Antidepressivos e álcool: como se relacionam?

A combinação de antidepressivos e álcool tem efeitos importantes em nosso organismo. Saiba como essas substâncias se relacionam a seguir.
Antidepressivos e álcool: como se relacionam?

Última atualização: 28 janeiro, 2021

Muitas vezes nos perguntamos como o consumo de álcool influencia o tratamento com determinados medicamentos. No caso da combinação entre antidepressivos e álcool, temos que ter em mente que são duas substâncias psicoativas que podem provocar graves efeitos em nosso organismo.

Sem dúvida, são duas substâncias que costumam ser misturadas na nossa sociedade. Não é raro encontrar pessoas com transtorno depressivo que consomem álcool, nem pessoas alcoólatras que sofrem de depressão.

É importante, portanto, conhecer os efeitos e as consequências dessa combinação. Aprenda mais sobre o assunto no artigo a seguir.

O que é o álcool e como ele age?

Quando falamos de álcool, estamos nos referindo ao álcool etílico ou etanol. O álcool é uma substância psicoativa que pode ser encontrada em bebidas alcoólicas, tais como o vinho, a cerveja, os licores e as bebidas espumantes.

O álcool atua em nosso organismo deprimindo o sistema nervoso central. Mais especificamente, ele inibe os receptores GABA-A do neurotransmissor GABA (ácido gamma-aminobutirico)

Efeitos do consumo de uma grande quantidade de álcool

Alguns efeitos do consumo de uma grande quantidade de álcool são:

  • Desinibição combinada com euforia.
  • Sonolência.
  • Enjoo.
  • Diminuição dos reflexos.
  • Lentificação dos movimentos.

O álcool age sobre os mesmos receptores que muitos medicamente psicotrópicos, de modo que seus efeitos são similares em alguns casos. Um exemplo desses medicamentos que podem agir de forma similar ao álcool são os benzodiazepínicos.

Antidepressivos e álcool

Em termos gerais, o consumo de álcool é contraindicado durante o tratamento com qualquer tipo de remédio. No caso dos medicamentos antidepressivos, os motivos são ainda mais sérios.

Como vimos, alguns antidepressivos agem utilizando o mesmo caminho neural – o mesmo mecanismo – que o álcool utiliza. Isso implica que a combinação de antidepressivos e álcool potencializa os efeitos individuais de cada uma dessas substâncias.

A consequência mais importante da combinação de ambas as substâncias é a profunda depressão do sistema nervoso central. Isso implica um aumento dos sintomas depressivos e também um aumento da desinibição e dos comportamentos violentos e incontroláveis.

Do mesmo modo, são potencializados alguns efeitos sedativos, como:

  • Diminuição do estado de alerta.
  • Aumento da sonolência.
  • Diminuição da coordenação e do controle dos movimentos.
  • Diminuição e lentificação das habilidades motoras.
  • Lentificação dos reflexos.
  • Diminuição da capacidade de memória.

Por outro lado, também ocorre uma potencialização dos efeitos psicotrópicos pela capacidade de alguns remédios antidepressivos, como os IMAOs, de inibir a metabolização do álcool no fígado.

Dessa forma, as reações de oxidação metabólica de substâncias como o álcool e outros remédios são inibidas e, como consequência, os efeitos sobre o sistema nervoso central são potencializados.

Outra consequência importante da combinação de antidepressivos e álcool é a potencialização dos seus efeitos colaterais. Um exemplo, entre muitos outros, são as alterações do sono.

Antidepressivos para o tratamento do alcoolismo

Antidepressivos para o tratamento do alcoolismo

O alcoolismo é uma patologia complexa na qual muitos fatores estão presentes. Como já mencionamos anteriormente, a condição tem uma relação estreita com a depressão. De fato, alguns sintomas do alcoolismo são tratados com psicofármacos como os ansiolíticos ou os antidepressivos.

Atualmente o uso de antidepressivos está sendo estudado até mesmo na fase de desabituação do tabaco. Alguns exemplos de remédios que são utilizados são a trazodona, a venlafaxina e a fluoxetina.

Os inibidores seletivos de recaptação de serotonina, ISRS, demonstraram ser eficazes para os sintomas de síndrome de abstinência do álcool, bem como para reduzir o comportamento de desejar incontrolavelmente a substância.

Por outro lado, os antidepressivos também são úteis quando, durante o tratamento do alcoolismo, ocorrem episódios depressivos graves. De fato, existem muitos casos de pacientes com depressão e dependência de álcool ao mesmo tempo. O tratamento desses pacientes representa um grande desafio.

Em conclusão, a combinação de antidepressivos e álcool tem efeitos importantes sobre o nosso organismo. Devemos conhecer suas consequências e evitar as complicações que podem derivar do seu uso conjunto.

Durante um tratamento farmacológico, é fundamental seguir as diretrizes do especialista e esclarecer as dúvidas que podemos ter.


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