5 filmes com um enredo chocante

Essas histórias despertarão a sua curiosidade, empatia e até mesmo deixarão os seus cabelos em pé.
5 filmes com um enredo chocante
Cristina Roda Rivera

Escrito e verificado por a psicóloga Cristina Roda Rivera.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

De vez em quando precisamos assistir a filmes com um enredo poderoso. Histórias que despertam a nossa curiosidade, empatia ou arrepiam os nossos cabelos, e não nos deixam indiferentes.

Será que uma história sobre maternidade pode nos surpreender? Ou talvez um filme qualquer de amor? A resposta estará em quão bem conectada é a trama e na construção dos personagens.

A seguir, mostraremos sugestões de uma série de filmes que não possuem um tema inusitado, mas são capazes de nos deixar presos à trama.

1. Sem amor (Loveless), de Andrey Zvyagintsev

O filme mostra um casal russo passando por um divórcio pouco amigável, no qual o desrespeito e a agressividade são constantes. A primeira cena já nos dá uma ideia do ponto crítico atingido pelo processo de divórcio.

Eles precisam vender o que foi o apartamento deles e começar uma nova vida com seus respectivos parceiros. O desprezo de um pelo outro faz jus ao título do filme.

Tudo isso não seria tão dramático se filho deles de 12 anos não estivesse sofrendo com o abandono e o desprezo dos dois. Ambos vão tentar não “ficar” com ele, entendendo que a criança é um fardo para começar uma nova vida.

Vemos o menino chorar inconsolavelmente após uma briga brutal dos pais, enquanto algo se quebra em nós. O filme nos faz pensar na extrema vulnerabilidade da infância e como existem momentos que podem quebrar um ser humano para o resto da vida. Após vários dias em que seus pais constroem a própria vida com seus respectivos parceiros, o menino desaparece.

Aí começa uma busca na qual o diretor Zvyagintsev estabelece um paralelo entre a miséria moral do ambiente do menino e a de seu país. Uma ousadia que o colocou na mira das autoridades russas e de Vladimir Putin pela “má propaganda” das obras dele para o país.

2. Te amo até a morte, de Anthony Jaswinski

Esta resenha é uma recomendação dupla. Baseado em uma história real que chocou a sociedade americana, sua adaptação para as telas também foi feita pela magnífica série The Act, que você pode ver no Amazon Prime.

No entanto, se você não tiver tempo de ver os oito episódios desta produção, o filme da Netflix inspirado na mesma história que recomendamos neste artigo é uma boa opção para descobrir o que aconteceu. Se falamos de filmes com enredos poderosos, este tem duplo mérito por se basear em um caso real.

Te amo até a morte (Love You to Death em inglês); é baseada na história comovente de Gypsy Rose e Dee Dee Blanchard. Gypsy Rose é uma garota forçada a fingir estar doente sob o regime draconiano imposto por sua mãe. Ela sofre de síndrome de Munchausen por poderes.

O abuso através da invenção de doenças

Nesse distúrbio psicológico o cuidador principal da criança, geralmente a mãe, simula sintomas ou os provoca para parecer doente. O filme dramatiza uma história real e reconta o enredo de graves abusos físicos e psicológicos.

A atriz vencedora do Oscar Marcia Gay Harden interpreta Camille, uma mãe aparentemente perfeita que cuida muito de sua filha doente, Esme – interpretada por Emily Skeggs.

Nos primeiros quinze minutos a história é contada do ponto de vista de Camille, projetando a imagem da mãe perfeita. No entanto, quando o filme passa para a perspectiva de Esme, o espectador descobre uma teia de mentiras, engano, manipulação e abuso.

Camille força Esme a fingir que está doente para conseguir uma bolsa. Esme começa um relacionamento com um garoto, que concorda em ajudá-la a escapar. Juntos eles assassinam Camille a sangue frio e fogem da cidade. A polícia encontra Camille deitada em uma poça de sangue e logo prende Esme, que conta uma história de profunda tortura psicológica.

3. Help, de Marc Munden

Ao selecionar filmes com um enredo impactante, constatamos o destaque recente da situação atual e seus efeitos ainda desconhecidos no trabalho e na saúde mental das pessoas.

Os trabalhadores da saúde, heróis repentinos mas de consumo rápido, viveram situações estressantes que colocaram suas capacidades físicas e psicológicas no limite. Depois da pandemia, restrições, ataques, mortes de colegas e abandono pelo governo; a força dos profissionais de saúde está quebrada, e ainda não sabemos que efeito isso terá na saúde deles e na nossa, que depende da deles.

Este filme ousa tratar de um tema recente e doloroso e dá origem a um produto audiovisual essencial, sobretudo para determinados grupos.

