Testes psicológicos: características e funcionamento


Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González
As provas ou testes psicológicos são as ferramentas utilizadas pelos psicólogos para medir as variáveis das quais eles precisam ter conhecimento. Assim como uma balança serve para medir o peso, a psicologia tem instrumentos que permitem conhecer alguns parâmetros sobre a ansiedade, as emoções e a personalidade, entre outros. Entretanto, estes testes só são úteis se cumprirem com alguns padrões de qualidade.
Assim, todo instrumento de medição se baseia na fórmula X=V+E. Nela, X representa a medição dada pelo teste, a qual é a soma de V (a pontuação real), mais E (o erro de medição). Esta equação tão simples mostra uma forma de avaliar a qualidade dos testes psicológicos. Através dela, podemos construir instrumentos onde X e V sejam muito similares em todos os sujeitos. Por outro lado, é importante mencionar que o estudo de como medir as construções psicológicas é denominado psicometria.
O que devemos fazer para construir um bom instrumento? Que indicadores temos para saber se os testes psicológicos são bons ou ruins? Para responder a estas perguntas, vamos falar dos aspectos que precisam ser levados em conta na hora de confeccionar um bom instrumento. Além disso, também vamos explicar os conceitos de validade e confiabilidade, os quais vão nos mostrar a qualidade do teste. Vamos nos aprofundar nisso.

Como criar um teste psicológico?
A construção de um teste psicológico é um processo trabalhoso que leva muitas horas de trabalho e pesquisa. Antes de começar o processo de construção do teste, é preciso responder a três perguntas essenciais:
- O que queremos medir com ele?
- Para quem será o teste?
- Para que servirá o teste?
A primeira pergunta nos permite conhecer a variável objeto de estudo. Pode parecer simples definir bem o que se quer medir, mas se isso não for feito corretamente, pode levar a uma grande confusão. Um exemplo histórico disso aconteceu com a inteligência: começaram a ser feitos diferentes instrumentos para medi-la, mas ninguém a definiu. Ainda continuamos sofrendo as consequências disso, tendo milhares de definições diferentes de construção de inteligência e diversos testes que medem coisas distintas.
Um aspecto muito importante na hora de definir um ponto a ser mensurado é conhecer através do que ele será medido. As construções psicológicas não podem ser observadas diretamente (pense, por exemplo, na ansiedade), mas podemos medi-las através dos comportamentos gerados por elas. Portanto, é preciso deixar os comportamentos manifestados pelas variáveis de objeto do estudo bem claros.
A segunda pergunta é útil para adaptar o teste para as pessoas que queremos medir. Obviamente não podem ser feitos testes psicológicos que tenham o mesmo valor para todas as idades e condições. Sendo assim, é essencial saber como é a população objetivo e adequar o instrumento às necessidades e qualidades dos sujeitos.
Todo teste é construído com um objetivo, e inclusive podem ser muitos os objetivos, tal como diagnosticar um transtorno, selecionar pessoas, pesquisar, etc. A terceira pergunta serve para focar o instrumento para a sua utilidade.
Embora dois testes busquem medir a mesma coisa, podem se diferenciar muito se o seu objetivo for diferente. Por exemplo, se o que buscamos é medir a inteligência, não podemos usar o mesmo teste para detectar crianças superdotadas ou deficiências.
Assim, as respostas para estas três perguntas formam a base de qualquer teste psicológico. É essencial ter um estudo aprofundado destas perguntas se quisermos construir um instrumento válido e confiável.
A qualidade dos testes psicológicos
Em psicometria, na hora de medir se um teste cumpre sua função, existem dois indicadores fundamentais. Estes indicadores são a validade e a confiabilidade. Ao longo da história foram criadas muitas fórmulas estatísticas para calcular e comprovar a qualidade dos testes. Mas, o que significam estes dois conceitos?
A validade de um teste
Quando falamos sobre a validade de um teste, nos referimos à capacidade que ele tem de medir o que quer medir. Ou seja, se quisermos medir o grau de ansiedade de uma pessoa, o teste será válido se medir a ansiedade, e somente a ansiedade.
Pode até parecer absurdo, em certa medida, que um teste possa medir algo que não queremos, mas quando o objetivo está mal definido, é possível que a criação do instrumento resulte em uma validade muito baixa.
Existem vários recursos estatísticos para medir a validade de um teste. Os mais comuns são a correlação do teste que queremos medir com outro, cuja validade já foi comprovada anteriormente, a avaliação do teste através de diversos especialistas e, no fim, observar até que ponto estes especialistas concordam entre si.

Confiabilidade de um teste
O grau de confiabilidade é a balança que indica a precisão que um teste tem na hora de medir seu objetivo. Ou seja, um teste será confiável quando a mesma pessoa fizer o teste duas vezes e tiver o mesmo resultado. Se o resultado for diferente cada vez que o teste for feito, isso significa que o erro de medição é tão alto que distorce os resultados. É como se cada vez que colocássemos um objeto na balança, ele tivesse um peso diferente.
Também existem diferentes estratégias para medir a confiabilidade, mas a mais conhecida é fazer o mesmo teste duas vezes com um grupo de pessoas e ver a correlação entre a primeira e a segunda medida. Uma correlação alta mostraria uma alta confiabilidade e indicaria que o teste cumpre sua função.
Por último, cabe mencionar que os testes psicológicos são utilizados em todas as áreas da psicologia, desde a mais aplicada até a pesquisa. Por essa razão, é essencial que a sua confecção seja totalmente controlada para que os resultados sejam válidos e confiáveis.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.