Você ainda é uma criança em seu interior?

Reconhecer a nossa criança interior implica encontrar a forma mais pura e valiosa da nossa essência. Faremos algumas reflexões a esse respeito a seguir.
Você ainda é uma criança em seu interior?
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 13 outubro, 2021

Chamamos de criança interior a imagem que temos de nós mesmos em termos de sentimentos, valorização, reconhecimento de habilidades e capacidades e, portanto, da satisfação pessoal de sermos quem somos.

Nossa criança interior foi gerada na infância e dura até hoje, às vezes causando sofrimento, dor ou problemas, geralmente devido a conflitos não resolvidos ou bloqueios emocionais. No entanto, nem tudo está perdido: podemos recuperar o nosso interior restaurando a imagem que temos de nós mesmos.

Infância, um estágio de reconhecimento

É na infância que foi criado o nosso próprio autoconceito, ou seja, a imagem que temos de nós mesmos, e isso aconteceu a partir do que nossos pais projetaram em nós e pelas experiências e circunstâncias que vivemos.

Menino com objetos pensando

Quando somos jovens, os adultos de referência servem como um espelho; é neles que nos vemos para nos reconhecermos e sabermos quem somos. Às vezes, mesmo quando os pais tentam nos dar tudo o que consideram melhor para nós, não o recebemos, pois quando somos crianças não sabemos pedir o que realmente precisamos, nem os adultos sabem o que é exatamente.

Por isso, podemos crescer com carências, dores, tristezas e até traumas infantis, que inconscientemente deixam a sua marca, mesmo sem percebermos.

Perder a infância

Quando a infância não foi uma fase feliz, ficamos emocionalmente insatisfeitos e não vivemos aquilo que deveríamos ter vivido. A criança torna-se adulta, mas sem resolver os conflitos da infância, obviamente porque eles são subconscientes, mas sente a insatisfação pessoal que carregará da infância à idade adulta.

Muitas vezes, quando nos tornamos adultos, não nos lembramos de fases da nossa infância. Podemos ter amnésia seletiva, e isso já é um sintoma de conflitos internos não resolvidos.

Nos sentiremos insatisfeitos conosco quando, ao atingirmos a idade adulta, perdermos toda a ilusão da infância, não tivermos projetos ou desejos, e não quisermos usar a brincadeira como meio de distração e lazer. Então, a vida torna-se apática, séria, triste e insatisfeita.

-Donald Winnicott-

A criança interior adulta

Ao chegar à idade adulta, se a fase anterior foi satisfatória e não há outro transtorno, a criança que fomos ainda está presente e aparece em momentos engraçados, trazendo à tona a ilusão da infância, curtindo os pequenos momentos, e desenvolvendo formas de manter as brincadeiras das crianças presentes.

Garota de bicicleta rindo

Poderíamos dizer que, apesar dos problemas da vida adulta, a vida pode continuar a ser divertida, surpreendente, emocionante e, em suma, feliz. Não é porque somos adultos que não podemos mais nos divertir e sonhar.

Recupere a sua criança interior

Recuperar a nossa criança interior significa gerar uma imagem mais satisfatória de nós mesmos, nos valorizando e nos amando, reconhecendo-nos em nossas habilidades e capacidades, e projetando desejos e sonhos. Portanto, restaurando a satisfação pessoal e sentindo felicidade.

Para recuperar a sua criança interior, você pode seguir estes passos:

  • Visualize a criança que você foi na infância e imagine-se cuidando dela e amando-a.
  • Lembre-se dos gostos e interesses da sua infância e permita-se explorá-los agora como um adulto.
  • Brinque, mantenha seus sonhos com pequenos detalhes e faça o que gostava quando criança, adaptando-o à vida adulta.
  • Ria, sorria, aceite e perdoe as pessoas que, em sua infância, possam ter lhe causado dor.
  • Imagine o que você gostaria de ter ouvido quando criança e expresse isso para você, como adulto.
  • Ouça o seu interior e os anseios mais profundos do seu ser, e leve-os em consideração.
  • Olhe para você, cuide-se, ame-se, valorize-se.

-Paulo Coelho-


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.