Agomelatina: um antidepressivo diferente

A agomelatina, também comercializada como Valdoxan, é indicada para o tratamento de episódios de depressão maior em adultos.
Agomelatina: um antidepressivo diferente

Última atualização: 30 maio, 2020

A agomelatina é um antidepressivo eficaz, com ótimas taxas de resposta e remissão. Apresenta um bom perfil de segurança e é bem tolerado. Sua novidade, e diferença em relação a outros antidepressivos, reside em sua influência no ritmo circadiano.

A agomelatina, também comercializada como Valdoxan, é um fármaco antidepressivo que faz parte do grupo dos psicoanalépticos.

De fato, é um análogo da melatonina, o hormônio que intervém no ciclo natural do sono. Esse hormônio é produzido pela glândula pineal e realiza diferentes funções no nosso organismo, especialmente a regulação do ciclo sono-vigília.

A agomelatina é considerada o primeiro fármaco de uma nova geração de antidepressivos, denominada MASSA, Melatonin Antagonist Selective Serotonin Antagonists.

Tratamento com agomelatina

Para que a agomelatina é utilizada?

A agomelatina, de acordo com sua ficha técnica, é indicada para o tratamento de episódios de depressão maior em adultos. Nesses pacientes, destaca-se seu impacto no sono, visto que melhora a qualidade de vida e diminui sua latência. Também melhora a estabilidade do sono na fase REM.

Isso se deve, como afirmamos anteriormente, à sua influência no ritmo circadiano. Recentemente, foram descobertas evidências entre a depressão maior e a dessincronização dos ritmos circadianos, embora ainda haja muito o que se estudar, já que os mecanismos internos do organismo são complexos.

A melatonina melhora o sono dos pacientes com depressão, mas, ainda assim, não tem efeito antidepressivo como tal, nem influencia o humor durante o dia. No entanto, agonistas da melatonina, como a agomelatina, com propriedades um pouco diferentes, se revelaram eficazes antidepressivos.

Portanto, a agomelatina é utilizada como antidepressivo no transtorno da depressão maior em adultos, com a vantagem de melhorar as alterações do ritmo sono-vigília desses pacientes sem provocar sedação diurna.

Mecanismos de ação da agomelatina

A agomelatina é um agonista melatoninérgico, tendo afinidade com os receptores MT1 e MT2 de melatonina. Ao mesmo tempo, é antagonista dos receptores 5-HT2C de serotonina. Também aumenta a liberação de dopamina e adrenalina, especificamente no córtex frontal.

Seus efeitos antidepressivos se dão especialmente devido à sua ação nos receptores melatoninérgicos e nos 5-HT2C. É curioso observar que tanto os receptores MT1 quanto os 5-HT2C oscilam de forma circadiana, regulados pela luz. Além disso, o antagonismo sobre o receptor 5-HT2C evita os efeitos inibitórios da luz sobre a síntese de melatonina, aumentando sua liberação.

Efeitos secundários

Vale destacar que, devido ao fato de não atuar sobre os receptores 5-HT1A, muscarínicos e histamínicos, a agomelatina não apresenta os efeitos secundários associados a eles, como, por exemplo, sedação, sobrepeso, boca seca, disfunção sexual, efeitos cardiovasculares, etc.

As reações adversas mais comuns no tratamento com agomelatina são cefaleia, náuseas e tonturas. Em geral, são de caráter leve e transitório. Além disso, costumam desaparecer nas duas primeiras semanas de tratamento. Outros efeitos secundários frequentes no tratamento com esse fármaco são:

  • Ansiedade.
  • Sonhos anormais.
  • Sonolência.
  • Insônia.
  • Diarreia.
  • Prisão de ventre.
  • Dor abdominal.
  • Dores nas costas.
  • Ganho de peso.
  • Cansaço.
Comprimido de agomelatina

Como podemos ver, muitos de seus efeitos secundários estão relacionados com o sono e com a influência da agomelatina no ritmo circadiano. Como afirmamos, costumam ser efeitos transitórios até que o corpo se adapte à medicação. Mesmo assim, é importante ter atenção.

Em todo caso, se forem detectados efeitos não desejados durante o tratamento com o fármaco, especialmente no início, é conveniente consultar um especialista. O tratamento antidepressivo não deve ser suspenso de forma brusca, nem sem indicação médica.

Para concluir, a agomelatina é um fármaco eficaz, inovador e promissor numa visão prospectiva. É preciso que continue sendo estudado para garantir sua eficácia em longo prazo e – por que não? – possibilitar seu uso em menores de idade no futuro.


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