Tecnoestresse: as consequências do abuso das novas tecnologias

Sempre conectados, sempre disponíveis, sempre no 'modo multitarefa'. Estas disposições atuais podem nos fazer sentir sobrecarregados e angustiados. Isso é chamado de "tecnoestresse". Em casos graves, pode até levar ao vício.
Tecnoestresse: as consequências do abuso das novas tecnologias
Bernardo Peña Herrera

Escrito e verificado por o psicólogo Bernardo Peña Herrera.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Você sabe o que é o tecnoestresse? As novas tecnologias trouxeram mudanças em todos os âmbitos, desde sociais até culturais e econômicos. Não há dúvida sobre os seus benefícios, que tanto em nível comunicacional quanto relacional e informativo são múltiplos e tornam a vida muito mais fácil.

No entanto, a má gestão do seu uso, bem como o tempo que gastamos com elas, podem levar a diferentes tipos de problemas como a nomofobia, a síndrome de FOMO e o tecnoestresse, tema deste artigo.

“Tornou-se terrivelmente óbvio que a nossa tecnologia superou a nossa humanidade”.
– Albert Einstein –

Vício em celular

O que é tecnoestresse?

Em 1984, Craig Brod definiu este fenômeno pela primeira vez como “uma doença de adaptação causada pela falta de habilidade para lidar com as novas tecnologias do computador de forma saudável“.

Em 1997, Larry Rosen e Michele Well popularizaram o termo graças ao seu livro ‘Tecnoestresse: lidando com a tecnologia em casa, no trabalho e no lazer’. Neste caso, os autores explicaram o tecnoestresse como o impacto negativo da tecnologia, seja direta ou indiretamente, nas atitudes, no pensamento, na fisiologia ou comportamento de um indivíduo.

Como podemos ver, o tecnoestresse é um estado psicológico negativo relacionado com o uso das tecnologias. Na verdade, de acordo com a psicóloga Marisa Salanova, este estado resulta da percepção de uma incompatibilidade entre as exigências e recursos do uso das TICs que provocam no indivíduo níveis de desconforto, atitudes negativas e elevados níveis de ativação psicofisiológica.

Assim, o tecnoestresse é o resultado da má gestão da tecnologia juntamente com outros fatores como falta de autocontrole e baixa tolerância à frustração.

Causas do tecnoestresse

As causas que provocam o tecnoestresse podem ser variadas. Em geral, elas têm a ver com a idade e a geração à qual a pessoa pertence. Entre elas encontramos:

  • O excesso de informação e a demanda de conhecimentos.
  • A necessidade de estar sempre conectado.
  • A necessidade de estar sempre acessível.
  • Recusar o uso da tecnologia por perceber a falta de habilidade de lidar com ela.
  • A dependência das novas tecnologias. Ou seja, a incapacidade de se desconectar e gerenciar com eficiência o seu tempo de uso.

Dependência e tecnoestresse

Como apontam os pesquisadores Salanova, M., et al. (2007), as novas tecnologias oferecem uma estimulação sensorial imediata, tanto ao jovem quanto ao não tão jovem.

No entanto, estar ativado fisiológica e sensorialmente por muito tempo seguido pode ter consequências perniciosas a nível físico e mental. Acredita-se que essas consequências interferem no funcionamento normal da pessoa.

Como essa dependência se desenvolve?

  • Primeiro, cria-se uma tolerância. Ou seja, cada vez você precisa estar mais tempo conectado e em contato com as novas tecnologias.
  • Em segundo lugar, cria-se uma dependência. Portanto, a pessoa procurará estar em contato constante com esses objetos que lhe proporcionam estímulo sensorial.
  • Finalmente, pode ter início uma verdadeira síndrome de abstinência. De fato, para pessoas viciadas em tecnologia, a privação de elementos tecnológicos geralmente lhes causa inquietação, ansiedade, irritabilidade e outros sintomas relacionados.

Por que as novas tecnologias nos atraem tanto?

De acordo com várias opiniões de especialistas, essa atração se baseia no modo como a estimulação é apresentada por essas tecnologias. A recompensa rápida e a sobrecarga de estimulação em constante mudança fazem com que o circuito cerebral de recompensa seja ativado.

Portanto, essa estimulação constante seria capaz, pelo menos a princípio, de nos proporcionar prazer e captar a nossa atenção. Portanto, elas são muito atraentes para nós e difíceis de ignorar.

Tecnoestresse

Tratamento para o tecnoestresse

Em casos particularmente sérios, seria aconselhável a terapia psicológica e, em especial, a terapia de exposição com prevenção de resposta – uma estratégia comportamental que geralmente é benéfica para o tratamento de vícios. No entanto, para casos mais leves, recomenda-se o seguinte:

  • Reservar algum tempo para promover as comunicações presenciais.
  • Desconectar-se das novas tecnologias para praticar esportes ou se dedicar a um hobby.
  • Aprender somente a usar as tecnologias que lhe são úteis.
  • Impor um horário para interagir com as tecnologias.
  • Usar as tecnologias para realizar tarefas específicas; nunca as utilizar porque está entediado ou não tem nada para fazer.

É evidente que, em alguns setores, as novas tecnologias fazem muito bem ao ser humano. Longe de condená-las, devemos nos parabenizar pelo nosso progresso técnico e por termos feito do mundo um lugar com menos barreiras.

No entanto, é muito importante fazer um uso racional desses dispositivos e não deixar de lado as nossas interações humanas.


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  • Gumbau, Susana Llorens, Marisa Salanova Soria, and Mercedes Ventura. “Efectos del tecnoestrés en las creencias de eficacia y el burnout docente: un estudio longitudinal.” Revista de orientacion educacional 39 (2007): 47-65.
  • Llorens, S., M. Salanova, and M. Ventura. “Guías de intervención: Tecnoestrés [Intervention guidelines: Technostress].” Madrid: Síntesis. (2011).
  • Salanova, M., et al. “El tecnoestrés: concepto, medida e intervención psicosocial.” Nota técnica de prevención 730 (2007).
  • Salanova Soria, Marisa. “Trabajando con tecnologías y afrontando el tecnoestrés: el rol de las creencias de eficacia.” Revista de Psicología del Trabajo y de las Organizaciones 19.3 (2003).
  • Selva, José María Martínez. Tecnoestrés: ansiedad y adaptación a las nuevas tecnologías en la era digital. Paidós, 2011.

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