Ter um parceiro nos complementa, mas não nos constrói

Ter um parceiro nos complementa, mas não nos constrói

Última atualização: 07 outubro, 2016

Desde que Aristóteles disse algo parecido como “O amor se compõe de uma só alma que habita dois corpos”, parece que a concepção de ter um parceiro foi se adaptando a isso. No entanto, o que não costumamos nos lembrar é que ele também disse:  “O homem mais poderoso é aquele dono de si mesmo”.

Tenho consciência de que ambas as afirmações estão fora de contexto e de que não sei até que ponto Aristóteles tem realmente a ver com elas, mas elas servem para introduzir o assunto deste artigo: o amor vindo de um parceiro pode ser muito benéfico, mas é bom saber que ele não é necessário.

Um parceiro não é uma necessidade, mas pode nos tornar melhores

Pensemos na seguinte situação: temos um evento muito importante no qual recomendam que nos vistamos de determinada maneira, e para o qual levaremos algum tempo tentando escolher quais acessórios ficarão melhores com determinada roupa.

“Eu não quero que você necessite de mim, quero que conte comigo até o infinito

e que isso una sua casa a minha”.

– Elvira Sastre –

parceiro companheiro

No momento em que escolhemos tais acessórios, eles complementam e potencializam o que estamos vestindo. Acontece algo parecido, mas ainda melhor, com as relações que mantemos, pois o que é potencializado está sob a nossa pele.

Os acessórios (ter um relacionamento) não são necessários, mas se decidirmos tê-los, eles nos darão outras particularidades que não teríamos sem eles. São como um acréscimo: um relacionamento é um acréscimo de vivências,  apoio  e lições a serem compartilhadas que podem fazer com que nos tornemos pessoas melhores, pois aprendemos até mesmo quando as coisas não dão certo.

“Deixe que te abrace, agora / que ainda / não estão escritas em sua pele / as mentiras do mundo / e seus lábios têm sede apenas de / formosura. / Porque só quis ser / bom e verdadeiro, / e você pode me fazer,  / deixe que eu te abrace.”

-Juan Antonio González Iglesias-

O relacionamento com independência e espaços

Ter um relacionamento, de fato, é uma sorte sempre e quando os membros do mesmo respeitem sua independência emocional e seus espaços, já que esta é a forma que precisamos para nos realizar e crescer. Ou seja, existem dentro de um relacionamento duas vidas distintas que requerem sua parte de atenção individualizada para poderem progredir em conjunto.

No momento em que percebemos que somos felizes com nossa solidão e que ninguém nos faz falta para sermos felizes, entendemos a importância dessas ideias. De fato, muitas vezes acontece que quanto mais próximo alguém quer ficar de nós, mais nós fugimos, porque nos sentimos coibidos e inclusive um pouco abusados.

ser feliz sem parceiro

Em outras palavras, o amor não é racional, mas precisamos de um pouco de cabeça se quisermos que a ideia de ter um relacionamento seja duradoura. Querer estar com alguém significa entender que, algum dia, essa pessoa pode ir embora e que nós continuaremos, doloridos, mas inteiros.

O amor é uma decisão, não um vício

O amor de casal não é um vício nem uma obsessão, mesmo que nos primeiros meses de relacionamento possa parecer assim: mergulhamos em uma nuvem na qual o tempo e o espaço se confundem, sobram motivos e razões para compartilharmos tudo com o parceiro.

A verdade é que as obsessões não são saudáveis e podem nos levar a relacionamentos tóxicos, nos quais deixamos de nos valorizar para viver em um mundo falso e alheio à verdadeira face das coisas, com os olhos vendados de ilusões.

Neste sentido, se decidimos começar um relacionamento, é porque acreditamos que estamos preparados para isso: para nos apaixonarmos por alguém e continuarmos cultivando o amor próprio. Escolhemos iniciar e escolhemos terminar porque não pertencemos a ninguém, e ninguém nos pertence… mesmo que às vezes possamos pensar que sim.

“Uma coisa eu posso jurar:

Eu, que me apaixonei por suas asas,

jamais vou querer arrancá-las de ti.”

-Carlos Miguel Cortés-


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