Albert Ellis: biografia do criador da terapia racional emotiva comportamental

Albert Ellis foi um dos psicólogos mais influentes do século XX. Neste artigo, explicamos os pontos mais importantes de sua vida, aqueles nos quais se baseiam, em grande parte, as suas contribuições.
Albert Ellis: biografia do criador da terapia racional emotiva comportamental
Montse Armero

Escrito e verificado por a psicóloga Montse Armero.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Albert Ellis entrará para a história como um dos psicoterapeutas mais importantes de todos os tempos. Ele foi o criador da terapia racional emotiva comportamental, um tipo de terapia revolucionária para a época e amplamente aplicada hoje em dia.

Ellis contribuiu significativamente para a visibilidade e popularização da psicologia. Ao longo de sua carreira, escreveu mais de 800 artigos científicos e 80 livros, muitos dos quais são obras de referência em seu setor.

Além disso, o seu trabalho não abrange apenas a sua terapia mais conhecida. Albert Ellis era um homem profundamente interessado no comportamento humano e investigava temas tão variados quanto sociedade, sexualidade, depressão, ansiedade ou como alcançar a felicidade a partir de sua abordagem psicológica. Neste artigo, queremos mostrar alguns dos eventos mais marcantes de sua vida.

Uma infância difícil

Albert Ellis nasceu em 27 de setembro de 1913 na cidade de Pittsburgh, embora tenha crescido e vivido o restante de sua vida em Nova York. Ele era o mais velho de três irmãos, pelos quais muitas vezes teve que ser responsável.

Em diversas ocasiões, Ellis descreveu seus pais como pessoas ausentes. Seu pai era um empresário que passava muito tempo fora de casa. Enquanto isso, sua mãe era uma mulher distante com mudanças de humor muito acentuadas. De acordo com o próprio Ellis, ela sofria de transtorno bipolar. Seus pais se divorciaram quando ele tinha onze anos, mas, de acordo com suas próprias palavras, para ele esse não foi um evento traumático.

Ele era uma criança com uma saúde particularmente frágil e que passava muito tempo em hospitais. Seus pais raramente o visitavam e, embora fosse difícil no começo, Ellis usou a sua racionalidade para aprender a aceitar o que não podia mudar. De alguma forma, suas primeiras experiências o levariam a desenvolver posteriormente uma das mais conhecidas terapias psicológicas.

mente com mecanismos

A juventude de Albert Ellis

Albert se definia como um menino reservado, marcado por dois medos fundamentais: falar em público e conversar com mulheres com quem pudesse namorar. Porém, longe de ceder aos seus medos, Ellis passou a pesquisar como superar suas fobias. Elas não desapareceram da noite para o dia, mas ele se empenhou tanto que finalmente conseguiu superá-las por meio da exposição aos seus piores medos.

Ele se casou quatro vezes e teve um total de 53 histórias de amor, de acordo com os seus próprios cálculos, além de ter se tornado um grande orador.

Por outro lado, a Grande Depressão afetou grande parte das famílias americanas, e tanto Albert quanto seus irmãos tiveram que trabalhar para ajudar financeiramente em casa. Apesar disso, ele conseguiu estudar e se formou em Administração de Empresas em 1934.

Naquela época, Ellis já demonstrava interesse por filosofia e psicologia, e escreveu um grande número de histórias, livros e artigos sobre amor, sexo, casamento e felicidade. Nenhum deles foi publicado. No entanto, Albert Ellis já havia escolhido o seu caminho e começado a percorrê-lo. Assim, em 1942, ele se matriculou na Universidade de Columbia para se formar em psicologia clínica.

Os primórdios de Albert Ellis como psicoterapeuta

Uma vez que se formou, Ellis completou seu doutorado e tentou trabalhar como professor de psicologia, embora sem sucesso. Apenas vários anos depois é que ele foi contatado para lecionar na Universidade de Nova York e na Universidade Rutgers. Naquela época, ele também se tornou o chefe de psicologia clínica no New Jersey Diagnostic Center.

