Amitriptilina (Tryptizol): o que é e para que é utilizada?
A amitriptilina é um antidepressivo tricíclico e um analgésico. Foi descoberta em 1960 e também é comercializada como Tryptizol ou Deprelio. Está na lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial de Saúde (OMS) pela sua eficácia e segurança.
Ao contrário de outros antidepressivos tricíclicos, a amitriptilina tem eficácia semelhante aos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS). Por isso, é um dos antidepressivos mais usados de seu grupo.
Em que casos a amitriptilina pode ser útil?
A amitriptilina está aprovada e indicada para o tratamento e prevenção de vários distúrbios diferentes:
- Tratamento do transtorno depressivo maior em adultos.
- Tratamento da dor neuropática em adultos. Por exemplo, em casos de fibromialgia ou neuralgia pós-herpética.
- Profilaxia da cefaleia do tipo tensional crônica em adultos.
- Profilaxia da enxaqueca em adultos.
- Tratamento de enurese noturna em crianças a partir dos 6 anos. Somente quando nenhum outro tratamento funcionou e não há causa patológica.
Às vezes, também é usada para tratar alguns distúrbios alimentares. Por último, em alguns casos, ajuda a combater os soluços persistentes.
Assim como acontece com a maioria dos medicamentos psicotrópicos, recomenda-se iniciar o tratamento com doses baixas.
Com o tempo, a dose pode ser aumentada progressivamente dependendo da tolerância da resposta clínica do paciente. O fim do uso da medicação deve ser feito da mesma maneira: diminuindo a dose gradualmente.
Normalmente é administrada por via oral, em quatro doses diárias. Recomenda-se que estas sejam sempre nos mesmos horários, além de seguir sempre as indicações que o especialista considera adequadas para cada caso.
Mecanismo de ação
Como um antidepressivo tricíclico, seu mecanismo de ação é a inibição da recaptação de noradrenalina e serotonina nas terminações nervosas. Isso aumenta a ação desses neurotransmissores no cérebro e melhora os estados depressivos.
A amitriptilina também bloqueia os canais iônicos de sódio, potássio e NMDA (N-metil-D-aspartato). Isso explica seu efeito na dor neuropática e na prevenção da cefaleia tensional crônica e da enxaqueca.
Tem alta afinidade pelos receptores alfa-adrenérgicos, muscarínicos M1 e histamina H1. É mais sedativa e tem mais propriedades anticolinérgicas do que outros antidepressivos tricíclicos.
Sua ação terapêutica antidepressiva e analgésica leva entre duas e quatro semanas para se estabelecer. No entanto, sua ação sedativa é bastante rápida e intensa. Os efeitos adversos podem começar a se manifestar a partir da primeira dose.
A amitriptilina é muito bem absorvida pelo trato digestivo. Após a sua administração, a nortriptilina é metabolizada. Este é um metabólito ativo que também tem ação antidepressiva. É um inibidor mais potente da recaptação de noradrenalina do que da recaptação de serotonina.
Efeitos colaterais
A amitriptilina pode provocar efeitos adversos semelhantes a outros antidepressivos tricíclicos. No entanto, os sintomas anticolinérgicos são os mais notáveis. Alguns dos efeitos colaterais são:
- Sonolência.
- Tremores.
- Tontura.
- Dor de cabeça.
- Letargia.
- Distúrbio de fala.
- Palpitações.
- Taquicardia.
- Hipotensão ortostática.
- Hiperidrose (produção excessiva de suor).
- Ganhoo de peso.
- Alterações da acomodação ocular.
Com doses elevadas, é provável que ocorram arritmias cardíacas e hipotensão grave. No entanto, estas também podem ocorrer com doses normais em pacientes com alguma doença cardíaca.
Portanto, o uso de amitriptilina é contraindicado em pacientes com qualquer tipo de problema cardíaco. Alguns exemplos são bloqueio cardíaco, distúrbios do ritmo cardíaco ou insuficiência das artérias coronárias.
É totalmente contraindicado o uso combinado com antidepressivos do tipo IMAOs – inibidores da monoamina oxidase – pois pode provocar uma síndrome serotoninérgica. No entanto, muitos outros fármacos também interferem no metabolismo e na ação da amitriptilina.
Assim como no tratamento com qualquer medicamento, é preciso tomar certas precauções e seguir as indicações do especialista. A tolerância e a resposta clínica variam em cada paciente, e é necessário ajustar as doses de acordo com estas.
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