A história começa com uma entrevista da protagonista Sarah, a estrela Jodie Comer (Killing Eve). Sarah é uma mulher determinada e inteligente, mas que nunca se enquadrou, nem na educação formal, nem no trabalho. Sua família diz que ela nunca vai chegar a lugar nenhum, mas ela inesperadamente encontra a sua vocação como cuidadora em Bright Sky Homes, uma pequena casa de repouso.

Sarah tem um talento especial para se conectar com os residentes, incluindo um em particular, Tony (Stephen Graham), de 47 anos, que tem uma espécie de doença de Alzheimer precoce. A doença dele causa períodos de confusão e explosões violentas que os outros membros da equipe não conseguem controlar, mas com Sarah ela começa a construir um vínculo real.

O sucesso de Sarah no tratamento de Tony e de outros pacientes ajuda a restaurar a confiança dela. Depois desse período de adaptação, chega março de 2020. De repente, tudo o que Sarah conquistou é posto em dúvida com a chegada da pandemia.

Ela e seus colegas lutam incansavelmente com unhas e dentes, mal equipados, mal preparados e aparentemente impotentes pela situação.

A determinada Sarah faz de tudo para proteger aqueles que estão sob os cuidados dela, cujas condições tornam o sofrimento e isolamento ainda mais traumáticos. No entanto, o compromisso inabalável, a compaixão e os esforços heroicos da equipe não conseguem fazer muito, e Sarah procura desesperadamente por uma saída para um dos internos.

4. A pedra da paciência, de Atiq Rahimi

Jean-Claude Carrière, um dos roteiristas mais importantes da história do cinema, foi coautor da adaptação do romance vencedor do Prêmio Goncourt, escrita por Atiq Rahimi. Em um roteiro contundente e vívido, a atriz Golshifteh Farahani interpreta uma mulher perturbada em uma zona de guerra e sua luta para cuidar do seu marido ferido que está em estado vegetativo após levar um tiro no pescoço.

Quando gozava de saúde ele era um marido cruel e tirânico. Agora ela sente que, apesar do fardo opressor de cuidar dele, ela desfruta de uma espécie de liberdade para falar o que pensa a seu marido meio vivo e meio morto.

Essa mulher jovem e com duas filhas, alterna o tempo que passa em casa, evitando os guerrilheiros que continuam a lutar na rua, com o tempo que passa com a tia, uma mulher liberta de todo jugo religioso e patriarcal que cuida das meninas.

Depois de muitas horas sozinha com o marido ela começa a contar a ele suas confidências, tratando-o como se ele fosse a sua pedra da paciência. De acordo com a lenda árabe uma pessoa pode ser libertada de todas as suas tristezas se falar com uma pedra em voz alta. Agora seu marido desempenha o papel dessa pedra.

Através da história dela, descobrimos a vida de uma mulher muçulmana, suas paixões, frustrações, desejos e, acima de tudo, a luta dela contra a opressão masculina. Um filme sensual e sugestivo que nos convida a sonhar em um cenário devastado.

5. O Clube, de Pablo Larraín

Dentro desta lista de filmes de enredo poderoso, a pederastia sempre aparece como um dos temas que mais nos tocam tanto na tela quanto na vida real. O Clube trata esse assunto a partir de uma perspectiva única, contando a história de um clube oculto de pederastas em uma cidade costeira do Chile.

Pablo Larraín é o diretor chileno que criou filmes complexos e perturbadores sobre um país emergindo da negação da ditadura de Pinochet. No entanto a verdade é que ainda existe ressentimento e medo nas camadas mais íntimas da sociedade, e seus filmes mostram esse tipo de dor.

O filme volta a essa ideia de culpa e negação, que sempre parece remeter à política e à história do país. Existe uma intensidade claustrofóbica no drama, com um sabor de pesadelo.

Uma violência no próprio relato cinematográfico

O abuso infantil pode ser uma metáfora para a tirania política. E o que é ainda mais estranho, os padres e suas figuras de carcereiros desenvolveram um hobby: eles começam a treinar um galgo e prepará-lo para corridas locais lucrativas. É como se toda a sensualidade reprimida, pecado e ódio deles por si mesmos tivessem sido canalizados para esse novo vício em corridas de cães.

Marcelo Alonso interpreta o padre García, um investigador especial da igreja que tenta descobrir o que está acontecendo. No entanto os padres são bons em evitá-lo e, quanto mais tempo ele passa nesse lugar, maior é o argumento implícito para temperar a justiça com misericórdia. Portanto, um novo mártir como Jesus Cristo é escolhido para fazer penitência, para que O Clube seja esquecido pelas instituições, assim como aconteceu com a ditadura de Pinochet.


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  • Pons Salvador, Gemma, & Barrio, Victoria del (1995). El efecto del divorcio sobre la ansiedad de los hijos. Psicothema, 7 (3), 489-497. [Fecha de Consulta 2 de Diciembre de 2021]. ISSN: 0214-9915. Disponible en: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=72707302.

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