Durante os primeiros anos como psicólogo, Albert Ellis atuou como psicanalista, a orientação predominante na época. No entanto, ele não se sentia confortável com esse tipo de terapia e relatou que, em muitas ocasiões, seus pacientes pioravam.

Ellis então começou a investigar outros tipos de tratamento e, em 1955, formulou a primeira versão de sua terapia. Ele a chamou de terapia racional. Em 1956, a apresentou à Associação Americana de Psicologia, mas foi fortemente criticado porque ela se baseava em crenças. A sociedade ainda não estava pronta para a sua nova abordagem.

A consagração de Albert Ellis: terapia racional emotiva comportamental

Pouco tempo depois, em 1959, Ellis fundou o Albert Ellis Institute, ao qual se dedicou durante o resto de sua vida. Lá, milhares de terapeutas foram treinados a fim de aprender o seu modelo de psicoterapia. Além disso, o centro também conta com 15 institutos associados nos cinco continentes.

Graças ao seu instituto, Albert Ellis conseguiu popularizar a sua terapia por meio de conferências e oficinas, além de também fazer inúmeras colaborações no rádio e na televisão. A terapia racional de Ellis foi renomeada como terapia racional emotiva em 1961 e, mais adiante, em 1993, tornou-se o que conhecemos atualmente como terapia racional emotiva comportamental. Vejamos em que consiste.

De acordo com Ellis, qualquer terapia psicológica se baseia de forma direta ou indireta em princípios filosóficos. No seu caso, uma de suas maiores influências foi Epicteto e sua máxima “o que perturba os homens não são as coisas, e sim as opiniões que eles têm em relação às coisas”. Ou seja, é a própria pessoa que cria suas próprias perturbações, independentemente de um evento externo.

Além disso, o que também alimenta essas perturbações é o sistema de crenças da pessoa. Mas isso, longe de ser negativo, é uma oportunidade para a mudança. Afinal, se a pessoa modificar os seus pensamentos e, como consequência, o seu comportamento, ela poderá enfrentar os problemas de forma muito mais racional e eficaz (Ellis, A. et al., citado em Chávez, A.L., 2015).

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Seus últimos anos de vida

Albert Ellis atuou como psicoterapeuta até o fim de seus dias. No entanto, o caminho não foi livre de dificuldades. Um dos acontecimentos mais difíceis que enfrentou foi quando, aos 92 anos, ele foi expulso da diretoria de seu próprio instituto. De acordo com os outros membros, tanto suas despesas médicas excessivas quanto a sua forma excêntrica e conflituosa de ser colocavam em risco a continuidade do centro.

Apesar disso, Ellis alugou um espaço próximo ao seu centro e continuou ministrando oficinas. Finalmente, a Suprema Corte de Nova York decidiu a seu favor em 2006 e autorizou a sua reinserção na Diretoria.

Adoeceu então com pneumonia e teve que ficar internado durante 14 meses, período ao longo do qual continuou ministrando oficinas, escrevendo e dando entrevistas. Finalmente, faleceu em casa de insuficiência cardíaca e renal em 24 de julho de 2007.

O legado de Albert Ellis

Obteve grande reconhecimento como profissional, principalmente durante a segunda metade de sua vida. Sem dúvida, propor um modelo totalmente oposto ao aceito por seus pares nem sempre é algo bem recebido ou compreendido no início.

Entretanto, Ellis foi corajoso o suficiente para apresentar uma teoria diferente. Graças a ela, a psicologia avançou, pois considera-se que a terapia racional emotiva comportamental contribuiu para o desenvolvimento da teoria cognitivo-comportamental de maneira muito significativa.

Além disso, ele também colaborou com um bom número de terapeutas ao realizar pesquisas e compartilhar suas reflexões. Trabalhou também como editor e consultor de diversas revistas científicas. Assim, Albert Ellis deixou uma marca importante no mundo acadêmico, acompanhada por um não menos valioso trabalho de divulgação.


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