Terapia familiar focada nas emoções (TFFE): objetivos e características
Você chegou a um ponto em que não sabe como falar com seus filhos? Você vem arrastando um relacionamento complicado com seus pais há algum tempo? Os sistemas familiares são muitas vezes tão complexos quanto caóticos, tornando-se uma das fontes mais comuns de estresse. De fato, há quem tema que certos vínculos, devido ao seu conflito e tensão, possam estar quase perdidos.
No entanto, existem abordagens terapêuticas que visam evitar a mesma coisa: angústias, discussões e aqueles ciclos de interação negativa que corroem e aniquilam o afeto. A terapia familiar focada nas emoções (TFFE) busca reparar esses atritos e laços problemáticos, trabalhando os sentimentos, empatia e estilos de apego.
Modificar as relações de um sistema familiar em crise exige navegar, sobretudo, em torno de mais de um bloco emocional. Há ressentimentos, necessidades não atendidas, raiva, solidão e desentendimentos que adquirem a crosta da raiva e do desafeto. O trabalho do terapeuta exige atingir esses núcleos dolorosos e fornecer estratégias para recuperar a segurança, a harmonia e o pertencimento.
Qualquer família que esteja lidando com problemas com seus filhos adolescentes neste momento, por exemplo, pode se beneficiar desse tipo de terapia.
Terapeutas especializados em terapia familiar focada na emoção usam a teoria do apego como um mapa para detectar esses padrões desregulados que causam problemas.
Terapia familiar focada nas emoções (TFFE): O que é?
A terapia familiar centrada nas emoções integra duas abordagens terapêuticas: humanística e sistêmica. Esse referencial teórico facilita compreender como uma família constrói sua experiência e, por outro lado, analisar seus padrões de interação. Devemos pensar que nesse tipo de dinâmica entre pais e filhos intervêm múltiplos fatores capazes de criar equilíbrios e também disfuncionalidades.
Isso significa, por exemplo, que se os pais procuram ajuda para o comportamento desafiador de uma criança, o psicólogo não se concentra exclusivamente nesse jovem problemático. Para entender qualquer conflito familiar, a perspectiva deve ser global e não reduzida. Só assim é possível analisar toda a interação naquele núcleo de pessoas que compõem o referido microssistema social, muitas vezes carregado de problemas que os próprios pais não apreciam.
O objetivo dessa abordagem terapêutica é ajudar as crianças a se conectarem com seus pais e vice-versa. Para isso, ciclos negativos de interação devem ser amortecidos e vínculos sustentados por segurança, proteção, valorização e reconhecimento mútuo por seus membros devem ser criados.
Vamos agora entender esses pilares básicos que sustentam essa terapia.
Quando os filhos não confiam na disponibilidade emocional de seus pais, muitos dos problemas familiares aparecem.
Detectar, compreender e reprocessar emoções subjacentes
Há uma tarefa essencial que deve ser realizada pelo psicólogo especializado em terapia familiar focada nas emoções. Os membros dessa estrutura familiar devem entrar em contato com suas sensações internas, com seus sentimentos e necessidades. É muito comum arrastar silenciosamente frustrações, ansiedades, ressentimentos, medos, desejos, tristezas…
Pais e filhos devem aprender a verbalizar suas emoções. Somente quando conseguimos que as pessoas acessem esses estados primários, os compreendam e os processem, a angústia é atenuada. E não só isso. Também é decisivo promover a empatia entre os membros daquele sistema familiar em crise. Compreender e sintonizar a realidade do outro facilita a compreensão, o diálogo e a proximidade.
Descubra o estilo de apego que domina essa estrutura familiar
Um dos objetivos da terapia familiar focada nas emoções é obter informações sobre a qualidade do apego entre pais e filhos. Quando uma criança percebe uma resposta distorcida em suas necessidades de afeto e validação, surgem problemas. A falta de apego saudável alimenta a má comunicação, sentimentos de raiva das crianças, falta de empatia dos pais, etc.
Em uma família há muitas realidades sob as palavras que não são comunicadas.
Que habilidades podem ser aprendidas com a terapia familiar focada nas emoções (TFFE)?
Pesquisas da City University of New York indicam que esse tipo de terapia é ideal para famílias com filhos adolescentes. Há também um grande suporte empírico para sua eficácia em lidar com tudo, desde distúrbios da infância até períodos de grande estresse e turbulência familiar.
Se nos perguntarmos agora quais são as habilidades que podemos aprender com os terapeutas nesse tipo de terapia, deve-se notar que elas são múltiplas:
- Aprenderemos a nos comunicar com nossos filhos ou nossos pais. Muitos de nós podem ser hábeis em dialogar e chegar a acordos com amigos ou colegas de trabalho. No entanto, dentro de uma família tudo muda. E isso muda porque há sentimentos confusos e padrões de reação negativa que se tornaram crônicos ao longo do tempo.
- Como membros de um sistema familiar, vamos parar de atribuir culpas para começar a procurar soluções.
- Vamos nos capacitar em uma boa gestão emocional para diluir conflitos e construir pontes de entendimento.
- Criaremos padrões de interação mais positivos.
- Conseguiremos nos sentir mais conectados, compreendidos e seguros. Descobriremos como expressar necessidades, como parar de acusar uns aos outros para criar cenários mais estimulantes em empatia e afeto.
As três fases da terapia
A terapia familiar focada nas emoções é uma estratégia psicológica eficaz e de curto prazo. Em média, resultados bem sucedidos são alcançados com uma média de 4 a 12 sessões de uma ou duas horas por semana. É verdade que cada família tem suas particularidades, mas é comum alcançar bons resultados por meio de três fases bem específicas:
1. Diminuição da angústia familiar
- O psicólogo identificará os padrões de interação negativos que dominam essa família.
- Obterá informações sobre o tipo de apego dominante entre os referidos membros.
- As emoções que causam essas interações problemáticas serão identificadas.
- Estratégias serão dadas à família para desbloquear essas emoções não gerenciadas e iniciar interações mais positivas.
2. Reestruturação do relacionamento familiar
- Ajudar cada membro a descobrir suas necessidades e expô-las a seus pais ou filhos.
- Promover um estilo de apego saudável entre os membros dessa unidade familiar.
- Reestruturar a relação familiar, transmitindo estratégias para favorecer o apoio, a compreensão, a atenção às necessidades de cada um…
3. Consolidação
Uma vez que o relacionamento familiar melhora, novos problemas ou desafios podem surgir para serem resolvidos. No entanto, essas pequenas crises já são abordadas de uma posição mais segura. Pais e filhos aprenderam a expor e falar sobre suas emoções e necessidades, portanto, tudo o que resta é consolidar um pouco mais os padrões positivos.
Para concluir, há muitas famílias que correm o risco de se separar. Há pais que desistem de seus filhos e filhos que se separam de seus pais. São realidades tão comuns quanto tristes. É interessante saber que existem estratégias muito válidas e enriquecedoras para evitar que isso aconteça.
A terapia focada nas emoções, em vez de olhar para os problemas, capacita os membros da família a serem capazes de resolver esses desafios. É uma abordagem que valida, acompanha e permite florescer em muitos aspectos.
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