A ação das bebidas estimulantes no nosso cérebro

Existem muitos efeitos das bebidas estimulantes sobre o nosso cérebro que são positivos com o consumo moderado, mas que se tornam perigosos quando a ingestão é muito alta e frequente. Atualmente, a ciência está avançando no estudo desses efeitos.
A ação das bebidas estimulantes no nosso cérebro
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 13 janeiro, 2021

Ainda não são conhecidos todos os efeitos que as bebidas estimulantes têm no nosso cérebro. É um assunto sob investigação e, embora tenha havido progresso nesse sentido, ainda existem muitos pontos obscuros.

Mesmo assim, é importante estar atento porque esse tipo de bebida é usado no dia a dia e há suspeitas de que, em certas condições, elas sejam potencialmente nocivas. Portanto, o assunto não deve ser tratado levianamente.

Dentro da categoria de bebidas estimulantes agrupam-se as tradicionais, como o café e o chá, mas também as chamadas bebidas energéticas, que há algum tempo marcam presença no mercado.

As perguntas que surgem são: quais são os efeitos das bebidas estimulantes no nosso cérebro? Como reduzir riscos e problemas? A seguir, apresentaremos o que sabemos sobre o assunto em questão.

“Os rapazes devem evitar beber vinho, porque é um erro colocar fogo no fogo”.
– Platão –

Café e chá: seus efeitos no corpo humano

Café e chá geram efeitos básicos das bebidas estimulantes no nosso cérebro. Eles estão totalmente incorporados à dieta de milhões de pessoas no mundo. Muitos dizem que o dia só começa depois de tomar um café.

A ciência sugere que uma ingestão diária de não mais do que 200 mg de café ou chá é benéfica para a saúde. A cafeína e a teína parecem retardar o envelhecimento e agir como protetores contra certos tipos de demência, como o Alzheimer. Outro efeito dessas bebidas estimulantes no nosso cérebro é atuar nos mecanismos de alerta, levando-nos a ficar mais atentos e despertos.

No entanto, quando consumimos quantidades excessivas dessas substâncias, também ocorrem efeitos adversos. Eventualmente, há uma sensação de fadiga, taquicardia, tremores ou náuseas, além de vários efeitos gastrointestinais. A cafeína e a teína são viciantes. Se o seu consumo for interrompido abruptamente, aparecem todos os sintomas da síndrome de abstinência.

Pessoas tomando café

Efeitos das bebidas estimulantes mais fortes no nosso cérebro

As bebidas energéticas, que em geral contêm taurina, tornaram-se objeto de estudo da ciência pois há fortes suspeitas de que sejam prejudiciais à saúde. Esses tipos de bebidas também contêm altas doses de cafeína, que quando ingeridas atingem o corpo muito rapidamente. A curto e longo prazo, essa descarga repentina tem vários efeitos.

De acordo com um estudo realizado pela Johns Hopkins University (Baltimore, Maryland) em 2014, as bebidas energéticas prejudicam a saúde a longo prazo. O seu principal efeito é aumentar os níveis de adrenalina, o que também leva a um aumento da frequência cardíaca. Isso se traduz em níveis mais elevados de atenção, mas também em mais irritabilidade e ansiedade.

O mesmo estudo apontou que esses tipos de bebidas provocam um aumento e uma queda brutal nos níveis de cafeína no corpo. Por isso, cerca de 12 a 24 horas após a sua ingestão, surge a síndrome de abstinência.

Outro estudo realizado na Universidade de Bonn (Alemanha, 2013), confirma que uma hora após o consumo, os batimentos cardíacos aumentam acentuadamente e a adrenalina sobe.

Homem tomando energético

Dados desconcertantes

Um estudo publicado na revista científica PLOS ONE observou que as lesões cerebrais graves foram sete vezes mais comuns em pacientes que consumiram cinco ou mais doses de bebidas energéticas na semana anterior. O Dr. Michael Cusimano, neurocirurgião do St. Michael’s Hospital, expressou a sua preocupação com o fato de esses tipos de lesões serem cada vez mais comuns nos jovens.

Eles são os maiores consumidores desse tipo de bebida. Tornou-se comum tomá-las em momentos de estresse ou para obter um melhor rendimento na prática esportiva. Sabe-se também que muitas vezes elas são combinadas com álcool para evitar os seus efeitos sobre o sistema nervoso simpático.

Por outro lado, a Dra. Liane Schmidt e seus colegas publicaram um artigo na revista bioRxiv, no qual apresentaram um experimento. Neste estudo, um grupo de voluntários tomou bebidas energéticas e outro um refrigerante normal.

Ninguém sabia o que estava realmente bebendo, mas todos pensavam que eram bebidas energéticas. Então, eles receberam um teste para avaliar o seu desempenho cognitivo. Todos melhoraram, em comparação com um teste feito anteriormente. Em outras palavras, o efeito placebo também funcionou desta vez.

A ideia mais importante é que as bebidas estimulantes mudam a maneira como o nosso cérebro funciona. Este é um fato a considerar para racionalizar o seu consumo e evitar efeitos indesejáveis.


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  • Prada, D. B. (2005). Comentarios sobre las llamadas bebidas energizantes. Servicio de Toxicología del Sanatorio de Niños de Rosario. Argentina, 4 (53).

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