Transtorno ciclotímico: sintomas, causas e tratamento

Transtorno ciclotímico: sintomas, causas e tratamento
Francisco Pérez

Escrito e verificado por o psicólogo Francisco Pérez.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A característica principal do transtorno ciclotímico é uma alteração crônica e flutuante do humor. Todos nós conhecemos alguém que, dizendo coloquialmente, muda com frequência de humor, passando da tristeza para a alegria em questão de poucos dias.

Pois bem, estas pessoas poderiam estar sofrendo de um transtorno ciclotímico, mas não necessariamente, é claro. O estado de ânimo de uma pessoa com transtorno ciclotímico flutua entre os estados de “felicidade” exagerada e os estados depressivos. Ou seja, existe uma marcante mudança de humor que a maioria das pessoas não consideraria “normal”.

É importante saber diferenciar o transtorno ciclotímico de um transtorno bipolar. O transtorno bipolar tem maior gravidade, porque seus sintomas são mais sérios. No transtorno ciclotímico, nunca se cumprem os critérios de um episódio depressivo maior, maníaco ou hipomaníaco, segundo o Manual de Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-V).

Quais são os critérios a serem cumpridos para diagnosticar um transtorno ciclotímico?

Segundo o DSM-V, os critérios diagnósticos são os seguintes:

  • A. A presença, durante pelo menos 2 anos, de diversos períodos de sintomas hipomaníacos e períodos de sintomas depressivos que não cumprem os critérios para um episódio depressivo maior.

Observação: Nas crianças e adolescentes a duração deve ser de, pelo menos, 1 ano.

  • B. Durante um período de mais de 2 anos (1 ano em crianças e adolescentes), a pessoa não deixou de apresentar os sintomas do critério A durante um tempo superior a 2 meses.
  • C. Durante os primeiros 2 anos da alteração, não se apresentou nenhum episódio depressivo maior, maníaco ou misto.

Observação: Depois dos 2 anos iniciais do transtorno ciclotímico (1 ano em crianças e adolescentes), pode haver episódios maníacos ou mistos justapostos ao transtorno ciclotímico (em cujo caso se diagnosticam ambos transtornos, o ciclotímico e o transtorno bipolar I) ou episódios depressivos maiores (em cujo caso se diagnosticam ambos transtornos, o ciclotímico e o transtorno bipolar II).

  • D. Os sintomas do critério não podem ser explicados melhor pela presença de um transtorno esquizoafetivo e não estão justapostos a uma esquizofrenia, um transtorno esquizofreniforme, delirante ou psicótico não especificado.
  • E. Os sintomas não ocorrem devido aos efeitos fisiológicos diretos da administração ou do consumo de uma substância (por exemplo, uma droga, um medicamento, etc), ou uma doença médica (por exemplo, o hipertireoidismo).
  • F. Os sintomas provocam mal-estar clinicamente significativo ou uma deterioração social, profissional ou de outras áreas importantes da atividade do indivíduo.
Máscara

Características diagnósticas

Como dissemos antes, o transtorno ciclotímico implica uma alteração crônica e flutuante do humor. Acarreta inúmeros períodos de sintomas hipomaníacos e períodos de sintomas depressivos, diferenciados entre si. A hipomania é um termo que define estados de ânimo exaltados que não chegam a ser maníacos, mas que provocam quadros de irritação e atitudes compulsivas leves.

Os sintomas da hipomania passam inadvertidos na maioria das vezes, primeiro porque o próprio paciente se sente estável (inclusive ele acredita ter um “grande dia” e estar em “posse da razão” diante dos outros) e segundo, porque nem sempre provoca uma deterioração significativa em seu entorno profissional, familiar ou social.

Contribuindo para a dificuldade na sua detecção, a hipomania se confunde às vezes com uma simples “alegria” ou uma leve hiperatividade pontual. A mania, por outro lado, se define como o oposto da depressão. O paciente parece eufórico e exaltado, com um humor exagerado.

Além disso, no transtorno ciclotímico os sintomas depressivos são insuficientes em número, gravidade, generalização ou duração para cumprir os critérios de um episódio depressivo maior. Realiza-se o diagnóstico de transtorno ciclotímico só se não se cumprem os critérios de episódio depressivo maior, maníaco ou hipomaníaco. Isto é muito importante, porque é o que o distingue de um transtorno bipolar.

Homem com transtorno ciclotímico

Desenvolvimento e curso do transtorno ciclotímico

O transtorno ciclotímico começa, normalmente, na adolescência ou idade adulta precoce. Às vezes, reflete uma pré-disposição temperamental para outros transtornos bipolares. O começo do transtorno ciclotímico costuma ser gradual, e o curso é persistente. Existe um risco de 15-50% de que o paciente com um transtorno ciclotímico desenvolva, posteriormente, um transtorno bipolar.

Se o começo dos sintomas hipomaníacos ou depressivos ocorre na idade adulta tardia, antes do diagnóstico como um transtorno ciclotímico será necessário distingui-lo claramente do transtorno bipolar e dos transtornos relacionados devido a outra afecção médica (por exemplo, a esclerose múltipla).

Nas crianças com transtorno ciclotímico, a idade média de início são os 6 anos e meio. Como já vimos, o transtorno ciclotímico é algo parecido com o irmão mais novo do transtorno bipolar. Existe uma marcada mudança de humor, que não se considera normal, mas que tampouco chega a ser tão drástica como no transtorno bipolar.

Referências bibliográficas

  • American Psychiatry Association (2014). Manual diagnóstico y estadístico de los transtornos mentales (DSM-V), 5ª Ed., Madrid: Editorial Médica Panamericana.

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  • Amerikan Psikiyatri Birliği (2014). Manual diagnóstico y estadístico de los trastornos mentales (DSM-5), 5ª Ed. Madrid: Editorial Médica Panamericana.


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