5 passos para superar uma lembrança traumática

5 passos para superar uma lembrança traumática
María Prieto

Escrito e verificado por a psicóloga María Prieto.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Superar uma lembrança traumática é, na maioria dos casos, uma tarefa difícil que precisa ser enfrentada antes que prejudique as pessoas ao longo da vida e mude sua personalidade e seu modo de ser.

O trauma é definido como uma ferida psíquica que as pessoas sofrem como consequência de um evento negativo em sua vida que as afeta dramaticamente, causando dor e sofrimento emocional.

Não podemos mudar o passado, a experiência que nos causou tanta dor (a morte de um ente querido, um relacionamento complicado ou ter sofrido abusos na infância) faz parte de nossa existência e, por vezes, tem um grande valor como experiência educacional vital, embora não tenhamos consciência disso: nos ensina e nos prepara para enfrentar situações semelhantes no futuro.

Resiliência: a evolução da lembrança traumática

É curioso como, diante de uma experiência traumática, há pessoas que saem fortalecidas. Os traumas e nossas fraquezas podem ser transformados em uma prática positiva, desde que sejamos capazes de integrá-los em nossas vidas e nos adaptarmos.

Planta crescendo no asfalto

Extrair uma experiência positiva de um evento traumático não depende apenas da capacidade de uma pessoa, mas de uma realização de eventos em que várias pessoas e elementos intervêm para conseguir sair dessa situação fortalecidos e, portanto, aprender com ela.

Um exemplo claro de resiliência é a história que a família Álvarez Belón viveu em dezembro de 2004, contada no filme ‘O Impossível’. Naquele dia, María e Enrique aproveitavam suas férias de Natal na Tailândia com seus três filhos.

Quando chegou a onda do tsunami, suas experiências pessoais mudaram para sempre. Hoje, muitos anos depois da tragédia que levou dezenas de milhares de vidas, a vida da família continua com absoluta normalidade, convivendo com a mudança provocada pelo forte impacto do evento.

Bloqueio de lembranças como mecanismo de defesa

Nossa memória funciona de maneira seletiva com as lembranças que mantém e em situações traumáticas; isto é, nesses casos, nossa memória ativa um mecanismo de defesa para ignorar o passado e poder continuar em frente.

Este mecanismo de defesa, em um esforço para nos proteger das situações traumáticas vivenciadas, bloqueia as lembranças negativas para evitar o sofrimento de ter que reviver aqueles momentos. A amnésia atua como um escudo de proteção contra o que não podemos assimilar por causa da dor que nos causa.

É comum evitar os pensamentos associados à lembrança traumática e até mesmo evitar aquelas situações, atividades, objetos ou pessoas que nos levam a lembrar o ocorrido. No entanto, a conjuntura de não lembrar essas situações traumáticas não elimina o efeito negativo que os eventos nos causaram. A dor, o pesar, o medo ou a raiva continuam presentes.

Como superar uma lembrança traumática

Confie nos que estão ao seu redor

Tente se cercar de pessoas que possam ouvi-lo e apoiá-lo. Fale sobre o que acontece com você, externalize seus sentimentos em relação às lembranças que o atormentam e não o deixam aproveitar a vida. As pessoas de confiança irão apoiá-lo e sentirão empatia por você.

Pode acontecer que o trauma seja o resultado do que foi percebido, e não realmente do que aconteceu. Por exemplo, uma pessoa pode ter se sentido rejeitada ou não desejada na infância, mas isso não significa que, de fato, isso tenha acontecido. No entanto, ao viver como se este fosse o caso, sofrerá todas as consequências que derivam de um trauma emocional.

Tome seu tempo para se recuperar

Depois de qualquer evento traumático, há sempre um processo de recuperação até que voltamos a nos fortalecer emocionalmente. Se você vivenciou uma experiência tão negativa, seu corpo e sua mente serão afetados. Esta situação implica mudanças a nível físico, comportamental, e na maneira como você encara sua vida a partir daquele momento.

A conclusão do processo de recuperação dependerá de cada pessoa; é difícil estabelecer um limite, já que falamos de emoções. Um momento crucial é quando somos capazes de olhar para o passado e recordá-lo sem sentir uma dor intensa.

Mulher olhando pela janela

Busque ajuda profissional

Em determinados casos, a causa do trauma não é clara. O principal, neste caso, é descobri-la para entender o porquê do problema e, a partir daí, tentar resolver. É aconselhável procurar um profissional para que, através do trabalho terapêutico, seja possível encontrar a origem desse caos emocional.

Dedique tempo a si mesmo

Tente redirecionar sua vida refletindo sobre como vai encarar o futuro. Procure grupos de apoio que falem de experiências semelhantes para expressar suas dúvidas, medos e emoções, em um ambiente acolhedor onde irão entendê-lo.

Retome sua vida social, fique com seu grupo de amigos. O importante é que você permaneça ativo. Procurar algum curso ou centro de reunião lhe servirá de distração e aumentará sua autoestima. Pratique exercício físico. Força, flexibilidade e equilíbrio são os três pilares sobre os quais se ergue nossa saúde, especialmente quando a lembrança traumática nos envolve.

Dê um sentido à sua vida

Se você procurar um significado em sua vida, sua valorização pessoal aumentará e você encontrará uma justificativa para seus atos. Isso impedirá que a angústia enfraqueça seu estado de espírito e, além de fortalecer sua resiliência, impedirá que a lembrança traumática invada seu dia a dia.

Viktor Frankl disse que a busca pelo sentido da vida é a essência de nossa existência, que nossa felicidade depende da atitude de exploradores com a qual nos movemos pelo mundo.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.