A forma como você se define é real?
Você acha que seus amigos ou alguém da sua família o definiria com as mesmas palavras que você? Você acha que a forma como você se define é real e objetiva ou, pelo contrário, inclui alguma distorção? Descobrir essas respostas é fácil: basta colocar em prática um simples jogo.
O experimento é simples. Na próxima vez em que seus amigos ou familiares se juntarem, cada um deverá escrever 3 características que acha que definem a si mesmo e, posteriormente, outras 3 para cada uma das pessoas envolvidas no jogo.
As características escolhidas foram as mesmas? Você acha que as características que você enxerga em si mesmo ou que os outros enxergam em você são reais? Por que isso acontece? Esse fenômeno ocorre devido às distorções.
As distorções, tanto positivas quanto negativas, nos direcionam a uma versão daquilo que definimos. Elas podem ser bastante irreais ou idealizadas no caso de serem positivas, ou deformadas e pessimistas no caso de serem negativas.
Assim, por exemplo, quando achamos que dirigimos melhor do que realmente fazemos, especialmente em comparação com os demais, falamos de uma distorção positiva. Por outro lado, quando pensamos que todos têm uma aparência mais bonita do que a nossa, falamos de uma distorção negativa.
O importante aqui é que a forma como definimos a nós mesmos condiciona o nosso humor e nos posiciona diante do mundo.
De acordo com estudos recentes, tendemos a ver a realidade com uma distorção positiva e a ajustar a informação àquilo que nos é familiar, ou que menos se distancia do que é conhecido para nós.
Além disso, tendemos a julgar a forma como agimos no passado como muito melhor do que realmente foi, e pensar que nossas conquistas são mais incomuns e nossos erros mais comuns.
A forma como você se define é real?
Tipos de distorções
Existem vários tipos de distorções no momento de captar informações. Algumas das mais comuns que afetam a forma como nos definimos são:
- Distorção de atenção seletiva. Ocorre quando dirigimos a atenção à informação que tem conteúdo positivo, tanto em nossas ações quanto na forma como nos definimos.
- Distorção de confirmação. Nesse caso, dedicamos nossos esforços a confirmar as hipóteses que já tínhamos. Por isso, tendemos a buscar somente aquilo que confirme nossas ideias ou se assemelhe à forma como nos vemos.
- Distorção de autocomplacência. Tendemos a perceber a nós mesmos como donos de nossos sucessos e apenas espectadores passivos de nossos erros.
- Otimismo comparativo. As pessoas tendem a pensar que são mais propensas a viver coisas positivas, isto é, mais do que a maioria. O contrário também acontece: acreditamos que é menos provável que aconteçam coisas negativas conosco.
- Distorção de invulnerabilidade. Costumamos acreditar que temos menos chances de que algo ruim aconteça conosco. Achamos, equivocadamente, que estamos imunes ou que controlamos a situação.
Como as distorções afetam a forma como você se define?
Como vamos mudar algo que nem sequer reconhecemos ser incorreto em nós? Como vamos continuar crescendo e nos desenvolvendo se não somos capazes de enxergar em que falhamos ou em que podemos melhorar?
Acreditamos que os outros são culpados pela nossa infelicidade ou que nos conhecemos perfeitamente simplesmente pelo fato de passarmos o dia todo conosco. Mas o fato é que estamos distantes da realidade.
Sempre que algo der errado ou não sair como o planejado, em vez de se culpar, imagine que você se perguntasse: qual é a minha parcela de culpa nisso? Em que falhei? O que posso melhorar ou mudar para não voltar a sofrer as mesmas consequências?
Somente assim estaríamos mais próximos de conhecer a nós mesmos, mais próximos de crescer, mais próximos da realidade.
As distorções tendem a nos trazer uma visão mais positiva de nós mesmos. Uma visão distorcida que por vezes nos favorecerá, mas em outras nos prejudicará. Por exemplo, se pensamos que dirigimos melhor do que fazemos, provavelmente seremos mais assertivos, mas também mais intransigentes.
O importante, na verdade, é saber como essas distorções funcionam, identificar sua influência e administrar seu resultado a nosso favor.
É fundamental conhecer e saber como funcionam as distorções para descobrir como elas influenciam a forma como você se define.