Viktor Frankl e seus ensinamentos sobre a resiliência, sempre tão necessários

Viktor Frankl nos ensinou a necessidade de nos transformarmos quando não podemos mudar as circunstâncias ao nosso redor. O pai da logoterapia é um exemplo de como a resiliência nos confere propósitos e pontos fortes para transitar melhor através das adversidades.
Viktor Frankl e seus ensinamentos sobre a resiliência, sempre tão necessários
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 16 fevereiro, 2022

Atualmente, Viktor Frankl e seus ensinamentos sobre a resiliência são mais necessários do que nunca. O famoso psiquiatra dizia que, enquanto estava nos campos de concentração, costumava fazer um esforço mental. Ele se imaginava em um futuro não muito distante, dando palestras para muitas pessoas explicando como lidar com o trauma de guerra.

Isso funcionou para ele; lhe permitiu encontrar um refúgio interior para manter a sua esperança a salvo, a sua força psicológica. Ele colocou um propósito em seu horizonte e transformou esse objetivo em uma âncora para se agarrar.

Ele conseguiu entender o inexplicável, desejou que o horror e o sofrimento tivessem um significado vital: um aprendizado para ensinar os outros a lidar com a dor emocional.

As suas lições e terapia psicológica nunca saíram de moda. Assim, embora Viktor Frankl não tenha falado de resiliência como tal (e sim de resistência), podemos tomar as suas lições como o substrato para entender melhor esse conceito.

“O importante não é o que esperamos da vida, mas o que a vida espera de nós”.
– Viktor Frankl –

A liberdade dos pássaros

Viktor Frankl e seus ensinamentos sobre resiliência, um legado que nos leva a refletir

O conceito de resiliência tem a sua origem no mundo da física e da engenharia. É a propriedade que certos materiais têm quando retornam ao seu estado original depois de terem recebido um impacto ou uma perturbação (seria semelhante à elasticidade dos pneus). O campo da psicologia usou esse termo para aplicá-lo ao seu estudo a partir da década de 1940.

Norman Garmezy, professor emérito da Universidade de Minnesota, em Minneapolis, foi um dos primeiros a usar essa metáfora extraída de um fenômeno físico real.

Em suas pesquisas sobre o mundo da esquizofrenia, ele descobriu algo impressionante. Os filhos daqueles pacientes que sofriam dessa condição geralmente não herdavam essa doença. Além disso, eles costumavam mostrar personalidades muito resistentes e habilidosas, com altos índices de superação pessoal.

As experiências vividas em seus lares os moldavam de uma forma que Garmezy definiu como “personalidades resilientes”. Nessa mesma época, Maurice Vanderpol, ex-presidente da Sociedade e Instituto Psicanalítico de Boston, também pôde comprovar que boa parte dos sobreviventes dos campos de concentração alemães tinha essa mesma característica. Viktor Frankl foi um desses exemplos.

O tipo de terapia que ele mesmo criou e aplicou em seus pacientes tinha esse objetivo. Ajudar as pessoas a dar um novo significado às suas vidas, criar uma personalidade mais resistente com a qual encontrar um propósito para seguir em frente. Essas seriam as chaves.

“São as nossas decisões, não as nossas condições, que determinam quem somos”.
– Viktor Frankl –

Aceitar a realidade

É sempre um bom momento voltar a Viktor Frankl e seus ensinamentos sobre a resiliência. Algo que entenderemos ao ler as suas obras e ver suas conferências é que nada é tão decisivo quanto aceitar a realidade que precisamos viver. Em muitos casos, não podemos controlar o que acontece. A adversidade costuma ter um componente caótico que nos supera.

Nesse contexto, cabe apenas a aceitação. É inútil tentar entender o “porquê”. Devemos nos concentrar no “como e para quê”. O que posso fazer para enfrentar esse desafio? O que posso aprender com essa experiência?

“O significado da minha vida é ajudar os outros a encontrar o significado das suas vidas”.
– Viktor Frankl –

Ensinamentos sobre a resiliência

Busque os seus próprios significados

Viktor Frankl conta em seus livros que a vida no campo de concentração se reduzia a se perguntar se ele poderia trocar um cigarro por um prato de sopa. Além disso, se aquele capataz sádico com quem ele trabalhava de vez em quando o mataria naquele dia ou no dia seguinte.

Em meio a esse cenário de angústia permanente, onde o absurdo e o horror eram constantes, ele decidiu encontrar algum mecanismo com o qual se sentisse motivado a sobreviver.

Ele queria encontrar significado em tudo que via, sentia e sofria. Cada uma dessas coisas é um aprendizado, ele dizia a si mesmo, e amanhã poderei usá-las para ajudar outras pessoas a superar os seus traumas. Esse era o seu propósito e isso o ajudou a viver. Portanto, em meio a todas as dificuldades, essa também deve ser a nossa estratégia.

Precisamos esclarecer quais são os nossos objetivos e lutar por eles. Assim, como o próprio Frankl falava, “uma vez que damos sentido à vida, não apenas nos sentimos um pouco melhor, mas também encontramos a capacidade de lidar com o sofrimento”.

Viktor Frankl e seus ensinamentos sobre a resiliência: atitude e transformação

A nossa atitude em relação à vida e às nossas próprias dificuldades é, segundo Frankl, o que determina a nossa capacidade de enfrentar qualquer coisa. Além disso, está em nossas mãos escolher a atitude mais apropriada: não desistir, manter a esperança e confiar que o nosso passado não deve determinar o nosso futuro.

A nossa própria atitude e a capacidade de nos transformarmos para lidar com as adversidades fazem parte desse legado de Viktor Frankl e dos seus ensinamentos sobre resiliência. Como ele mesmo explicou, não é o contexto ou as circunstâncias que nos determinam. O que realmente nos afeta são as nossas decisões e os nossos pensamentos.

Por isso, precisamos cuidar deles. Vamos manter essas ideias em mente e tentar, na medida do possível, aplicar essas lições do pai da logoterapia em nossas vidas.

“A nossa maior liberdade é a liberdade de escolher a nossa atitude”.
– Viktor Frankl –


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.