Sou insone

Se você sofre de insônia, sabe como isso é devastador. Quando você não consegue dormir bem é quando você percebe o quão importante é o descanso. Neste artigo conto em primeira pessoa qual foi a minha experiência com a insônia.
Sou insone

Escrito por Equipe Editorial

Última atualização: 28 novembro, 2022

Eu cheguei a ficar acordado por 48 horas. Durante anos, a hora de dormir foi um lembrete cruel da impossibilidade de descansar. Acredito que minha insônia tenha origem em uma perda que sofri na adolescência e que não soube administrar. Tive a sorte de encontrar ajuda e isso me salvou.

Não poder “se colocar nas mãos de Morfeu” e levantar de madrugada, quando todos estão dormindo e tudo escuro e silencioso, é muito desagradável. Mesmo sabendo que não estava sozinho, era inevitável que a solidão tomasse conta de mim.

Mulher acordada na cama e preocupada
Algumas vezes tive que adiar planos e compromissos que me eram impossíveis de cumprir devido ao cansaço.

As consequências da insônia

Já aconteceu com você de sentir sono quando não deveria? Isso acontecia comigo. Embora não conseguisse dormir à noite, durante o dia muitas vezes bocejava e até adormecia nas aulas. A sonolência diurna era muito intensa.

Paradoxalmente, durante o dia, as pessoas normais fazem coisas produtivas: vão para o trabalho, escola, universidade ou saem com amigos ou parceiros. Como era odioso me sentir incapaz de fazer as coisas que as pessoas que conseguem dormir fazem normalmente.

Comecei a reprovar em todas as disciplinas. Apesar de estudar, meu desempenho caiu drasticamente. Com o tempo entendi que o sono é um processo fisiológico fundamental para a memória.

Graças ao sono, ocorre a transferência de informações retidas a curto prazo para o armazenamento de longo prazo. Ou seja, sendo incapaz de dormir, eu não conseguiu aprender novas informações.

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As maiores repercussões da insônia para mim foram ansiedade, irritabilidade, isolamento e mau humor.

Fazer terapia me ajudou

Resolvi ir ao psicólogo. Posso dizer que tive sorte porque algumas pessoas têm dificuldade em acessar a um atendimento psicológico eficaz e acessível. Na consulta aprendi o que significava ansiedade e como a ruminação estava influenciando meu sono.

Ir ao psicólogo foi uma das experiências mais reconfortantes que já vivi. A experiência de estar em um ambiente seguro, sem se sentir julgado, e poder “soltar” é radicalmente libertadora.

Na terapia aprendi que falar dos problemas com os outros não é para gente fraca. Falar das coisas que me faziam sentir frágil e indefeso fez com que os óculos com os quais eu via a vida tivessem lentes mais gentis.

Na consulta aprendi certos comportamentos que tive que mudar. Quando você tem insônia, você olha para o relógio? Este foi o primeiro deles. Verificar que horas são quando temos insônia é uma das piores opções.

Uma das cadeias de pensamento que eu costumava ter era: “Já são 3:00 da manhã? Não vou dormir o suficiente! Tenho que dormir bem para poder atuar de forma eficiente, então já foi, amanha não vou conseguir”. Definitivamente, olhar as horas no relógio era muito contraproducente.

Evito olhar a hora que o relógio marca quando tenho insônia, porque ele age como a gasolina que se joga no fogo para que queime mais.

Com o tempo aprendi que dormir… É ingovernável! Em troca, entendi também que medidas podem ser tomadas para facilitar essa situação, como ter uma rotina noturna ou fazer exercícios. Também cansar um pouco o cérebro com um pouco de leitura, ao invés de ser um sujeito passivo diante de uma tela.

A sombra da insónia continua a visitar-me de vez em quando, mas agora tenho ferramentas para a combater: faço exercício, procuro jantar leve e cedo; e coloquei em prática um exercício que aprendi em consulta com minha psicóloga chamado “adiar a preocupação“, que consiste em “decidir transferir conscientemente” o momento em que penso nas coisas, no dia seguinte pela manhã, e funciona!


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  • Sarrais, F., & de Castro Manglano, P. (2007). El insomnio. In Anales del sistema sanitario de Navarra (Vol. 30, pp. 121-134). Gobierno de Navarra. Departamento de Salud.
  • Terrés, B., Cabañero, E. D., Vivas, C. G., Parreño, B. G., Castaño, S. D., Gesler, M. A., … & Rovira, E. L. (2022). Variables asociadas al éxito de la terapia cognitivo conductual grupal para el insomnio: resultados preliminares. Actas españolas de psiquiatría, 50(5), 233-240.

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