3 tipos de táticas utilizadas na propaganda política
Embora o conceito de propaganda política tenha caído em desuso nas últimas décadas, a sua utilização e os seus efeitos ainda são válidos até hoje. O que acontece é que, atualmente, a descrevemos usando outros termos como persuasão e publicidade, devido à predominância da imagem e dos meios de comunicação da sociedade atual.
A propaganda política é um tipo de comunicação que faz parte dos sistemas sociais e políticos contemporâneos. O seu estudo foi realizado através de várias disciplinas e já teve muitas definições ao longo da história. Agora, para entendermos o conceito de propaganda política, temos que recorrer a três critérios fundamentais:
- Conteúdo: o conteúdo da propaganda deve ser político, direta ou indiretamente. A mensagem pode não parecer politizada quando a analisamos superficialmente, mas se for analisada em profundidade, encontraremos a sua associação política.
- Controle das mensagens: um aspecto importante é que o emissor tem 100% do controle da mensagem, tanto na fase de produção quanto na fase de difusão.
- Objetivo: o objetivo da mensagem é promover os interesses e ideias do emissor, bem como a intenção de produzir respostas nos destinatários de acordo com determinados propósitos pré-determinados.
Neste artigo vamos falar sobre algumas técnicas que são usadas na propaganda política. As categorias que mostramos abaixo não são exaustivas, nem mutuamente exclusivas, o que significa que certas técnicas podem estar em várias categorias ao mesmo tempo.
Técnicas de rotulagem na propaganda política
Essas técnicas usam a rotulagem como o recurso principal. Envolvem o uso de termos carregados emocional ou conceitualmente para associar a mensagem a aspectos positivos ou negativos, conforme for mais apropriado. Existem várias maneiras de aplicar a técnica de rotulagem:
- Uso de rótulos negativos: a condenação de uma ideia lhe colocando um rótulo negativo, mesmo que não haja argumentos para apoiá-lo. Por exemplo, o uso do rótulo “o eixo do mal” para se referir a outro grupo de pessoas que não compartilham as mesmas ideias.
- Definição assimétrica: aproveita a ambiguidade de certas palavras para que elas evoquem nos receptores uma mensagem diferente do que realmente ocorre. Por exemplo, dizer que o objetivo da guerra é “paz”. A paz não tem o mesmo significado para um governante e para um cidadão comum.
- Generalização ressonante: uso de frases impressionantes e vagas, com pouca mensagem mas com grande carga emocional. Por exemplo, o candidato X representa uma “grande mudança” para o país.
Técnicas de associação
Essas estratégias usam a associação como recurso principal. A sua forma de influenciar o receptor da mensagem consiste em fazer com que os destinatários associem as características de um conceito (positivo ou negativo) com outro, que no início é neutro para o público. Entre eles podemos encontrar:
- Justaposição: associação de ideias independentes, colocando-as lado a lado. Não há necessidade de estabelecer qualquer relação explícita entre elas. Por exemplo, esta mensagem, “o líder X é autoritário; o líder Y joga golfe às quintas-feiras com o líder X “. Dessa forma, o emissor da mensagem tenta atribuir qualidades autoritárias ou simplesmente a negatividade do líder X ao líder Y, pelo fato de compartilharem atividades juntos.
- Palavras virtuosas: usar certas palavras na mensagem que produzam sensações ou emoções positivas no público. Dessa forma, podemos associar a positividade dessas palavras à mensagem ou ao remetente que as emitiu. Um exemplo disso é o uso em um discurso das palavras “liberdade”, “segurança”, “verdade”, etc.
- Pessoas comuns: recorrer a imagens diárias das pessoas e seus costumes, maneiras e linguagem. Dessa forma, é criado um sentimento de pertencimento em uma grande parte do público em relação à ideia ou à mensagem. Por exemplo, o uso de fotografias de jovens casais de classe média na publicidade dos partidos.
Técnicas baseadas na autoridade da fonte
O principal método desta técnica é recorrer à autoridade da fonte. Dessa forma, os argumentos da mensagem podem ser deixados de lado e a ideia será validada pelo emissor. Alguns exemplos desse tipo de técnicas são os seguintes:
- Construir significados através de fontes secretas: utilizar fontes cuja identidade ou procedência não é revelada e falar delas em termos genéricos. Dessa forma, as pessoas não conseguem verificar a veracidade da mensagem devido ao seu “anonimato”. Um exemplo disso pode ser uma mensagem do tipo “fontes próximas e bem informadas afirmam que o partido X é financiado ilegalmente”.
- Os sábios não podem estar errados: citar pessoas com grande prestígio para reproduzir as suas ideias de acordo com os seus interesses. Por exemplo, “como X disse… e se X disse ninguém pode depreciá-lo”. Isso é conhecido como argumento de autoridade.
- Condenar a origem: desacreditar uma ideia sem recorrer aos argumentos que a sustentam, apenas desqualificando a fonte de onde provém. Um exemplo disso poderia ser chamar um líder de mentiroso para desqualificar a sua mensagem. Nos círculos filosóficos, é conhecido como argumento ad hominem.
Neste artigo, mencionamos e explicamos três tipos de táticas de propaganda política amplamente utilizadas hoje em dia. Mas há muitas outras. Seria ilusório pensar que não podemos ser influenciados por elas, por isso, é necessário conhecermos as suas características para enfrentá-la e reagirmos diante da persuasão dos poderes políticos.