Transtorno de apego reativo na idade adulta: o que é e quais são suas consequências?

O transtorno de apego reativo na idade adulta é uma entidade clínica significativa que gera muitos problemas. É a fonte de uma boa dose de sofrimento.
Transtorno de apego reativo na idade adulta: o que é e quais são suas consequências?
Ebiezer López

Escrito e verificado por o psicólogo Ebiezer López.

Última atualização: 12 novembro, 2023

O transtorno de apego reativo é um transtorno que afeta a forma como nos relacionamos com os outros. Geralmente é diagnosticado e tratado durante a infância, quando os sintomas são mais aparentes. No entanto, há casos em que isso não ocorre, e é nesses casos que vemos as consequências do transtorno de apego reativo em adultos.

A boa notícia é que também é possível trabalhar os problemas associados ao apego em adultos. Assim, se aprendermos a reconhecer os efeitos dessa condição na idade adulta, poderemos detectá-la e buscar a ajuda necessária.

Sintomas de transtorno de apego reativo

O transtorno de apego reativo é um problema raro que geralmente se desenvolve durante os primeiros anos de vida. Durante esta fase, os bebês desenvolvem vínculos emocionais com seus cuidadores primários. Essa informação é importante, pois dependendo do tipo de experiência que a criança tem com seus cuidadores, ela desenvolverá diferentes estilos de apego.

Seguindo essa linha, há casos em que os cuidadores também agem de forma negligente ou abusiva com os bebês ou separam-se abruptamente deles. Consequentemente, é possível que isso acabe sendo a origem de um transtorno de apego reativo, que geralmente se expressa de duas maneiras:

  • Inibido. Crianças com essa variação se recusam a iniciar ou manter contato com qualquer pessoa. Elas são vistas como tímidas, indiferentes quando faladas e suas reações emocionais são mínimas. Elas podem ter episódios de medo, tristeza, choro ou irritabilidade que aparecem sem explicação.
  • Desinibido. Ao contrário do anterior, o tipo desinibido demonstra confiança excessiva em relação aos adultos, mesmo a estranhos. Seu comportamento dá a impressão de que elas se sentem muito familiarizadas com qualquer pessoa, mesmo que seja alguém que acabaram de conhecer.
menina triste
A falta de afeto na infância e os conflitos favorecem o desenvolvimento do transtorno de apego reativo.

Consequências do transtorno de apego reativo na idade adulta

Nas crianças, esses padrões de comportamento são formados durante os primeiros cinco anos de vida. É comum ocorrer em crianças órfãs, bebês de lares problemáticos em que há violência ou abuso de substâncias.

No entanto, nem em todos os casos a condição é diagnosticada ou tratada adequadamente – é quando as consequências do transtorno de apego reativo se estendem até a idade adulta.

Problemas de identidade

Vasquez e Stenland (2016) realizaram um estudo sobre problemas comportamentais em adultos que foram adotados por estrangeiros. Os autores observam que em vários casos foi possível diagnosticar transtorno de apego reativo nesses adultos. Assim, um dos efeitos que os pesquisadores puderam observar nas pessoas com o transtorno é que muitas vezes elas sentem que não pertencem aos seus grupos familiares.

Nesse sentido, os pesquisadores apontam que, durante a infância, a família é um grupo de referência para a identidade; adultos adotados que precisam internalizar e integrar uma realidade complexa nesse sentido podem ter problemas com sua identidade.

Os participantes do estudo geralmente pesquisavam seus antecedentes, com muitos relatando que se identificavam mais com a cultura de seu país natal. Isso, assim, tornou-se uma espécie de paraíso perdido.

Isolamento social e desconfiança

Conforme explicado anteriormente, as crianças com transtorno de apego inibido reativo tendem a evitar relacionamentos sociais. Se isso não for corrigido, é provável que acabe transcendendo sua vida adulta, gerando apenas relacionamentos superficiais ao seu redor.

As limitações se traduzem em grandes dificuldades em gerar e manter vínculos significativos com os outros. Assim, sua ideia de que os outros são pessoas más que só se preocupam consigo mesmas é reforçada.

Excesso de confiança e vínculo precoce

As pessoas com transtorno de apego reativo são caracterizadas por tentar estabelecer relacionamentos afetivos de confiança muito rapidamente. Elas queimam fases em um ritmo muito mais rápido do que uma pessoa sem o distúrbio faria.

O fato de não terem tempo para avaliar o terreno social em que se encontram leva a muitas decepções. Por exemplo, elas podem esperar o mesmo de uma pessoa com quem estão sintonizadas, mas que conhecem há duas semanas, do que de um amigo que conhecem há muito tempo.

Esse padrão de apego as leva a serem muito exigentes nos relacionamentos, pois esperam muito dos outros muito rapidamente. Com esse tipo de dinâmica, é comum encontrar algum tipo de rejeição, pois o outro pode se sentir realmente sobrecarregado com a evolução que a pessoa com o transtorno apresenta.

Falta de empatia

Devido às suas dificuldades em estabelecer vínculos afetivos com os outros, é comum que tenham dificuldade em compreender as emoções dos outros. Hall e Geher (2003) publicaram trabalhos sobre características de personalidade em crianças com apego reativo. Concluiu-se que os participantes com transtorno de apego reativo apresentaram escores de empatia mais baixos do que o grupo controle.

Problemas emocionais

Por outro lado, um sintoma frequente dessa alteração são os problemas de regulação das emoções e a instabilidade afetiva. Numa análise superficial podem parecer-nos pessoas felizes e calmas; no entanto, não é incomum que elas reajam exageradamente a qualquer evento que vá contra seus desejos.

apego reativo
Pessoas com transtorno de apego reativo têm dificuldade em regular suas emoções.

Finalmente, uma das consequências do transtorno de apego reativo na idade adulta é o grande sofrimento que ele produz (tanto na pessoa que o sofre quanto no ambiente). A falta de vínculos, a que se deve somar uma instabilidade emocional muito incapacitante, geralmente leva esses pacientes a procurarem ajuda. É nesse momento que o transtorno pode ser diagnosticado e trabalhado com diferentes estratégias.


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  • Hall, S. E. K., & Geher, G. (2003). Behavioral and personality characteristics of children with reactive attachment disorder. The Journal of Psychology, 137(2), 145-162.
  • Vasquez, M., & Stensland, M. (2016). Adopted children with reactive attachment disorder: A qualitative study on family processes. Clinical Social Work Journal, 44(3), 319-332.

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