Síndrome de Stendhal

Síndrome de Stendhal
Sara Clemente

Escrito e verificado por psicóloga e jornalista Sara Clemente.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

Se você é um amante da arte e fica impressionado com um belo trabalho ou se arrepia ao entrar em um museu de prestígio, parabéns! É algo totalmente normal. No entanto, existem certas pessoas extremamente sensíveis que, diante dessas situações, manifestam os sintomas da síndrome de Stendhal, ou também conhecida como síndrome de Florença, o estresse do viajante ou a doença dos museus.

Essa síndrome peculiar é desencadeada pela observação de obras de grande beleza. A história de sua descoberta, além de casual, é muito curiosa, quase tanto quanto o fenômeno em si. Nós convidamos você a conhecê-la!

Sua origem: a arte de Florença

Em 1817, Henri-Marie Beyle, um escritor francês famoso e de prestígio, estava em turnê pela Itália com o objetivo de coletar informações para seu próximo livro. Adivinhe o pseudônimo desse autor? Stendhal!

Durante sua visita a Florença, ele percorreu todos os cantos da cidade. Ficou impressionado com a arte que emanava de cada poro de suas ruas: museus, igrejas, cúpulas, paisagens, telhados, esculturas, fachadas, afrescos… Beyle queria aproveitar de toda a cidade.

Quando estava visitando a Basílica de Santa Cruz, sua perplexidade, êxtase e entusiasmo desencadearam uma série de desconfortos físicos. Acima de tudo, suores frios e uma sensação de profunda angústia. Seu coração acelerou e ele começou a sentir vertigem. Ele teve que se sentar e descansar imediatamente, e uma vez calmo, ele refletiu.

Florença, Itália

Como mais tarde narrou em seu livro Nápoles e Florença: Uma viagem de Milão a Reggio, sua própria experiência forneceu à psicologia e à medicina uma valiosa informação, que ele argumentou nos seguintes termos:

“Havia atingido aquele nível de emoção em que se tropeçam as sensações celestes dadas pelas Belas Artes e os sentimentos apaixonados. Saindo de Santa Cruz, meu coração batia, a vida estava esgotada em mim, andava com medo de cair”.

Sua descrição crucial e detalhada do fenômeno fez com que o mesmo fosse conhecido posteriormente como a síndrome de Stendhal, em honra da descoberta da sua sintomatologia.

Sintomas da síndrome de Stendhal

Não foi até um século depois que foi considerada pela primeira vez como uma síndrome. Em 1979, a psiquiatra italiana Graziella Magherini investigou e estudou uma centena de casos semelhantes de turistas em Florença. Ela observou que o conjunto de sintomas que eles tinham poderia ser resumido em uma bela metáfora: uma espécie de “excesso artístico”.

Esta sintomatologia envolvia taquicardias, sudorese, palpitações, ondas de calor, tremores, tensão emocional e exaustão. Em casos mais graves, tonturas que resultavam em vertigem ou até depressão.

Alguns consideram a síndrome de Stendhal como uma doença psicossomática, devido à relação bidirecional existente entre a mente e o corpo. Nesse caso, a excitação emocional causaria os sintomas físicos descritos anteriormente. Outros a classificam como uma situação psíquica. Assim, além de pontual, sua origem é atribuída à observação de grande beleza em um curto período de tempo. Desta forma, a síndrome de Stendhal seria como um choque artístico.

Quem pode desenvolver a síndrome de Stendhal?

Qualquer pessoa pode sofrer os sintomas. Todos nós podemos nos sentir exaustos, atordoados ou até mesmo sentir nossas pulsações aumentarem em um determinado momento. Além disso, esse momento pode coincidir ou não com o que estamos admirando uma obra de grande beleza. É, portanto, uma síndrome muito incomum.

Costuma acontecer com turistas e visitantes de cidades muito sensibilizados com a arte e cujo principal motivo da viagem é sua admiração. Normalmente, começa em lugares que cativam e que, por algum motivo, têm um significado emocional muito intenso para eles.

Polêmica: mito ou realidade?

Ao longo das últimas décadas, a síndrome de Stendhal se tornou uma referência da reação dos indivíduos quando expostos a obras de arte. Em particular, quando elas são especialmente bonitas ou são expostas em grandes números em um só lugar. Mas, como quase tudo, não está livre de controvérsias.

Não há dúvida de que quando ouvimos uma música que nos traz memórias preciosas, não podemos deixar de ficar emocionados. Nem que nos arrepiemos quando vamos a uma peça de teatro. Algo nos move por dentro. A arte é emoção.

Apesar de ser reconhecida pela maioria dos psicólogos clínicos, outros se interrogam, questionam e a consideram um simples mito. Esses últimos acreditam que a síndrome de Stendhal é pura sugestão, isto é, está apenas na mente. Por outro lado, os mais céticos acreditam que o inconsciente dos visitantes da cidade os engana. Sua sugestão os leva a sentir diferentes sintomas.

Nos últimos anos, aumentou muito turismo na Itália, a arte foi popularizada e democratizada e os casos desse fenômeno triplicaram nos hospitais de Florença. Daí o nome da síndrome de Florença.

Motivação financeira?

Florença foi o berço do Renascimento e continua a ser uma das cidades mais bonitas e que tem a maior história artística. Por isso, a comunidade científica está preocupada com os possíveis interesses financeiros que possam estar por trás desse fenômeno, como a intenção de atrair mais visitantes, aumentar a arrecadação ou aumentar a reputação de sua beleza.

E você, o que acha? É apenas uma maneira de captar a atenção de novos turistas ou, talvez, apreciar obras de arte por curtos períodos de tempo pode causar essas alterações físicas?


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