Como voltar ao trabalho após uma depressão?
Não é fácil voltar ao trabalho após uma depressão. É difícil cumprir rotinas e horários novamente, e também há o risco de uma recaída e até o peso do estigma social. Queiramos ou não, ainda há quem não compreenda este tipo de condição psicológica e, longe de oferecer uma ajuda ou apoio, dificulte o regresso ao mundo do trabalho.
Quando falamos em depressão, estresse ou transtornos de ansiedade, não é comum encontrarmos informações sobre como retomar a vida após uma licença médica. Esta é, sem dúvida, uma questão tão importante quanto decisiva, pois em muitos casos ela determina a recuperação total ou o risco de recaídas.
Os medos que habitam a mente da pessoa que está afastada do trabalho há cinco, seis meses ou um ano podem ser múltiplos e, muitas vezes, dificultam esse retorno. O sentimento de desconexão, as dúvidas sobre as próprias competências, o medo de ser julgado e a angústia de perder o emprego para sempre são obstáculos que dificultam um pouco mais o retorno ao trabalho.
Porém, na maioria das vezes, o resgate de uma rotina, o convívio social e a integração na dinâmica de trabalho servem de ímpeto para resgatar a motivação e o sentimento de eficiência. Contanto que a pessoa faça uma transição adequada e tenha o suporte do seu ambiente, esse retorno pode ser um sucesso. Vamos listar algumas estratégias a seguir.
Uma grande parte da população sofrerá em algum momento de estresse, ansiedade ou algum transtorno depressivo que os obrigará a ficar afastados do trabalho por um tempo. As empresas deveriam estar preparadas e ter melhores recursos para apoiar esses trabalhadores.
Como voltar ao trabalho após uma depressão: 5 chaves para ter sucesso
Voltar ao trabalho após uma depressão é um desafio. Pensemos que uma depressão, com as consequências decorrentes, não acaba quando o médico nos dá alta, mas sim quando voltamos a ser funcionais. Esse retorno à funcionalidade requer muitas etapas, que nem sempre são simples.
As licenças prolongadas tornam o regresso ao trabalho muito mais difícil
Um primeiro aspecto que devemos levar em consideração ao retornar ao trabalho após uma depressão é o tempo de licença do paciente. Não é a mesma coisa estar ausente por um mês ou um ano. As licenças médicas por depressão costumam ser longas, durando entre 6 meses e um ano. Via de regra, podemos dizer que quanto mais longa a licença, maior a probabilidade de complicações no retorno.
Outro fator que devemos levar em consideração é que há casos em que a empresa opta diretamente pela demissão. Portanto, nessas situações a pessoa terá que enfrentar outro tipo de realidade, que nada mais é do que iniciar a busca por um novo emprego.
Trabalhar os pensamentos, ideias e atitudes
A licença prolongada muitas vezes alimenta certos medos e preocupações nas pessoas quando elas retornam ao trabalho. Os mais comuns são os seguintes:
- Medo de não ser competente e eficaz no trabalho.
- Medo de ser demitido por não ser tão produtivo quanto os outros.
- Sentimento de desconexão do ambiente de trabalho.
- Medo de ficar cansado, sentir-se desanimado e não conseguir completar toda a jornada de trabalho.
- Medo de ser julgado ou observado.
Essas e outras ideias devem ser trabalhadas com o psicólogo. O melhor, se possível, é que o retorno seja gradativo, para que a pessoa ganhe confiança. Além disso, também é aconselhável deixar um curto tempo de transição para trabalhar esses tipos de ideias e atitudes para que a reintegração seja mais positiva.
Recuperar rotinas, organizar horários, contatar colegas de trabalho
Voltar ao trabalho após uma depressão implica, antes de mais nada, recuperar antigas rotinas. Desta forma, algo muito positivo para a pessoa será trabalhar nas seguintes dimensões:
- Dias antes da reintegração, comece a cuidar dos seus horários. Durma mais cedo e programe o despertador para a hora em que costumava acordar.
- Organize as suas tarefas, administre as prioridades a fim de se preparar para o dia da sua reintegração.
- Seria interessante se encontrar com os seus colegas de trabalho para notificá-los do seu retorno. Desta forma, você também terá uma ideia do que vai encontrar no trabalho, mantendo-se atualizado diante das mudanças mais importantes.
É melhor fazer um retorno progressivo; evite jornadas inteiras
Estamos cientes de que esta fórmula nem sempre é possível. No entanto, é aconselhável, ao retornar ao trabalho após uma depressão, que o retorno seja progressivo. Ou seja, o ideal é começar com meio dia de trabalho.
Além disso, é muito positivo ter um círculo de apoio no próprio ambiente de trabalho, ou seja, contar com a presença de profissionais especializados em psicologia na empresa para facilitar essa incorporação.
Atividades para evitar recaídas
Além do local de trabalho, é necessário que as pessoas realizem diversas atividades para evitar recaídas da depressão. Sabe-se, por exemplo, que a prática de mindfulness é muito apropriada nesses casos, como revela um estudo realizado pelos médicos Stefan Hofmann e Alice Sawyer, da Universidade da Califórnia.
Por outro lado, ter um hobby, ter uma boa rede de apoio social e praticar algum esporte são incentivos benéficos que alimentam a motivação e nos afastam daquele estado de espírito negativo que leva à depressão.
Para concluir, se lidar com a depressão é, em si, uma arte psicológica altamente complexa, retornar ao trabalho após uma longa ausência também é difícil. No entanto, essa porta para o caminho de volta também pode ser encontrada.
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- Hofmann, S. G., Sawyer, A. T., Witt, A. A., & Oh, D. (2010). The Effect of Mindfulness-Based Therapy on Anxiety and Depression: A Meta-Analytic Review. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 78(2), 169–183. https://doi.org/10.1037/a0018555