Terapia breve estratégica para os ataques de pânico

A terapia breve estratégica para os ataques de pânico nos ajuda a parar de intensificar os medos racionalizando nosso olhar e nos ajudando a promover mudanças adequadas.
Terapia breve estratégica para os ataques de pânico
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

A terapia breve estratégica é altamente eficiente para tratar os ataques de pânico. Este modelo de intervenção psicológica nos ajuda a colocar em prática soluções concretas e inovadoras para romper com o ciclo do medo, racionalizar angústias e assumir o controle de nossas vidas.

É, além disso, um tipo de terapia que é realizada em um curto período de tempo.

Montaigne dizia que poucas coisas dão mais medo do que o próprio medo. Isso é algo que as pessoas que sofrem de fobias, ataques de pânico e de um medo capaz de subtrair impulso e senso da própria realidade sabem muito bem.

Estas situações acontecem em dois tipos de situações:

  • A primeira é uma maneira de lidar com certos estímulos e situações de uma forma não assertiva e racional;
  • A segunda, e talvez mais problemática, tem a ver com o medo de perder o controle. É a angústia em experimentar mais uma vez uma reação psicofisiológica extrema na qual a pessoa acredita que vai sofrer um ataque cardíaco ou até mesmo falecer. Estas dinâmicas, como podemos supor, são verdadeiras prisões psicológicas.

Diante deste tipo de condições, precisamos de estratégias específicas, efetivas e que possam melhorar a qualidade de vida do paciente o mais rápido possível.

Queremos soluções úteis (e, se possível, rápidas) para os problemas das pessoas. É aqui que a terapia breve estratégica ganha uma posição relevante entre os distintos enfoques terapêuticos.

“Uma tecnologia avançada o bastante em seus efeitos não se diferencia muito da magia”.
-Arthur C. Clark-

Os objetivos da terapia breve estratégica

A psicoterapia breve estratégica é um modelo psicoterapêutico, ao mesmo tempo original e útil, centrado em soluções e desenvolvido por Giorgio Nardone. Nele, incluem-se diversos fundamentos teóricos de Paul Watzlawick. Os pilares nos quais se baseia são os seguintes:

  • Sua finalidade é ajudar a pessoa a solucionar problemas aparentemente muito complicados de forma simples;
  • Analisa as soluções que o paciente usa para enfrentar sua situação, buscando as dinâmicas que estão falhando. Ela ajuda a optar por novas estratégias para romper com tudo que você usou antes e que não ajudou;
  • Trata-se do paciente/cliente descobrir pouco a pouco habilidades e recursos que até o momento havia ignorado ou esquecido. Portanto, não se trata do profissional oferecer suas próprias soluções. É uma aliança entre duas pessoas na qual o especialista facilita a descoberta do potencial do paciente;
  • Esta intervenção terapêutica tem uma duração de 20 sessões;
  • Por um lado, eliminam-se os comportamentos disfuncionais. Por outro, induz-se uma mudança na pessoa na qual ela mesma deve construir uma nova realidade pessoal e interpessoal.

Pesquisas como as realizadas pela Universidade de Michigan comprovam sua eficácia, sendo especialmente útil não só para os ataques de pânico, mas também para a fobia social, obsessões, transtornos psicossomáticos, depressão, transtornos de alimentação, etc.

Sessão de terapia breve estratégica

Terapia breve estratégica para os ataques de pânico

A terapia breve estratégica para os ataques de pânico pretende que o paciente passe de uma homeostase alterada ou disfuncional para uma homeostase saudável.

Baseia-se na troca comunicativa para iluminar um campo no qual possa trabalhar, favorecendo, por sua vez, que a pessoa tome consciência de sua abordagem mental e comportamental pouco assertiva.

Para isso, faz uso das seguintes estratégias:

  • Propõe perguntas ao paciente para que ele defina com maior precisão a realidade de seu problema;
  • Faz uso, por sua vez, de paráfrases reestruturais. Esta técnica herdada de Paul Watzlawick é um tipo de linguagem na qual o paciente toma consciência da raiz de seus próprios acontecimentos problemáticos através das metáforas, aforismos e outras estratégias comunicativas;
  • A terapia breve estratégica para os ataques de pânico busca, além disso, evocar sensações no paciente. Experiências que, com certeza, facilitam uma mudança de consciência.
  • Essa terapia busca gerar uma aliança entre duas pessoas na qual o paciente descobrirá as estratégias errôneas que foram realizadas, como primeiro passo para que coloque em prática respostas mais assertivas.
Mão com reflexo de luz

Exemplo de uma intervenção

A seguir detalhamos uma possível intervenção no marco da terapia breve estratégica:

  • Fase de descrição do problema. O terapeuta pergunta ao paciente como ele reage toda vez que sofre um ataque de pânico. Através de uma série de perguntas, a pessoa deve identificar como ela age, o que pensa, se usa ou não algum tipo de estratégia para enfrentar a situação;
  • Com estas primeiras sessões, a pessoa deverá entender a necessidade de promover mudanças. Como Einstein dizia: “Se você busca resultados distintos, não faça sempre a mesma coisa”;
  • Fase prescritiva. O terapeuta gera uma provocação paradoxal com o objetivo de que a pessoa se sinta responsável por si própria, para que comece novos comportamentos. Recomenda-se o uso do “diário de bordo” para escrever como é seu dia a dia, quando os ataques de pânico surgem, o que os gera e como ela reage;
  • Na fase seguinte, o profissional e o paciente trabalham a experiência emocional corretiva. A finalidade é que voluntariamente e ao descobrir a responsabilidade que temos com nós mesmos, comecemos a controlar (e corrigir) o medo. O paciente entende finalmente que um fogo não é apagado adicionando mais lenha, e sim retirando pouco a pouco aquilo que gera combustão.

As mudanças começam, então, a acontecer.

Para concluir, a terapia breve estratégica para ataques de pânico está cada vez mais presente hoje em dia como um tipo de intervenção amplamente utilizada para estes casos.

Entretanto, algo que devemos entender é que não há uma tentativa de compreender por que o problema existe, e sim como ele funciona (fazer isso prolongaria a terapia). Desse modo, é possível construir soluções concretas e efetivas para cada realidade pessoal.


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  • Nardone, G. Watzlawick, P (2014) Terapia Breve Estratégica. Paidós

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.