A vida é diferente após a morte de um amigo

A vida é diferente após a morte de um amigo

Última atualização: 02 agosto, 2016

A vida já não é a mesma após a morte de um amigo. O luto que devemos enfrentar requer um minucioso processo de reconstrução, esmagador e doloroso. Isso se deve ao fato de que muitas vezes esse amigo de alma é a única pessoa com quem nos abríamos emocionalmente e com quem a realidade era muito mais intensa, enriquecedora e completa.

Cada perda que somos obrigados a enfrentar ao longo da vida é única e excepcional. Sabemos, por exemplo, que nossos pais nos deixarão algum dia e que esse vazio será desolador, mas quase ninguém está preparado para isso e ainda menos para assumir que a fatalidade, o lado obscuro do destino, pode levar um amigo ou uma amiga com quem podemos traduzir em palavras as ideias mais tolas de nossas mentes.

Harold Ivan Smith é um autor especializado nesse tipo de luto, nessa reconstrução emocional e cognitiva que pode superar qualquer perda. No entanto, um dos seus livros mais conhecidos é “Grieving the Death of a Friend” (Luto pela morte de um amigo). Assim como nos explica o próprio especialista, perder uma amizade de forma traumática, para muitas pessoas, é sinônimo de ter que dizer adeus à única coisa autêntica, sincera e gratificante de suas vidas.

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O adeus a um amigo

Sabemos que não somos mais do que breves passageiros nesse mundo caprichoso, maravilhoso e, por vezes, terrivelmente cruel. Tudo o que tínhamos como certeza pode vir abaixo como um castelo de cartas de um dia para o outro. Às vezes é um acidente, e em outras ocasiões uma doença terminal que nos obriga a ver como a nossa pessoa querida se apaga aos poucos numa dura batalha.

Ter que dar  adeus a um amigo ou a uma amiga é algo que não se ensina. É como perder a metade de si e ficar órfão. Vamos tateando no escuro sabendo que não haverá mais ligações, jantares, escapadas, cafés depois do trabalho, livros para compartilhar, filmes para comentar e problemas para desabafar entre risos e lágrimas.

Um fato que também devemos ter em mente é que uma parte da população que geralmente se vê afetada pela morte de um amigo são os adolescentes. Segundo um artigo publicado pela revista “All Psychology Careers”, quase 40% dos jovens perderam um amigo ou uma amiga.

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O mais complexo dessa realidade é que, no geral, são perdas muito traumáticas. Temos que considerar a elevada taxa de suicídios que estão ocorrendo entre os jovens, ações devastadoras que têm um forte impacto em nossos filhos e filhas. Vistas essas realidades, é preciso que sejamos muito intuitivos, receptivos e hábeis na hora de lhes oferecer apoio para administrar essas situações.

Estratégias para enfrentar a perda de um amigo

Assim como afirma Harold Ivan Smith no seu livro “Luto pela morte de um amigo”, uma das chaves para assumir pouco a pouco a perda desse ser querido é o movimento. Longe de ficarmos quietos, paralisados pelo impacto dessa ferida, é imprescindível sermos capazes de chorar, desabafar, recordar, voltar aos lugares onde rimos e fomos felizes, retomar hábitos e integrar todas essas lembranças enquanto nos permitimos nos abrir de novo ao mundo.

É preciso ter bem claro também que cada um de nós enfrentará o luto de um modo distinto, de acordo com suas particularidades. Alguns reagirão com uma grande liberação emocional, outros, no entanto, levarão um pouco mais de tempo e optarão pelo silêncio, por uma necessidade de solidão mais profunda. O tempo e suas agulhas vão costurando esses pedaços vitais tão dolorosos no seu próprio ritmo.

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As chaves para o luto de uma amizade

Algumas chaves para enfrentar o luto de uma amizade são:

  • Reconheça sua dor: é importante ter plena consciência do que essa perda representa, reconhecer que vamos precisar de um tempo de recolhimento para absorver o fato acontecido, para aceitar o vazio, a ausência… Permita que sua família o apoie nesse luto e, por sua vez, converse com a família de seu amigo para lembrar-lhes quem ele ou ela foi para você. Dessa maneira, facilita-se o descarregar das emoções.
  • Focalize sua lembrança nos instantes felizes, evite reforçar os momentos mais traumáticos. Permita que essa amizade e essa lembrança sejam um presente para conservar, para honrar todos os dias voltando a esses instantes de cumplicidade e deixando que a pessoa que se foi faça parte de você, enquanto você volta novamente à vida.
  • Volte a suas obrigações, mas introduza novos costumes. Queiramos ou não, vamos começar uma nova etapa, completamente diferente. Voltaremos às nossas ocupações de sempre, mas algo que pode ser positivo é iniciar outros hábitos, a partir dos quais poderemos conhecer mais pessoas, criar expectativas outra vez enquanto deixamos que em nosso coração durma para sempre essa amizade que já é parte do nosso ser, parte de nossa essência pessoal para sempre.

Esse amigo de alma agora é a nossa lembrança, nossa memória e essa outra metade que sorri para nós de um lugar mais sereno, nos desejando o melhor.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.