Como aprender a discordar com elegância e eficácia
Aprender a discordar é uma arte muito útil. Dessa forma, evitaremos cair na simples discussão e poderemos controlar efetivamente o nosso interlocutor para evitar conflitos e definir a nossa posição com elegância sem acabar na ofensa ou no insulto. Estamos sem dúvida diante de uma ótima ferramenta baseada na discordância inteligente que todos nós deveríamos saber como aplicar no nosso dia a dia.
Precisamos admitir, se há algo que muitos de nós não sabemos como fazer, é discordar. Além disso, até hoje ainda há muitas pessoas que confundem os termos e pensam que essa palavra, na realidade, é sinônimo de discussão. É um erro e, portanto, devemos esclarecer essa ideia equivocada: discordar é não estar de acordo com uma ideia ou uma opinião, e isso não precisa representar um delito ou uma ameaça para ninguém.
“É melhor discutir um problema sem resolvê-lo, do que resolver um problema sem discuti-lo”.
– Joseph Joubert –
Além disso, outro elemento a considerar é que discordar em algum aspecto define a nossa individualidade, a capacidade de termos a nossa própria opinião, não apenas para defendê-la, mas para argumentar de forma inteligente enriquecendo o processo comunicativo e a própria relação.
No nosso dia a dia, não concordar com algo supõe criar uma divisão de opiniões onde duas pessoas acreditam ter a verdade absoluta. Aos poucos, surgem os comentários desprovidos de argumentos válidos e, de repente, se inicia uma disputa onde ninguém ganha e todos perdem. Vemos isso todos os dias nas redes sociais e no cenário político.
Portanto, é aconselhável aprender a discordar com elegância e eficácia para evitar essas situações sem sentido. Citaremos aqui 4 estratégias para aprendermos a discordar sem discutir.
1. Aprender a discordar: a arte de ter uma mente tranquila
As pessoas que sabem discordar com grande habilidade conhecem um segredo muito simples: para discordar de forma efetiva é preciso ter uma mente tranquila. É preciso ouvir o interlocutor com atenção e entender que nada que ele diz deve ser levado para o lado pessoal.
No momento em que supomos que o que está sendo dito é uma ameaça, a discussão começa e tudo está perdido. Ou seja, se a pessoa na minha frente me diz que a cor mais bonita do mundo é o verde, não tenho que pensar que ele está me desprezando porque eu gosto da cor amarela.
Portanto, é preciso manter a mente aberta e relaxada, e não levar os argumentos do outro para o nível emocional, entendendo que discordar não é ameaçar ou subestimar a opinião do outro.
2. Discordar é um exercício muito benéfico
No nosso dia a dia, encontramos frequentemente pessoas acostumadas a ver o mundo a partir do seu próprio ponto de vista que não aceitam opiniões contrárias. Dialogar com elas pode ser uma tarefa impossível, e por isso muitas vezes, por cansaço ou para não perdemos mais tempo, acreditamos que é melhor silenciar e concordar do que dizer naturalmente um “eu não concordo com isso”.
Não se engane, aprender a discordar nos permitirá várias coisas. A primeira é reafirmar a nossa identidade, a autoestima e as opiniões. A segunda é ser muito mais sociável, enriquecer os nossos relacionamentos e ser sempre coerente com o que sentimos, dizemos e fazemos.
Na verdade, no mundo das empresas e do trabalho, podemos dizer que se houver 10 pessoas em uma reunião e todos concordam, provavelmente nesse grupo sobram 9. Ou seja, o “chefe” não precisa ter sempre razão. Discordar gera novos pontos de vista, gera riqueza de ideias, gera capital humano…
3. Cuidado com o tom de voz e as palavras
Muitas vezes, quando falamos com alguém e optamos por discordar de algum fato, conceito ou ideia, o nosso tom de voz muda e elevamos a voz. Nesse momento, deixarão de importar os nossos argumentos porque esse tom de voz ameaçador dará origem à discussão e nos levará a um momento de tensão.
Para evitar isso, é melhor trabalhar a nossa regulação emocional. Você precisa entender que discordar de algo não deve ser considerado com uma ofensa. Vamos cuidar dessa emocionalidade e regular o tom da nossa voz.
“Não é porque você fez uma pessoa se calar que a convenceu”.
– Joseph Morley –
4. A hipótese de Paul Graham
Paul Graham é um programador e ensaísta britânico que ganhou fama considerável após um trabalho publicado em 2008 intitulado “Como discordar”. Nele, ele explicava que, para aprender a discordar, devemos entender que existem certos níveis mais proveitosos e outros níveis onde esse diálogo pode levar ao insulto e às queixas.
Portanto, para ser eficaz e discutir com elegância, devemos permanecer nessa cúpula, nessa excelência argumentativa que podemos aprender ao longo do tempo. Esta seria a hierarquia da discordância:
Como vemos neste gráfico, as áreas em que devemos nos concentrar para sermos eficientes no tratamento das divergências são as 4 primeiras. A partir da quinta, a discussão termina em ataques, críticas e ofensas.
Portanto, seria ideal que, em cada uma das nossas conversas, quando discordássemos dos nossos interlocutores, agíssemos dessa forma:
- Utilize argumentos construtivos e úteis sobre o ponto central onde surge a divergência.
- Faça com que a outra pessoa entenda com argumentos e razões contrastadas por que ele não está certo ou por que o que ele defende não nos parece válido. Você precisa saber contra-argumentar com agilidade e solvência.
- Faça a outra pessoa entender que o que ela pensa ou defende não possui evidências concretas e confiáveis (muito útil quando, por exemplo, alguém nos diz “porque isso é verdade ou porque todos acreditam que é assim”).
Para concluir, falta apenas um detalhe: todos nós sabemos que aprender a discordar nem sempre é fácil. Muitas vezes levamos essa questão para o terreno emocional e perdemos o controle. É preciso compreender que a discordância não é uma ofensa, e que na realidade, é uma ótima oportunidade para fechar acordos, aprender com os outros e alcançar grandes conquistas.