7 características da ansiedade existencial

Todos nós passamos por momentos em que sentimos que não há muito ao nosso redor que faça sentido, incluindo a nossa existência. A ansiedade existencial aparece em períodos de crise.
7 características da ansiedade existencial
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 02 dezembro, 2021

“Qual é o sentido de tudo isso que estamos vivenciando? Todos os esforços que estou fazendo vão me ajudar? Por que me sinto tão só e perdido ultimamente?” A ansiedade existencial é acompanhada por uma série de questões complexas e profundas que filósofos como Søren Kierkegaard levantaram na sua época.

Elas definem um conjunto de sentimentos e desconfortos sobre a vida em termos gerais, com os quais não sabemos como lidar. Esta realidade psicológica é cada vez mais comum. Em períodos de crise global, o ser humano questiona a sua posição no mundo e o seu significado.

Trata-se de um descontentamento aliado a uma visão crítica das coisas em que também se integra um certo sentimento de angústia. De alguma forma, somos conduzidos a um período de reflexão e também de conflito interno a partir do qual – e no melhor dos casos – tomamos novas decisões e mudamos algumas perspectivas.

No entanto, esta claramente não é uma experiência fácil de lidar.

“Às vezes, tem-se a angústia, o desespero de não saber o que fazer da vida, de não ter um plano, de se sentir perdido…”
-Pío Baroja-

Homem pensando na ansiedade existencial

Quais são as características da ansiedade existencial?

Søren Kierkegaard disse que é comum, e até necessário, permitir-nos ser apanhados de vez em quando pela ansiedade existencial. É uma forma de nos conscientizarmos de que somos mortais e, assim, traçar novos propósitos vitais.

A equação parece fácil, mas a prática certamente é complicada. Porque nos estados de ansiedade, se há algo difícil, é conseguir pensar com clareza e tomar decisões.

Os pensamentos se tornam irracionais, repetitivos e prejudiciais. Da mesma forma, os sintomas físicos incluem taquicardia, dores musculares, dores de cabeça, distúrbios do sono, ataques de pânico… Assim, embora a filosofia tenha aprofundado este conceito, a psicologia traça uma visão mais realista quando leva em conta o ponto de vista clínico.

As características da ansiedade existencial são nutridas por um estado de angústia temporária do ser humano. Trabalhos de pesquisa, como os realizados no Instituto de Logoterapia de Viena, por exemplo, apontam para algo importante. Por trás dessa condição existe medo, angústia e uma sensação de ameaça. A pessoa deixa de se sentir segura e duvida das estruturas sociais que antes eram importantes para ela.

Se essas percepções e estados psicológicos não forem tratados de forma adequada, existe o risco de levarem à depressão. É fundamental, portanto, saber como esse tipo de ansiedade se manifesta.

1. Sensação de esforço excessivo e inutilidade

Uma das características da ansiedade existencial é o esgotamento físico e psicológico. A pessoa pensa que está investindo tempo e esforço em coisas que não valem a pena. Ela está no limite das suas forças: de que adianta sofrer tanto por esse trabalho? Para onde todo esse cansaço e todos os recursos que investi vão me levar? Tudo isso que estou fazendo vai me ajudar?

2. Emoções de valência negativa, como angústia, inquietação e arrependimento

Algo recorrente nesses contextos de angústia existencial é se sentir aprisionado por uma angústia constante. A pessoa questiona tudo que ela fez e o que a rodeia. Desconfia do presente e do futuro, e essa desconfiança faz o “chão” oscilar sob seus pés.

Ela se arrepende de muitas coisas que fez e, por sua vez, mantém um estado constante de mal-estar. É uma mistura de nervosismo com uma sensação de ameaça persistente.

3. Perda de significado na vida

Esse tipo de ansiedade está associado à perda do senso de autenticidade. Nada é o que se pensava originalmente. A percepção de que a sociedade é falível é reforçada.

Essa visão, esse sentimento é vivido com raiva e decepção. A pessoa até se sente mal consigo mesma por ter depositado sua confiança nessas estruturas sociais.

Poucas coisas podem ser mais perigosas para o equilíbrio psicológico do que a percepção de que a vida perdeu o sentido. Perceber que nada é como se pensava e que a sociedade falhou coloca a pessoa em um estado de ansiedade que pode, posteriormente, desenvolver um transtorno depressivo.

4. A sensação de isolamento presente na ansiedade existencial

Uma das características da ansiedade existencial é a sensação de que ninguém entende o que estamos passando. É como se a realidade e o barulho do mundo estivessem de um lado e a mente do outro.

Os sentimentos de solidão e isolamento são comuns, realidade que atrapalha o desejo de interação social. Forma-se, assim, um círculo negativo que se auto-alimenta.

5. Uma mente que questiona quase tudo

A mente é uma fábrica de pensamentos incapacitantes durante os estados de ansiedade. Assim, ao passar por períodos de crise e transição, o ser humano costuma questionar boa parte das coisas que o cercam. O olhar crítico torna-se voraz; deturpa e questiona tudo.

Até mesmo suas próprias crenças e a sua fé são questionadas. Isso faz com que, aos poucos, o sentimento de desconfiança cresça ainda mais.

Homem com dor de cabeça

6. Sensação de irrealidade ou despersonalização

Este é um fenômeno muito comum. Outra característica da ansiedade existencial é a sensação de estar separado da realidade. É como estar no topo de uma montanha observando os movimentos de um mundo que não se compreende muito bem. A pessoa sente que não faz parte desse cenário, que o que ali percebe não parece ser inteiramente autêntico.

7. Ataques de pânico, outra característica da ansiedade existencial

A sensação contínua de que nada faz sentido, de que tudo está além do controle da pessoa, faz com que os ataques de pânico apareçam mais cedo ou mais tarde.

A angústia que se acumula dia após dia acaba se manifestando naqueles episódios incapacitantes e surpreendentes que tendem a reforçar ainda mais o sentimento de medo e insegurança.

Para concluir, é importante ressaltar que essas experiências são comuns em tempos de mudança, principalmente quando entramos em novas fases da vida.

Nessas circunstâncias, é fundamental conseguir buscar apoio. As habilidades de enfrentamento podem nos permitir sair mais fortes dessa situação, ganhando recursos para enfrentar a nova fase com mais eficácia.


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