A vida não é como a pintam, é como você a colore

A vida não é como a pintam, é como você a colore

Última atualização: 18 dezembro, 2016

A vida não é como outras pessoas a pintam, é como você a colore. Porque será sempre nossa atitude a atuar como o nosso melhor pincel, esse capaz de nos oferecer tonalidades de luz quando mais necessitamos. Nossa vontade será quem vai escolher pintar os dias com sorrisos antes que a amargura apareça em nós…

Algo que temos claro é que, às vezes, é a própria vida que gosta de nos trazer dias cinzentos. Momentos de escuridão absoluta. São momentos em que, apesar de acreditarmos que temos tudo sob controle e nos percebermos quase como grandes estrategistas da adversidade, sempre acontece algo que nos lembra o quão vulneráveis podemos ser.

O neurologista e psiquiatra francês Boris Cyrulnik nos oferece através dos seus livros e entrevistas um conceito verdadeiramente útil e interessante sobre a vulnerabilidade pessoal e a felicidade. Falamos acima de tudo sobre esse bem-estar que uma pessoa atinge depois de ter conhecido uma gama de claros-escuros em nossas paletas existenciais.

Ninguém está preparado/a para o sofrimento. Uma infância feliz não garante que no dia de amanhã sejamos imunes às dores emocionais. Uma infância traumática também não deve determinar nossa maturidade e nosso futuro, tal como o próprio Cyrulnik nos explicou em seu livro “Os patinhos feios e a resiliência”.

A vida pode ser muito escura em qualquer momento, disso já sabemos. Nós temos vivido. No entanto, longe de nos submeter a esses fatos, a esses traumas, temos que parar de ser vítimas das nossas circunstâncias e trabalhar todos os dias nestas realidades pessoais. Porque somos todos dignos de ser amados, de ser felizes. Todos nós devemos escolher as melhores cores para pintar o nosso horizonte.

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Os claros-escuros da vida e como enfrentá-los

Não nos damos conta, no entanto, todos temos uma maneira muito particular de “pintar” nosso dia a dia. Falamos, claro, da nossa atitude como indivíduos e desses recursos psicológicos tão particulares que usamos para encarar a adversidade. Nós interpretamos a realidade e, ao mesmo tempo, a criamos.

No entanto, é aqui onde sempre aparece o dilema. Muitas vezes costuma-se dizer que é o componente genético que nos dá essas raízes que nos empurram com mais ou menos frequência na direção do abatimento, até a depressão ou em direção a essa visão tendenciosa, a qual apenas vê dias cinzentos quando o que está brilhando é um sol sincero, imenso e reluzente.

Temos de ser claros: a genética predispõe, mas não determina. O que conta é a vontade e a nossa atitude. Tanto é assim que a doutora Rafaela Santos, autora de “Rise and Walk”, nos indica que a resiliência é uma combinação de fatores genéticos, sociais e psicológicos. No entanto, não há nada mais poderoso do que o treinamento consciente e constante com o qual podemos lidar de uma maneira positiva com as situações adversas.

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Tudo isso, sem dúvidas, nos encoraja a refletir sobre alguma outra realidade pessoal. Sabe-se, por exemplo, que os filhos podem herdar uma predisposição para a depressão e a ansiedade dos seus pais. Eles compartilham uma característica fisiológica: um circuito cerebral hiperativo.

O que nos determina não é uma estrutura em si, mas sim uma série de funções metabólicas que podem ser modificadas. Com uma atitude adequada, estratégias psicológicas e o treinamento consciente já referido, pintaremos a vida à nossa maneira.

É tempo de resiliência, é tempo de superação 

A resiliência é como a mola que impulsiona a vida. É a arte que nos dá uma certa sensação de controle diante das dificuldades. Além disso, longe de ficarmos eternamente impotentes por causa de uma infância injusta, por uma perda traumática ou esse fracasso indelével, temos a oportunidade de escolher novas cores com as quais podemos moldar o nosso horizonte.

Os especialistas em superação pessoal muitas vezes dizem que para chegar a esta capacidade, é necessário desenvolver a estratégia do domínio. Sabe-se, por exemplo, que o termo “resiliência” vem da física, e que define tais materiais capazes de recuperar a sua forma original, apesar de terem sido deformados. Agora, no campo da psicologia, ela não funciona da mesma maneira.

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Quando alguma coisa “nos deforma”, nunca iremos recuperar a nossa forma original. Não voltaremos a ser os mesmos. No entanto, ser alguém diferente não significa ser uma pessoa mais frágil, mais escura e ferida. Este é o lugar onde devemos aplicar a estratégia do domínio.

Porque a resiliência não é a capacidade de sair ileso, é a arte de dominar nossas abordagens de pensamento para criar novas emoções. É o desafio de manter a autoestima, a independência e a coragem de escolher as cores que queremos para pintar o futuro.

Três verbalizações para o dia a dia

A doutora Edith Grotberg, conhecida por criar o teste dos fatores de resiliência, foca a capacidade de recuperação com base em três verbalizações que podemos fazer no dia a dia. São as seguintes:
  • Eu tenho a capacidade para enfrentar as dificuldades. Eu tenho valores, regras de conduta, autoestima e pessoas que me amam.
  • Eu sou uma pessoa que acredita na esperança e que tem fé em si mesma.
  • Eu posso resolver problemas, comunicar, me defender, ter bons relacionamentos e lutar pela minha felicidade.

Vale a pena colocar em prática essas simples estratégias de pensamento. Não custa nada e podemos conseguir muito.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.