Aprenda a se redescobrir e curar sua criança interior

Aprenda a se redescobrir e curar sua criança interior
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

Crescer e se tornar adulto não tem a ver apenas com acumular anos de vida, ver uma ruga no rosto ou obter coisas. Na verdade, crescer é saber amadurecer com o tempo, preservando todas as coisas boas de cada etapa vivida, de cada ciclo da nossa existência.

No entanto, nem sempre é fácil amadurecer com harmonia e felicidade. Às vezes, nosso eu adulto se sente frustrado e cheio de conflitos não resolvidos que nos aprisionam e nos sufocam; que nos tornam criaturas taciturnas que perderam o entusiasmo cotidiano pelas coisas, por aqueles ao nosso redor e o pior de tudo: por nós mesmos.

Ao falar da nossa “criança interior”, é possível que muitas pessoas comecem a rir, que não entendam o seu significado. Às vezes, a infância é associada a esse período de “inocência cega” em que ainda não compreendemos muito bem o que é esse tal mundo, ou essa entidade chamada de vida. Por isso, permite-se às crianças um certo toque de loucura, de espontaneidade, porque elas simplesmente “ainda não sabem”.

No entanto, é possível que elas saibam muito mais do que nós, que tenham valores que já perdemos. Diz-se também que todos nós continuamos a ter a nossa criança interior bem escondida, mas que, mesmo assim, é ela que ainda nos permite, na verdade, um certo equilíbrio entre a parte racional e a outra parte mais livre, mais pura e mais entusiasmada, que continua a pedir amor.

A voz da nossa criança interior

Acreditemos ou não, a nossa criança interior não foi embora para dar lugar ao adulto sério que você é agora. Ela ainda reside em você, embora na maioria das vezes permaneça oculta e reprimida porque não podemos nos permitir que saia para ser o que era, o que representa.

A criança interior exige aspectos que nem sempre sabemos escutar:

-Ela pede que você não dê tanta importância às coisas, que relativize os problemas, que tire essa carapaça de tristeza e vista um rosto alegre, capaz de passear livremente.

-Sua criança interior pede que você a ame, que cuide dela. Ela pede amor e que, por sua vez, você também seja capaz de oferecer amor. Ela quer ser abraçada, mimada, cuidada e se tornar o ponto focal da sua vida. Isso soa familiar? Trata-se da autoestima.

-Às vezes, ela também pede para você não ser tão exigente consigo mesmo. Ela pede para você relaxar e prestar atenção nas coisas simples ao seu redor, para valorizar o básico, as alegrias. Ela pede para você brincar e experimentar. Acima de tudo, ela clama que você não perca o entusiasmo pela vida e por si mesmo. Ela quer que você seja espontâneo e “se jogue”.

No entanto, há também um outro aspecto vital que não podemos ignorar. É possível que a sua infância não tenha sido exatamente feliz, que você guarde muitas feridas, vazios e arrependimentos dentro de você e que, na verdade, você nunca tenha sido uma criança de verdade.

Talvez as circunstâncias possam ter te forçado a crescer violentamente, sem “desfrutar” das dimensões que nutrem toda criatura: o amor, o reconhecimento, o vínculo emocional do afeto, o apoio…

Tudo isso nos faz crescer com inseguranças, com desconfianças e com esses medos que são transmitidos por aquela criança que jamais pudemos ser, essa figura ferida que continua escondida dentro de nós. Mas o que será que podemos fazer nesses casos? Vamos explicar a seguir.

criança interior

Reencontrar e curar essa criança

Geralmente se diz que quem vive da criatividade ou da arte, que sabe viver com o mínimo e que entende o valor de sorrir sem nenhum motivo nunca rompeu os laços com a sua criança interior.

É possível que às vezes estas pessoas sejam rotuladas como loucas por causa da sua espontaneidade ou por causa da sua excentricidade. Porém, ainda que possamos não acreditar, manter esse cordão umbilical ainda preso a essa criança interior saudável e feliz pode, sem dúvida, ser uma experiência enriquecedora, capaz de curar muitas feridas emocionais. E também de fortalecer a nossa autoestima.

Como podemos reencontrar e curar essa “criança interior”? Tome nota.

1. Visualize-se como uma criança. Pegue uma foto se assim precisar. Este é um exercício simples com o qual buscamos fazer você refletir; um ato de introspecção em direção à sua essência do passado onde ainda se esconde a criança que você foi.

2. Pense nessa imagem. Traga de volta qualquer momento na sua memória quando você tinha 7 ou 8 anos de idade. O que você vê? Essa criança é uma criatura despreocupada, um pouco barulhenta e sem papas na língua? Pergunte a si mesmo se você ainda é a mesma pessoa. Você vê uma criança que gosta de abraçar os pais? Mantenha esse amor.

Talvez você observe uma tristeza do passado, uma ferida dolorosa? Então aceite e perdoe, pois você se sentirá mais livre. Você deve levar calma a essa memória, um equilíbrio onde não haja ressentimentos e que te permita viver em paz.

3. Continue com a sua visualização pessoal e agora estabeleça um diálogo com essa criança. Com esse eu infantil. Você deve estabelecer uma forte união com essa criança. Pergunte do que ela precisa agora para ser feliz novamente. Então, preste atenção nas suas palavras, nos seus pedidos.

Você deve convencê-la de que vai atendê-la melhor a partir de agora; que vai amá-la mais, que vai cuidar dela, que juntos vão seguir adiante com novas esperanças, relativizando problemas, rindo, sendo mais puros e sem reprimir essas necessidades tão básicas.

Finalmente, segure-a bem forte pela mão e não a perca novamente.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.