrendo com muita frequência hoje em dia. Aparece naquelas pessoas, atores, cantores e perfis que têm algum sucesso social e muitas vezes tendem a eclipsar os outros devido ao seu charme, beleza ou habilidade em qualquer atividade.

Todos os amam, todos os querem e desejam se aproximar deles, fazer parte deles… Mas, na realidade, na maioria das vezes eles são meros instrumentos, bonecos e bonecas que os outros manejam à sua vontade para subir socialmente e melhorar sua imagem ao ficar perto desse ser “deslumbrante” que todos admiram. Além disso, a “pessoa objeto” não é consciente de sua situação no início, porque ser o centro das atenções de todos os universos é quase viciante, reconfortante e muito agradável, principalmente quando você tem a autoestima muito frágil e mínima.

Assim, e no caso de Marilyn, todo este vórtice foi muito catártico após uma infância traumática e uma adolescência precipitada que levou a casamentos muito precoces. No entanto, pouco a pouco, ela percebeu algo. Para sobreviver nesse cenário das câmeras, produtores e cineastas, ela teve que criar o papel de uma mulher que era extremamente ingênua, despreocupada e que estava sempre radiante. Essa era a imagem que todos queriam, aquela que vendia ingressos, e que fez todos se apaixonarem.

Marilyn Monroe sorrindo

Norma Jean construiu seu papel perfeitamente e, no entanto, ninguém lhe deu um Oscar por interpretar magistralmente esse papel chamado Marilyn Monroe. Poucos sabiam que ela era forçada a diminuir continuamente seu nível intelectual para sobreviver em Hollywood e fazer de sua ingenuidade sua chave para o sucesso; cuidando ao máximo para ter um tom de voz infantil e sedutor, dando forma a uma mulher que mal se parecia com ela…

Síndrome de Marilyn Monroe ou a perda da autoestima

O perigo de criar um papel para obter admiração e ser sempre o centro das atenção e desejo permanente é que a identidade de alguém pode acabar desaparecendo. Arthur Miller, o último marido de Marilyn, disse que era como Jekyll e Mr. Hyde. Miller foi talvez uma das poucas pessoas que chegaram a conhecer esse outro lado da Norma Jean, a mulher taciturna, solitária e pensativa que gostava de escrever poemas.

Ela dizia que “tinha um instinto para a poesia” e que tinha sido uma mulher hábil quando se tratava de chegar onde tinha chegado. No entanto, e de acordo com o próprio Arthur Miller, ela não tinha cinismo, não tinha os pés no chão. Talvez fosse assim, mas o que Marilyn realmente precisava era de uma boa autoestima.

“Eu sou forte como uma teia de aranha ao vento, coberta por geadas frias, resplandescente”.
-Poemas de Marilyn Monroe-

No entanto, é preciso dizer que esses não foram bons momentos. A testosterona e o machismo reinavam no mundo do cinema. Embora a própria Marilyn tivesse tentado criar sua própria produtora (Marilyn Monroe Productions),  tal audácia foi duramente criticada e considerada um desafio para a indústria cinematográfica. Então, rendida, ela voltou ao seu papel de mulher ingênua.

Marilyn Monroe

A síndrome de Marilyn Monroe nos diz que desempenhar um papel para sobreviver e ser amado pelos outros tem um alto preço. Talvez não vejamos isso hoje, pois podemos estar deslumbrados e extasiados por todos esses reforços positivos que alimentam nossa autoestima. No entanto, longe de alimentar o nosso amor próprio, o que estamos fazendo é envenená-lo.

A aprovação social e o sucesso nem sempre trazem felicidade, e na maioria das vezes nos deixam vazios, o que nos quebra lenta e irreversivelmente.


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