Sou muito mais do que "esse rótulo": excesso de peso e saúde

Sou muito mais do que "esse rótulo": excesso de peso e saúde
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

Talvez, ao ver a imagem da mulher no topo deste artigo (Tess Munster, uma modelo de 120 quilos), você possa ter pensado que sim, ela é muito bonita e atraente, mas… “está gorda“. Este é o rótulo que milhões de pessoas no mundo todo precisam enfrentar todos os dias, principalmente tendo em vista que a taxa de sobrepeso parece estar aumentando ainda mais durante os últimos anos.

Enquanto isso, não podemos ignorar o fato de que a obesidade traz, sem dúvida, um risco muito alto para a saúde e que é algo que devemos controlar e evitar. Ninguém nega este fato. E este é um esforço diário ao qual se submetem todas as pessoas com excesso de peso.

No entanto, ao esforço para perder esses quilos a mais, às vezes se somam o bullying, os rótulos por vezes depreciativos e parte da rejeição de uma sociedade pautada por cânones de beleza muito excludentes, o que faz com que, sem dúvida, muitos se sintam deprimidos.

Assim, vamos pensar nos nossos adolescentes, nas jovens com excesso de peso que são vítimas de bullying escolar, incapazes de sair desse círculo onde a baixa autoestima, o isolamento social e os pensamentos distorcidos sobre a própria imagem se tornam pouco mais que uma prisão onde, às vezes, “comer” é a única maneira de encontrar alívio.

Por isso, é importante não só lidar com o problema do excesso de peso a partir de um ponto de vista nutricional, com estratégias para implementar mudanças de hábitos, de alimentação, de evitar o sedentarismo… Também seria vital oferecer ferramentas psicológicas para construir pontes, para resolver conflitos internos e para enfrentar a situação de forma mais eficaz.

Veremos como isso pode ser feito.

Estratégias psicológicas para lidar com o excesso de peso

Em primeiro lugar, devemos enfatizar que cada pessoa tem a sua própria história, um contexto e uma personalidade que, sem dúvida, fará com que sejam necessárias diferentes ferramentas para cada caso. Para isso, é importante termos em mente todas estas situações:

1. O apoio das pessoas ao nosso redor

A obesidade, em grande parte dos casos, tem um componente genético. Por isso, é interessante também conhecer quais são os hábitos que geralmente são mantidos nesse contexto.

Podemos decidir fazer uma dieta, melhorar a nossa alimentação e evitar o que é prejudicial para nós. No entanto, se não encontrarmos apoio nas pessoas ao nosso redor, será muito difícil cumprir com esses objetivos. Se este for o seu caso, estabeleça um limite entre você e aqueles ao seu redor que não te entendem.

Pense que perder peso é ganhar saúde, é melhorar a sua qualidade de vida e ter uma visão melhor de si mesmo. Todo esforço, todo limite que você estabelecer consigo mesmo e com os outros, valerá a pena. Afinal, você vai ganhar em saúde e autoestima.

2. Corrigir pensamentos distorcidos

“Eu sou assim mesmo, sempre serei gordo(a)”. “Sou desagradável para os outros, ninguém nunca vai me notar”. “Eu nunca serei tão magro(a) quanto meus amigos/minhas amigas, como aquela atriz, como aquela modelo…”

Todos estes são pensamentos distorcidos que não vão nos ajudar em nada. Eles são devoradores da motivação e destruidores da autoestima. O seu objetivo é atingir o seu peso ideal, aquele que não implica qualquer risco para a sua saúde e, para isso, você precisa estar ciente de que não é necessário chegar à “magreza extrema” que às vezes nos vendem. Afinal, isso não é beleza e muito menos saúde.

excesso de peso (2)

3. Estilos de comunicação e habilidades sociais

Como você se relaciona com o mundo? Você se sente inseguro(a)? Você geralmente oscila entre períodos de grande passividade e momentos em que deixa escapar a sua agressividade? É necessário que você aprenda a se expressar, a controlar as suas emoções sem evitar se isolar e também sem chegar a esses momentos de raiva. Afinal, a raiva e o desespero podem fazer com que você tenha mais ansiedade para comer.

Portanto, administre as suas emoções, desenvolva as suas habilidades sociais. Se quiser, use como inspiração a modelo no topo deste artigo. Tess Munster sofreu bullying escolar durante a infância e a adolescência, tendo que mudar de estado para começar do “0”, para deixar o sofrimento de lado e seguir adiante.

Ela estudou fotografia e, pouco a pouco, percebeu que o rosto dela era atraente, que o seu corpo não era uma prisão e que não tinha vergonha de mostrá-lo. Atualmente, ela está na capa das revistas; seu rosto transmite equilíbrio e satisfação. Disso vem o seu apelo.

4. Há ansiedade? Talvez uma depressão oculta?

Em muitas ocasiões, o excesso de peso esconde, na verdade, processos psicológicos mais graves que passam despercebidos. Assim, a pessoa procura atendimento médico para receber uma dieta, para ser encaminhada a um nutricionista. No entanto, não consegue seguir essas orientações dietéticas. Por que razão?

-Recorre-se aos episódios de compulsão para saciar a ansiedade ou a frustração.

-Porque somos incapazes de superar um luto, uma perda, um fracasso, um amor não correspondido ou qualquer outro processo que não conseguimos administrar adequadamente.

Assim, por trás de alguns quilos a mais e do excesso de peso, às vezes há muitos processos internos que precisamos saber reconhecer para que possamos enfrentá-los. Também não deixe de pedir ajuda quando precisar. Procure força e motivação em si mesmo e nunca deixe de se amar. Afinal, você é mais do que um rótulo.

Cuide-se por dentro e por fora.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.