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Tudo tem que ser tentado novamente, e o amor não é exceção

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Tudo tem que ser tentado novamente, e o amor não é exceção
Última atualização: 02 maio, 2017

Lendo um breve e palpitante artigo de Leila Guerriero no jornal, me encontrei com o núcleo principal dessa reflexão: o amor termina, e quando o faz, rasga aquele que ainda sente. Porém, com o tempo, nos vemos obrigados a cicatrizar e voltar a tentar.

“Diga em voz alta: “Sinto sua falta”. Maldição. Sinta que nada faz sentido e que não fará por muito tempo. Pense em morrer. Escolha não morrer. Siga em frente.”
-Leila Guerriero-

Assimilamos a dor dos golpes emocionais com as quedas porque nos derrubam, nos causam feridas, nos desorientam, e acreditamos perder as forças que temos. Por isso, qualquer fracasso, equívoco ou contratempo nos dá tanto medo: de repente, entendemos que muitos vazios são abertos no corpo e ninguém mais do que nós mesmos poderá preenchê-los de novo.

No entanto, tudo deve ser tentando novamente, e o amor não é exceção: o que está provocando mais sofrimento não é esse baque, mas sim manter-se no chão derrotado. Você pode e deve sacudir a poeira do desastre, secar as lágrimas e costurar de novo o coração: não abandone, não se abandone.

Declarar com coragem que perdemos no amor

Mais duro que o próprio término, seja por fatores biológicos ou sentimentais, talvez seja se negar a interpretar o que está acontecendo conosco: não é fácil reconhecer que estamos em um ponto no qual temos que reagir para seguir adiante. Ainda assim, você é capaz de fazê-lo, mesmo não acreditando nisso, e quando fizer, o “processo de luto” seguirá seu curso até que você se sinta plenamente bem.

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Tomar as rédeas da situação na qual nos encontramos não costuma ser fácil se ela não for, mas é um preço que temos que pagar para voltar a nos deslumbrarmos com novas oportunidades: desperte do sonambulismo frágil no qual está imerso e enfrente o medo da aceitação. Vai te custar muito menos esforços e, sem dúvidas, te garanto que valerá a pena.

Julio Cortázar dizia que “nada está perdido se você tem a coragem de proclamar que tudo está perdido”, e se pensamos bem, a superação de qualquer perda emocional significa um estado de coragem para reconhecer a realidade que nos aflige. Ter a garra suficiente para observar um raio de luz entre tanta sombra com certeza vai nos ajudar a chegar mais perto dela.

O processo prévio antes de voltar a tentar se relacionar

Em muitas ocasiões não somos conscientes de que a palavra luto não está apenas conectada à morte de um ente querido, mas também ao choque sentimental, cognitivo e fisiológico gerado pela perda. No caso de um relacionamento amoroso, as fases pelas quais passamos são as mesmas de outros casos, e sua duração depende de cada pessoa:

  • Fase de negação: se o casal que formávamos com alguém foi desfeito por algum motivo, aquele membro que resiste à separação também se nega a ter perdido o outro.
  • Fase de irritação, indiferença ou raiva: com o tempo, começa-se a reconhecer o término, mas não é possível entendê-lo. É quando surgem as culpas, o descontentamento, as causas, etc.
  • Fase de negociação: o vínculo foi rachado e isso é reconhecido, mas pode ser que algum dos membros do relacionamento continue pensando em buscar soluções que curem a união.
  • Fase de dor emocional: nestes momentos de luto as soluções não chegam e a tristeza monopoliza todos os estados possíveis. Pouco a pouco a sensação deve ir diminuindo e, caso isso não ocorra, é recomendado pedir ajuda.
  • Fase de adaptação: não há volta atrás e tudo aquilo que somos por dentro começa a se amar outra vez. A necessidade do esquecimento é aceita e a construção de novas memórias fora daquela relação começa.

Dê-se outra oportunidade, ofereça uma oportunidade

Depois da fase de adaptação correspondente ao processo de luto pelo amor em casal, você vai estar preparado para voltar a tentar outros caminhos: esta árdua jornada te ensinará a aprender sozinho, a aprender a partir dos erros cometidos e, sobretudo, lhe dará as melhores pistas para se dar conta de que você será feliz. É benéfico que aqui mencionemos a virtude de amarmos a nós mesmos para voltarmos ao amor e a nos deixarmos ser amados.

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Dessa maneira, você vai se dar outra oportunidade e vai oferecer uma oportunidade a aquele que chegue com a intenção de ficar para melhorar seu mundo: você merece esses mimos, você merece esse carinho. É verdade que talvez haja algum retrocesso, mas não vai doer mais: você olhará com espanto para o passado, com uma cara de superação que apenas um grande guerreiro tem.

Apesar de todo o sofrimento que o amor possa ter causado, não deixe que um sentimento tão bonito fique manchado por essa má experiência: nascemos para amar e, ainda que infelizmente doa, não tem nada a ver com a dor. Permita-se conhecer sua melhor versão com um novo amor. Desse modo, se você está pronto de verdade, não deixe que os medos te prendam: solte-se, deixe crescer e, se falhar, sempre há de voltar a tentar.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.