2 consequências negativas de gritar com os nossos filhos

2 consequências negativas de gritar com os nossos filhos
Anet Diner Gutverg

Escrito e verificado por a psicóloga Anet Diner Gutverg.

Última atualização: 03 janeiro, 2023

Refletir sobre as consequências negativas de gritar com os nossos filhos nos ajudará a controlar e a gerenciar os nossos impulsos. Analisar de onde vem esse comportamento e o que ele causa no círculo familiar é a chave para mudá-lo de uma vez por todas.

Todos nós sabemos a importância de educarmos os nossos filhos com respeito. Além disso, existem muitos recursos e ferramentas que podemos utilizar para não punir ou gritar com eles. Mesmo assim, nos momentos em que nos sentimos sobrecarregados, podemos ter o impulso de gritar com nossos filhos. Essas situações nos fazem sentir culpados, maus pais e frustrados.

No entanto, alguns pais não percebem as consequências negativas que esse tipo de comportamento pode acarretar. Neste artigo, vamos falar sobre duas consequências perigosas para o desenvolvimento das crianças na vida adulta.

“A pessoa que grita nem sempre tem razão”.
-Alejandro Casona-

1. Gritar com os nossos filhos pode afetar a sua autoestima

Os gritos transmitem uma mensagem de pouca paciência e tolerância. Quando ficamos desesperados por algo, tendemos a elevar o tom de voz e pedir as coisas gritando. No entanto, gritar com os nossos filhos pode passar a mensagem de que eles estão fazendo algo errado. Dessa forma, embora tenhamos a pretensão de que eles nos obedeçam, eles sentirão que não correspondem às nossas expectativas.

 

Menino se sentindo triste

Quando a situação é constante, transmitimos às crianças uma ideia errada. Eles podem acreditar que, não importa o que façam, não farão certo. Que nunca ficaremos satisfeitos e que eles não poderão fazer nada para nos deixar felizes. O sentimento de “não fazer as coisas bem” e de merecer os gritos provavelmente acompanhará os nossos filhos por toda a vida.

Os alicerces da autoestima dos nossos filhos vêm de fora. As suas figuras de referência, com amor e aprovação, devem fazê-las sentir que são pessoas capazes. Isso não significa que tenhamos que lhes transmitir uma falsa confiança. Às vezes, eles precisam ficar frustrados. No entanto, é importante que as nossas expectativas estejam de acordo com a sua idade e conhecimentos. Acima de tudo, precisamos perceber que os nossos filhos não são perfeitos.

“Todos os homens que não têm nada importante para dizer falam aos gritos”.
-Enrique Jardiel Poncela-

Sendo compreensivos com os nossos filhos

É muito comum, por exemplo, gritar com os nossos filhos de manhã quando estamos com pressa para levá-los à escola. No entanto, não podemos esperar que as crianças façam suas tarefas tão rápido quanto nós. A sua rapidez dependerá da sua idade e do seu grau de autonomia; talvez tenhamos que lhes dar uma ajuda para chegar a tempo.

Se lhe dermos pouco tempo, ou lhes pedirmos algo acima do seu nível de habilidade, é normal que não consigam completar as suas tarefas. Então, acabamos gritando, fazendo com que sintam que não conseguem fazer nada. A mensagem que as crianças recebem nessas situações é de que não as amamos porque as consideramos incapazes.

Precisamos lembrar que a nossa missão é ajudá-los até que sejam mais autônomos. Dessa forma, nós fomentamos uma autoconfiança real. Com o tempo, isso pode fazer com que os nossos filhos ajam da maneira correta: respeitando os pais, colaborando em casa ou arrumando o seu quarto. No entanto, eles não farão isso por medo. As suas ações virão da compreensão do seu papel e da crença de que são capazes de fazer as coisas por si mesmos.

“Quando discutimos uma questão, a razão não está com quem mais grita, mas com quem é capaz de expor os seus argumentos de maneira apropriada”.
– Fernando Savater-

2. Gritar lhes ensina a lidar erroneamente com as suas emoções

Nós devemos ser o exemplo dos nossos filhos. Quando gritamos constantemente e perdemos a paciência, isso mostra que existem situações que nos sobrecarregam. A mensagem que transmitimos é de que não somos capazes de nos controlarmos. As crianças aprendem que gritar é uma resposta apropriada ao estresse. Elas absorvem esse modo de agir e tendem a imitá-lo no futuro.

“No que pode se transformar uma vida que começa entre os gritos da mãe e o choro do filho que os recebe?”
   -Baltazar Gracián-

Pai e filho gritando um com o outro

Portanto, é nossa responsabilidade aprendermos a lidar com as nossas emoções. Mesmo que sintamos medo, cansaço ou raiva, temos que nos controlar diante dos pequenos. Gritar com os nossos filhos por causa do estresse que experimentamos apenas lhes ensina que a raiva é uma motivação suficiente para tratar mal as outras pessoas.

Eles não têm culpa de que nos sintamos chateados ou angustiados no nosso dia a dia diante de algumas situações. Por mais que seja difícil, é importante incentivá-los a explorar e descobrir quem eles realmente são. O nosso papel é acompanhá-los em suas aventuras enquanto enfrentamos a nossa angústia. É preciso descobrir de onde vêm as nossas emoções negativas.

Talvez queiramos que eles se comportem como gostaríamos, e não como eles realmente são. Talvez estejamos com muito medo que sofram ou se machuquem. Entretanto, gritar com nossos filhos para protegê-los ou canalizar as suas ações geralmente não é uma boa ideia. É melhor acreditar que as coisas vão dar certo porque eles são capazes de cuidar de si mesmos.

Conclusão

Neste artigo você descobriu dois dos efeitos mais negativos de gritar com os nossos filhos.  É dever dos pais aprender a controlar as suas emoções, porque esse comportamento é muito prejudicial para o desenvolvimento das crianças. Também podem aprender maneiras mais eficazes de resolver os problemas e conflitos.

Se você já gritou com os seus filhos, não precisa se punir por isso. Ninguém é perfeito; o importante é que, agora que você conhece as graves consequências que esse modo de agir pode acarretar, decida mudar.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.