O que é disforia sensível à rejeição?

Ninguém gosta de se sentir rejeitado. No entanto, nem todas as pessoas são capazes de encontrar uma saída, fincando presas nesse sentimento... A questão é: o que podemos fazer a respeito?
O que é disforia sensível à rejeição?
Montse Armero

Escrito e verificado por a psicóloga Montse Armero.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

A disforia sensível à rejeição é uma reação emocional extrema à percepção real ou imaginária da rejeição. A pessoa que a experimenta se sente oprimida quando é julgada, excluída ou criticada.

Desta forma ela pode se sentir fracassada diante do julgamento dos outros, achar que o mundo inteiro está contra ela ou um turbilhão de emoções desproporcionais. O sentimento é tão intenso que a pessoa permanece ancorada neste acontecimento e não consegue seguir com o restante das suas tarefas normalmente. A ruminação mental assume o controle e para essa pessoa é extremamente difícil abandonar os pensamentos negativos.

A disforia sensível à rejeição não está classificada no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), mas nem por isso é menos real. Atualmente ela é considerada como um transtorno constituído por um conjunto de sintomas que muitas vezes estão associados a outras condições, conforme veremos a seguir.

Não se sabe realmente por que algumas pessoas se sentem tão oprimidas pela rejeição. Geralmente se considera que não existe um único motivo, sim mas um conjunto de fatores que propiciam essa reação. Examinaremos mais de perto algumas das principais características deste transtorno.

Por que a sensação de rejeição nos desagrada tanto?

É normal experimentarmos emoções desagradáveis como tristeza ou raiva quando nos sentimos rejeitados. Isso faz parte da condição humana e, de fato, age a favor da nossa capacidade de adaptação.

Se viajarmos milhares de anos para o passado, quando a humanidade vivia em tribos nômades e dependia da caça e da coleta, as pessoas precisavam estar em grupos para sobreviver. Não fazer isso diminuía a chance de sobrevivência do indivíduo, devido a todos os perigos que nos ameaçavam.

Por isso, naquela época desenvolvemos uma série de estratégias para permanecer dentro do grupo. Com isso aprendemos que o nosso comportamento precisava estar ajustado ao da tribo, caso contrário corríamos o risco de sermos expulsos – ou seja, estarmos muito mais desprotegidos diante das ameaças ambientais.

Hoje em dia as circunstâncias são muito diferentes, e a nossa sobrevivência já não depende do pertencimento a uma tribo. No entanto continuamos sendo seres sociais e, portanto, podemos sentir dor emocional quando apresentamos um padrão de comportamento que não é aprovado pelas outras pessoas.

Mulher triste.

Como a disforia sensível à rejeição se manifesta?

Cada pessoa tem uma maneira diferente de vivenciar a experiência de rejeição. No entanto, alguns dos sintomas mais comuns são os seguintes:

  • Comportamento que busca aprovação.
  • Autoexigência elevada.
  • Sensação de vergonha extrema.
  • Baixa autoestima.
  • Ira.
  • Irritabilidade.
  • Agressividade.
  • Ansiedade.
  • Medo da rejeição.
  • Tristeza.
  • Desespero.
  • Necessidade controlar a situação temida.
  • Evitação do contato social.
  • Manifestações somáticas como distúrbios digestivos ou dor de cabeça.

Esses sintomas podem ocorrer ao mesmo tempo que a interação ou depois que ela já terminou. Além disso os sinais não precisam se manifestar todos ao mesmo tempo, pois isso depende de cada pessoa e da situação específica.

Quem é mais suscetível a sofrer com ela?

Existem vários perfis suscetíveis a apresentar disforia por rejeição. Por exemplo, pessoas que foram submetidas desde muito pequenas a uma forte rejeição, especialmente dos pais. Outro grupo seria o das pessoas com ansiedade social, que tendem a se sentir mal quando percebem que estão sendo avaliadas.

Outro tipo de pessoa é aquela que experimenta hipersensibilidade. Essa hipersensibilidade nem sempre está associada a pessoas altamente sensíveis; um indivíduo pode estar passando por um momento difícil, se sentindo muito mais vulnerável emocionalmente e consequentemente experimentar mais dor diante de uma rejeição. Essa hipersensibilidade pode limitar muito a vida de uma pessoa, especialmente se ela não aprender a controlar as próprias emoções de maneira adequada.

Outro grupo suscetível a experimentar disforia sensível à rejeição é o composto por pessoas que sofrem de algum transtorno do espectro do autismo (TEA); isso ocorre porque a emocionalidade delas costuma ser alta. Portanto, se percebem que são rejeitadas ou criticadas elas podem se sentir muito mais chateadas que os demais.

Finalmente, outro grupo que frequentemente experimenta disforia sensível à rejeição são as pessoas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Isso se deve à dificuldade que elas possuem de gerenciar adequadamente habilidades executivas como autocontrole ou flexibilidade cognitiva. De alguma forma as pessoas com TDAH acham mais difícil relativizar, se distanciar e sair da linha de pensamento atual.

Menino de costas com um cobertor.

Tratamento para a disforia sensível à rejeição

Não existe um tratamento pré-estabelecido para tratar a disforia sensível à rejeição. No entanto, muitas ferramentas podem ser aprendidas para ajudar essas pessoas a experimentar as próprias emoções com menos intensidade. Vejamos algumas delas.

  • Aplicar uma reestruturação cognitiva. Estar mais atento aos próprios pensamentos, detectar os mais irracionais e substituí-los por outros menos prejudiciais é uma excelente maneira de começar a lutar contra a disforia sensível à rejeição.
  • Aprender a relativizar. Colocar tudo o que acontece em perspectiva provavelmente fará com que a pessoa sinta a rejeição com menos intensidade.
  • Aumentar a resiliência. Construir um discurso de superação e força em torno das experiências negativas é uma excelente estratégia para aprender a não se vitimizar.
  • Descobrir histórias de superação. Saber que outras pessoas conseguiram melhorar a vida delas apesar dos obstáculos nos inspira a querer fazer o mesmo com a nossa.
  • Melhorar as habilidades de comunicação. Saber como expressar as emoções de forma adequada reforçará a segurança e reduzirá o medo de não saber como agir.
  • Reforçar a autoestima. Ganhar autoconfiança é uma ótima maneira de reduzir a importância da opinião das outras pessoas.
  • Levar um estilo de vida saudável. Dormir o suficiente, comer alimentos frescos e praticar exercícios regularmente nos ajudará a nos sentir melhor e a controlar as nossas emoções de forma adequada.
  • Reduzir o nível de estresse. Altos níveis de estresse podem exacerbar ainda mais a disforia sensível à rejeição, portanto, incorporar atividades como meditação ou atenção plena pode ser útil.

É importante ter em mente que ficar chateado quando alguém nos julga ou critica é normal, todos nós preferimos ser elogiados a ser rejeitados. No entanto, o normal é que as emoções incômodas que a rejeição gera desapareçam em pouco tempo.

Se no seu caso essas emoções incômodas duram dias ou você percebe que elas estão te oprimindo e condicionando o seu dia a dia, esse pode ser um bom momento para consultar um terapeuta especialista em gerenciamento emocional. Embora a disforia sensível à rejeição não tenha um tratamento predefinido, existem diversas estratégias que você pode aprender para minimizar o impacto negativo dela na sua vida.


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