Alimentação consciente: melhore a sua relação com a comida
Muitas pessoas enfrentam o eterno dilema de decidir entre fazer dieta ou se deixar levar. A alimentação consciente nos ajuda a lidar com isso e a melhorar a nossa relação com a comida.
Em muitos casos, uma dieta desequilibrada é o resultado de uma vida muito ocupada que se prolonga nos períodos de descanso. Muitas vezes perdemos completamente o senso de relação com a nossa alimentação e o nosso corpo.
Percebemos isso quando surgem problemas de sobrepeso ou sensação de mal-estar depois das refeições.
É então que nos questionamos sobre parar de comer certos alimentos e começar uma dieta para perder alguns quilos. Aparecem a culpa e as reprovações internas pelos alimentos que comemos… e por aqueles que deixamos de comer.
A alimentação consciente não se refere apenas ao que comemos, mas também à forma como comemos. Pouco adianta trocar o tipo de alimento se o ingerimos de forma muito rápida, sem mastigar o suficiente e sem permitir que nossos sentidos desfrutem do momento e da experiência de comer.
Comer além da conta
Nosso cérebro precisa de aproximadamente 20 minutos para receber e analisar os sinais de saciedade que o estômago envia. Quando comemos muito rápido, é provável que acabemos comendo mais do que o necessário.
Mastigar e engolir não é comer de forma consciente. O ato de comer está sempre acompanhado de estados emocionais. Quando comemos de forma consciente, o estado emocional é de satisfação.
No entanto, quando comemos de forma inconsciente, o estado emocional desenvolvido costuma ser de incômodo, sensação de estômago muito cheio e letargia.
Um estudo realizado por Langer, Warheit e Zimmerman indicou que, depois de cada refeição, 44% das pessoas achavam que tinham um problema de sobrepeso. Mais de 45% se sentiam culpados depois de comer.
As quatro perguntas
Para começar a adotar a alimentação consciente em nossas vidas, vamos trabalhar a atenção e criar uma continuidade de consciência. Quanto mais consciência da nossa relação com a comida tivermos, mais possibilidades teremos de melhorar nesse sentido.
É preciso ter consciência do que você quer e deve comer antes, durante e depois do processo de alimentação. Para isso, faça quatro simples perguntas.
- A minha satisfação com a forma como me relaciono com a comida é alta ou baixa?
- O nível de prazer proporcionado pela comida durante o processo de alimentação é alto ou baixo?
- Consumo porções normais de comida ou costumo escolher uma porção maior do que o normal?
- Quando termino de comer me sinto feliz ou incomodado?
Quando exercitamos a nossa atenção ao responder a estas perguntas, começamos o processo de uma alimentação consciente. Comprometer a consciência e a atenção é dar abertura para uma alimentação mais saudável.
Por outro lado, quando a nossa consciência e a nossa atenção se distraem, perdemos o controle sobre o que comemos. Há uma exceção, que é quando planejamos exatamente o que vamos comer e também quanto vamos comer.
A fome emocional
Nossa forma de comer é muito influenciada pelo nosso entorno sociocultural, mas também é influenciada de maneira muito íntima pelas nossas emoções. A forma como desenvolvemos a capacidade de regular nossas emoções pode nos ajudar muito a regular o hábito da alimentação consciente.
Comemos emocionalmente quando não somos capazes de diferenciar as emoções, tanto agradáveis quanto desagradáveis, da sensação real de fome.
Além disso, a baixa tolerância ao mal-estar emocional impulsiona as pessoas a comer injustificadamente e de forma inconsciente, o que é conhecido popularmente como “assaltar a geladeira”.
A comida como recurso de enfrentamento para lidar com as emoções é um caminho incorreto e completamente afastado da alimentação consciente. A comida não é um alívio nem um entretenimento, muito menos um ansiolítico ou depressivo.
Esta forma de utilizar a comida não é nada além de um caminho rápido que o cérebro utiliza para obter uma diminuição de algum tipo de angústia vital. O problema é que são atitudes que acabam se transformando em hábitos.
Desenvolver consciência, desenvolver uma alimentação consciente
A prática regular da auto-observação ajuda a lidar melhor com as nossas habilidades de alimentação consciente. Também é uma forma de evitar a autossabotagem. A solução passa por construir novos hábitos alimentares baseados na consciência.
É fundamental começar a se perguntar se a fome que sentimos é uma fome física ou simplesmente fome emocional. Devemos começar a identificar as nossas emoções e a lidar com elas adequadamente.
Precisamos exercitar o hábito de comer nos momentos certos e não comer fora de hora com justificativas de qualquer tipo. Devemos fazer um aumento consciente de outras atividades prazerosas que não estejam relacionadas com a comida.
A alimentação consciente é uma habilidade que pode ser adquirida e treinada. Quando paramos de comer emocionalmente e começamos a comer de forma consciente, também passamos a nos sentir melhor porque estamos nos cuidando; percebemos que temos controle sobre o que comemos e, portanto, controle sobre o nosso corpo.
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