Soltar o peso que não nos deixa avançar

Soltar o peso que não nos deixa avançar

Última atualização: 21 maio, 2015

Normalmente, quando perguntamos pra alguém sobre o seu passado, a perspectiva costuma ser negativa. Poucas vezes se olha o lado positivo; existe a tendência a pensar no que poderia ter sido feito e não se fez, nos erros cometidos, etc… provocando sentimentos de culpa, remorso e frustração.

Você se lembra daqueles livros de “Escolha a sua própria aventura”, onde o leitor podia escolher diferentes caminhos a seguir? Na vida real costuma ser igual quando tomamos uma decisão. Costumamos olhar para trás pensando no que teria acontecido se tivéssemos aptado por um caminho diferente.

Nós, seres humanos, costumamos buscar a perfeição e temos a tendência a olhar para trás com o pensamento de que nossas vidas poderiam ter sido muito melhores. O que poucas vezes levamos em consideração, é que se tivéssemos tomado outras decisões, talvez poderia ter sido pior, e como não há como saber isso, o mais racional seria aceitar as coisas tal como aconteceram, sem culpas nem frustrações, já que hoje somos o que somos graças às coisas que aconteceram. É verdade que poderíamos ser melhores, mas também talvez piores.

Também não levamos em consideração que o que estamos fazendo é julgar a partir dos resultados, e não pelo funcionamento confirmatório de nossos processos cognitivos. “Que burro eu fui ao escolher essa opção quando claramente era a opção incorreta!” O que omitimos é que, no momento de tomar a decisão, esta não parecia tão incorreta, e são todas as evidencias que viemos a conhecer depois que aumentaram a sua probabilidade em nossa mente.

Vejamos um exemplo deste fenômeno cognitivo tão curioso. Você entra na cozinha, vê que o pé de uma das cadeiras bambeia um pouco e decide que a arrumará depois de comer. Terminando de preparar a comida, aparece um novo convidado para comer que ocupa justamente a cadeira bamba que você havia pensado que ficaria desocupada. O convidado não percebe e você também não se lembra. No meio do almoço, pumba!! Pro chão!

Escutemos o nosso pensamento: acontece que eu já devia tê-la arrumado antes, era previsível que alguém viesse e se sentasse… E ainda pior, podemos nos condenar e julgar severamente: “mas eu sou um desleixado, sempre deixo as coisas pra depois e além disso sou avoado” . Não, não, não: quando você tomou a decisão de deixar o conserto para depois, não parecia provável que alguém viesse, mas sim que, se você arrumasse a cadeira naquele momento, a sua comida esfriaria. No fim das contas, se você tivesse arrumado a cadeira, estaria se culpando por ter servido comida requentada para o seu convidado. E você mesmo acaba se condenando.

Como aceitar o passado para avançar

O passado é algo que não se pode mudar, portanto, pensar no que poderíamos ter feito não nos ajuda em nada. O ideal, para que o passado não produza estagnação, seria aceitar as coisas tal como aconteceram, a partir de um ponto de vista mais aberto e positivo. Isto significa que, quando nos lembrarmos das nossas falhas ou eventos negativos, poderemos vê-los de uma forma mais construtiva, pensando que todas as vivências se transformam em sabedoria.

Você pode se fazer a seguinte pergunta para ganhar consciência do aprendizado que há por trás de cada acontecimento negativo: “Se hoje me acontecesse novamente aquele episódio, como eu reagiria, o que aprendi?”

A sabedoria se adquire com base em erros e problemas. Se toda a nossa vida tivesse sido tranquila, perfeita e sem problemas, não teríamos aprendido tantas coisas. É o exemplo dos pais superprotetores; se não deixarem que seus filhos cometam erros e solucionem seus próprios dilemas, estarão limitando o aprendizado. No dia em que faltarem, seus filhos talvez não consigam encarar o mundo por si sós, o que lhes causará um estresse exagerado em qualquer situação de conflito.

Faça uma lista

Normalmente, costumamos focar mais nos aspectos negativos do passado do que nas coisas boas que vivemos. Alguns dizem que não, que de fato não lhes aconteceu nada de positivo no passado, mas frequentemente há pequenos momentos dos quais desfrutamos. Se formos capazes de olhar para trás, procurando essas pequenas coisas que nos fizeram felizes, automaticamente iremos criar uma sucessão de pensamentos sobre os eventos bons que aconteceram.

Um exercício que também pode ajudar a melhorar a visão que temos do nosso passado é fazer uma lista com 10 coisas boas que nos aconteceram e que valorizamos em nossa história. Não é necessário que sejam grandes coisas, qualquer evento que tenha nos dado um instante de felicidade pode ser incluído.

Por exemplo, se você passava as tardes brincando com sua melhor amiga e tinha momentos agradáveis, já é algo importante, porque graças a isso você aprendeu os valores da amizade.

De todas as coisas boas que nos aconteceram, de todos os pequenos e grandes momentos que nos fizeram felizes, tiramos uma lição e moldamos nossas emoções. Lembrar desses bons momentos nos ajudará a ver se antes olhávamos para trás de uma forma realista, ou se só focávamos nos aspectos negativos.

Aceitemos o nosso passado e olhemos para trás para recolher sabedoria, sem nos esquecermos também das coisas boas. Sigamos sempre em frente em nosso caminho, porque este presente que temos que viver se transformará em passado em poucos anos, e o que você fizer agora influenciará a sua satisfação futura.

Fotografia cortesia de Jari Hindstroem


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