A fascinante teoria da atribuição errônea de Dutton e Aron

A teoria da atribuição errônea indica que, às vezes, atribuímos as causas do que sentimos ou experimentamos a aspectos que não correspondem à realidade. Isso foi evidenciado em um experimento clássico, realizado pelos psicólogos Donald Dutton e Arthur Aron.
A fascinante teoria da atribuição errônea de Dutton e Aron
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Escrito por Edith Sánchez

Última atualização: 01 junho, 2023

O experimento de Dutton e Aron, que deu origem à teoria da atribuição errônea, é um dos mais clássicos da psicologia. Ele tem a ver com a atração entre dois seres humanos e nos ajuda a compreender que, às vezes, o cérebro funciona de maneira surpreendente.

A atração e o amor são sentimentos complexos em que emoções, educação, atitudes, mas também hormônios e neurotransmissores estão envolvidos.

O experimento de Dutton e Aron nos mostra até que ponto as ‘borboletas no estômago‘ são enganosas. A verdade é que, às vezes, o que condiciona a atração são razões que têm mais a ver com a química do cérebro do que com o gosto pessoal.

A teoria da atribuição errônea é uma derivação da teoria da atribuição, proposta pelo psicólogo Fritz Heider em 1958. Ela também deu origem à teoria do erro fundamental de atribuição de Lee Ross e à teoria da dissonância cognitiva de Leon Festinger.

Em parte, essas teses foram retomadas por Dutton e Aron em seu famoso experimento.

“A sua pele me atrai com a gravidade de todo o cosmos que sofre a sua negra eternidade impenetrável”.
– Gioconda Belli –

Os enigmas do cérebro humano

A teoria da atribuição

Fritz Heider propôs a teoria da atribuição. De acordo com ela, naturalmente tendemos a fazer atribuições causais dos eventos/mudanças que observamos.

Ou seja, buscamos incansavelmente o porquê de as pessoas agirem de uma determinada forma. Fazemos isso automaticamente. O problema é que não paramos para pensar no quanto essas atribuições são válidas.

Por sua vez, o erro fundamental de atribuição consiste no fato de que superdimensionamos os condicionadores internos das pessoas para agir (por exemplo, sua personalidade) em vez de olharmos mais para os fatores externos.

Por outro lado, quando explicamos o nosso próprio comportamento, damos mais valor a fatores externos do que a motivações internas.

Tudo isso também é expresso no fenômeno da dissonância cognitiva. Simplificando, se estamos em uma situação em que duas crenças ou comportamentos entram em conflito, tendemos a inventar razões para harmonizá-las.

Por exemplo, se alguém se engana, pode acabar acreditando que “o outro está ainda mais enganado”.

O experimento de Dutton e Aron

O experimento de Donald Dutton e Arthur Aron também é conhecido como o experimento da Ponte Capilano. O que esses psicólogos fizeram foi usar duas pontes.

A primeira delas foi uma pequena ponte, muito sólida e moderna. A outra, por outro lado, estava localizada no Cânion de Capilano, a 70 metros de altura. Era uma ponte velha, que se balançava com o vento e tremia a cada passo.

Havia dois grupos de homens. Cada grupo foi convidado a atravessar uma das pontes, respectivamente. Ambos conheceram uma mulher muito atraente no meio da ponte.

Ela disse a eles que estava estudando sobre as paisagens, uma desculpa para pedir que descrevessem parte do que viam. No final, em uma atitude de flerte, ela lhes dava o seu telefone.

O resultado foi que os homens que cruzaram a ponte curta e segura quase não deram importância à entrevistadora. No entanto, aqueles que atravessaram a ponte perigosa ligaram para a garota e ficaram muito interessados ​​nela. Por que houve essa diferença?

A teoria da atribuição errônea

Esse experimento nos permitiu verificar que, às vezes, o cérebro nos engana. Aqueles que estavam atravessando a ponte perigosa sentiram uma dose adicional de adrenalina.

Portanto, supõe-se que encontrar uma mulher atraente no meio de sua jornada tenha tido um impacto muito positivo sobre eles. Isso, por sua vez, os fez confundir o que realmente sentiam em relação à garota.

Nesse caso, é possível aplicar com perfeição o postulado da dissonância cognitiva. O sentimento de medo entrou em confronto com o estímulo de uma mulher atraente.

Os voluntários do experimento atribuíram a dose de adrenalina, juntamente com o flerte da garota, a uma forte atração por ela. As duas sensações se misturaram e produziram esse resultado.

Dessa forma, ficou provado que, em situações de risco, as pessoas tendem a criar vínculos com aqueles que estão próximos. Obviamente, isso se refere a riscos controlados, que não são extremos.

Quando a situação é terrível ou causa pânico, acontece o contrário. Os outros são vistos como outra ameaça e a tendência é rejeitá-los.


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  • Gomila, A. (2003). La perspectiva de segunda persona de la atribución mental. Azafea: Revista de Filosofía, 4.

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