A escola estrutural de Minuchin

Minuchin, com sua terapia estrutural, aponta a necessidade de romper com o equilíbrio de certos sistemas para que esses mesmos núcleos iniciem medidas que resultem em um melhor estado de estabilidade. Neste artigo, nos aprofundaremos na terapia que ele propõe a partir dessa ideia.
A escola estrutural de Minuchin
Alicia Escaño Hidalgo

Escrito e verificado por a psicóloga Alicia Escaño Hidalgo.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

A escola estrutural se encaixa no bloco sistêmico. Historicamente, os modelos dessa corrente foram aplicados na terapia familiar, mas hoje seu escopo de aplicação se expandiu. Destaca-se, em primeiro lugar, que o modelo sistêmico concebe a família como um sistema em que o comportamento de um membro não pode ser entendido isoladamente, independentemente do que os demais façam.

De maneira geral, pode-se dizer que leva em consideração três aspectos do funcionamento familiar: a estrutura da família, determinada por seus limites, hierarquias e grau de identidade dos membros; a regulação ou a forma como a família mantém o equilíbrio das suas interações, e a informação, ou como os membros se comunicam entre si.

Na década de 70, Salvador Minuchin fundou a escola estrutural a partir da sua prática clínica na abordagem dos problemas de saúde mental de populações marginalizadas. O principal passo de Minuchin foi incluir como variável importante o contexto e a responsabilidade de cada um dos membros da família. Ele salienta que, por vezes, o sintoma sofrido pela família é consequência das ações de um dos membros com o objetivo de manter a estabilidade ou homeostase familiar.

Ele entende que às vezes essas medidas são justamente a origem do problema, e argumenta que pode ser necessário desequilibrar o sistema para que o sintoma se resolva. Essa forma de fazer terapia, embora paradoxal, leva a família a aprender soluções alternativas e a começar a investigar outros recursos e caminhos.

Família de papel

O objetivo da escola estrutural de Minuchin

Para a escola estrutural, os sintomas carregados pela família surgem quando há um atraso ou interrupção no ciclo vital familiar. Em outras palavras, o sistema fica travado e não avança como resultado de diferentes padrões transacionais que foram repetidos ao longo do tempo e não são funcionais.

Padrões repetidos estabelecem regras a respeito de como, quando e com quem se relacionar, e esses padrões são definidos pela família.

Nesse sentido, os processos do sistema familiar se refletem em sua estrutura. As estruturas são compostas por hierarquias, as fronteiras entre subsistemas e fronteiras externas, bem como as regras que regem o poder e a comunicação. Além disso, existem alianças – uniões entre indivíduos – e coalizões – alianças entre membros contra terceiros.

Se mudarmos as regras dos limites e hierarquias, é provável que também mudemos os padrões de interação – as diretrizes – que atualmente mantêm o sintoma. Portanto, o objetivo terapêutico é mudar essa organização familiar, os limites que foram criados entre subsistemas e hierarquias, e adaptar as diretrizes transacionais às necessidades da família.

Minuchin pretende desafiar a estrutura disfuncional criada pela família para gerar um desequilíbrio e começar a desenvolver novos padrões de interação e, portanto, novas soluções.

As fases da terapia de Minuchin

Minuchin define diferentes momentos na terapia familiar Inicialmente é feito um diagnóstico, mas, ao contrário de outras abordagens, o diagnóstico é sobre a estrutura do sistema. Como comentamos anteriormente, a escola estrutural pressupõe que cada membro da família tem sua parcela de responsabilidade, pois participa da interação e da manutenção do sintoma.

Após o diagnóstico, identificamos uma primeira fase em que o terapeuta entra no sistema. Uma vez dentro do sistema, realiza três técnicas: rastreamento -coleta de informações-, manutenção -respeito às regras do sistema sem sequer introduzir qualquer tipo de mudança, e mimetismo -para potencializar elementos de semelhança entre terapeuta e família.


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  • Feixas, G. y Miró, T. (2004): Aproximaciones la psicoterapia. Paidós. Barcelona.

  • Minuchin, S. (1977). Familias y terapia familiar. Barcelona: Gedisa.


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