Você conhece crianças orquídea e crianças dente-de-leão?
As crianças são fascinantes. Se quem as educa e as ama sabe alguma coisa, é que elas parecem vir ao mundo já com personalidade própria. É verdade que muitas vezes falamos sobre a influência do entorno, mas é claro que há uma parte ditada pela genética que marca sua atitude na vida.
Há pequenos que não são muito afetados pelas mudanças e olham o mundo com paixão e interesse. Da mesma forma, existem crianças um pouco mais sensíveis que respondem com medo, lágrimas e estresse a quase todas as circunstâncias. Sons, a proximidade de um estranho ou mesmo estar em um lugar que elas não conhecem as deixa inquietas.
A ciência se interessa por esse fenômeno há décadas. O doutor Thomas Boyce, professor emérito de pediatria e psiquiatria da Universidade da Califórnia, dedicou sua vida ao estudo do estresse infantil. Após muitas análises, entrevistas e estudos, formulou sua interessante teoria sobre as crianças orquídeas e as crianças dentes-de-leão.
Não importa quais sejam as características das crianças, todas elas podem prosperar e ser felizes. No entanto, precisamos conhecer suas necessidades.
Crianças orquídeas e crianças dente-de-leão
Se há algo que devemos entender como pais e educadores, é que cada criança é única, excepcional e definida por necessidades particulares. Muitas vezes, em questões de criação e educação, tendemos a colocar o piloto automático assumindo que o que é bom para um filho é bom para todos. É um erro. Existem crianças orquídeas e crianças dentes-de-leão que devemos conhecer e prestar atenção.
O doutor Thomas Boyce estuda a resposta ao estresse em humanos há mais de 40 anos. Dessa forma, se há uma realidade que ele observa com frequência, é que existem pessoas que passaram por uma infância terrível e conseguem ter uma vida plena, sem consequências. Como pode ser? Por que outros, porém, carregam o peso de traumas profundos que distorcem tudo?
Em seu livro The Orchid and the Dandelion: Why Sensitive People Struggle and How All Can Thrive (2020 ), ele nos dá as respostas. Em primeiro lugar, se há uma coisa que precisamos saber é que as crianças apresentam duas respostas muito diferentes aos seus entornos: por meio da resiliência e da sensibilidade. E sua origem, aliás, é genética.
De acordo com estudos do Dr. Thomas Boyce, 80% das crianças são “dentes-de-leão”, pequeninos resilientes que são bons em controlar o estresse. 20% mostra uma alta sensibilidade às mudanças e estímulos que as cercam.
Temperamento dente-de-leão, mentes capazes de prosperar em qualquer ambiente
Além do ambiente, da criação e do contexto social em que a criança se desenvolve, há sua biologia. Fatores genéticos determinam se uma pessoa é mais ou menos resistente ao estresse. Mais tarde, sim, todos podemos aprender estratégias adequadas para lidar com as adversidades e isso nos daria uma vantagem semelhante a quem vem ao mundo com essa habilidade.
O doutor Thomas Boyce já demonstrou em um estudo que todos nós somos definidos por um tipo de reatividade biológica ao estresse. E, nesse caso, as chamadas crianças dente-de-leão são as mais resistentes. As características que essas crianças demonstram são as seguintes:
- Uma parte da população infantil é composta por crianças “dente-de-leão”.
- Seu temperamento é curioso, elas gostam de interagir com o ambiente sem muitos medos.
- São extrovertidas, pouco ansiosas e inclinadas a correr riscos.
- Elas lidam bem com o estresse e não reagem exageradamente às mudanças.
- São pequenos muito ativos, guiados pelo desejo de aprender e interagir.
- Elas também são criaturas muito ativas que não veem risco em nenhum lugar.
- Suas personalidades são muito vivas e alegres.
As crianças dentes-de-leão têm protetores genéticos mais altos para serem um pouco mais imunes ao estresse ambiental.
Crianças orquídea, pequeninos sensíveis com grande potencial
É importante considerar que um quinto das pessoas não tem escolha sobre como reagir ao estresse. Saber diferenciar entre crianças orquídea e crianças dente-de-leão é mais relevante do que pensamos. Isso nos permitiria fornecer estratégias adequadas aos primeiros para que possam atingir seu pleno potencial e se adaptar melhor a qualquer ambiente.
- Do ponto de vista biológico, as crianças orquídea apresentam maior vulnerabilidade aos estímulos. Afeta-os desde a dieta, os sons, as luzes, qualquer pequena mudança, o tipo de tecido e, sobretudo, o ambiente social que os rodeia.
- Magnificam qualquer situação, vendo-a como ameaçadora.
- Foi visto que essas crianças sofrem de doenças como asma, distúrbios como ansiedade, depressão, etc. em maior grau.
- Uma educação negligente em que os gritos são frequentes, a falta de afeto e segurança é altamente traumática para essas crianças. Obviamente é para quase todos, mas o temperamento orquídea, conforme definido pelo doutor Boyce, pode evoluir desde mais doenças a transtornos mentais no futuro.
- Esses meninos e meninas, embora sejam mais sensíveis aos aspectos negativos, também vivem com intensidade qualquer evento ou detalhe positivo. Eles florescem em ambientes felizes, seguros e estimulantes e “murcham”, por assim dizer, diante de situações minimamente estressantes.
Há crianças que são como orquídeas, reativas, delicadas e sensíveis ao seu ambiente.
Educar melhor implica conhecer as necessidades de cada criança
Há uma crítica que aparece com frequência em relação à teoria das crianças orquídea e das crianças dente-de-leão. Na realidade, crianças com uma combinação de ambos os temperamentos seriam mais nuemrosas. São as chamadas crianças tulipas, situadas em um ponto intermediário entre a fragilidade e a resiliência. Agora, seja como for, há um fato indubitável que emerge dessas abordagens.
Existe uma variável genética que não podemos controlar e que define a forma como as crianças reagem ao seu ambiente. Algumas são mais abertas e confiantes e outras, por outro lado, são mais vulneráveis a estímulos. Conhecer as particularidades de cada um dos nossos filhos é decisivo para podermos educar adequadamente e de forma sensível, inteligente e atenta.
Se percebemos neles características orquídea, vamos orientá-los a se sentirem mais seguros de si em todas as circunstâncias. Sem pressionar, sem oprimir ou julgar. A criança dente-de-leão, por outro lado, é mais aberta à experiência e impulsiva. Nesse caso, seria necessário transmitir-lhes a necessidade de serem mais ponderadas e prudentes.
Além dessas características, basta lembrar que todos são, afinal, pequeninos que precisam ser amados e protegidos para florescer. Ajamos, portanto, como os melhores jardineiros em sua educação.
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- Boyce Thomas (2020) The Orchid and the Dandelion: Why Sensitive People Struggle and How All Can Thrive. Bluebird
- Boyce, W & Ellis, Bruce. (2005). Biological sensitivity to context: I. An evolutionary-developmental theory of the origins and functions of stress reactivity. Development and psychopathology. 17. 271-301. 10.1017/S0954579405050145.
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Slagt, M., Dubas, J. S., Deković, M., & van Aken, M. A. G. (2016). Differences in sensitivity to parenting depending on child temperament: A meta-analysis. Psychological Bulletin, 142(10), 1068–1110. https://doi.org/10.1037/bul0000061